ÚNICO

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Oi, gente!
Primeiramente, COMO SEMPRE, eu preciso ressaltar que eu não escrevo e essas coisas aleatorias que eu posto são delírios. Esse veio com vinho e horas no tiktok até a tradução de When Love Arrives (da Sarah Kay e Phil Kaye, indico procurarem!) aparecer na minha fy. Não tem linha do tempo certinha, só um amontoado de pensamentos lúdicos sobre o que (ou quem) é o amor e como ele chegou para cada uma delas.

eu dedico esse absurdo aqui pra Maju!

ps: eu não revisei nada








Ana Carolina não sabia o que era amor. Ninguém nunca o havia apresentado a ela. Ela não sabia como ele se parecia ou como ele cheirava. Para ela, amor era uma daquelas lendas que a gente escuta falar, mas nunca vê para comprovar a existência. O amor era como uma fábula infantil, só que dessa vez, feita para adultos. Uma mentira criada e contada através dos anos e séculos, para que as pessoas vivessem em função da esperança de um dia encontrá-lo, assim não focariam na realidade dura que viviam.


"O amor pode estar à próxima esquina!" Diziam. Mas qual esquina? Quantas esquinas seria preciso virar para esbarrar no amor? "O amor te achará quando você menos esperar!" Que ironia! Carol achava muito conveniente para o amor exigir que estivéssemos todos distraídos virando esquinas para só assim, se mostrar. Era ridículo.


E mesmo assim, ela perdeu as contas de quantas esquinas propositalmente virou -e deu com a cara na parede-  e quantas vezes andou por aí distraída, fingindo estar distraída, ignorando sinais, pedindo para que o universo colocasse o amor bem na sua frente pelo menos uma vez... tudo isso para de novo, dar com a cara na parede. Todas eram ruas sem saídas. Uma seguida da outra.
Como boa cientista, deu-se por satisfeita ao comprovar sua triste tese, o amor era uma mentira.


Bem, era isso que ela imaginava.
Acreditou e viveu essa sentença por bastante tempo, até que um dia tudo mudou.
Não foi virando uma esquina distraída que Carolina encontrou o amor. Pelo contrário! O amor não estava na rua, estava em casa! A esperando sentada no tapete de pernas cruzadas igual índio. O amor era bem familiar.
Ele estava ali o tempo inteiro? Como ela demorou tanto para perceber?


A noite em que Carolina se viu cara a cara com o amor foi engraçada. Perguntas desmoronavam para que respostas tomassem o seu lugar. Ela se deu conta de que havia vivido com o amor uma vida inteira, dividindo segredos e aflições, mas passou tanto tempo o procurando lá fora, em novos rostos, que se esqueceu de olhar para quem estava ali, ao seu lado.


O amor sorriu confuso quando ela jogou a bolsa na poltrona e caminhou inquieta. Estava nervosa, afinal tinha feito a descoberta que mudaria sua vida. Amor malandro, estava ali o tempo inteiro! "Eu pedi um japa 'pra gente, tudo bem?" O amor perguntou, bem à vontade, estirando as pernas e mexendo no cabelo. "O que você quiser, 'pra mim 'tá ótimo." Respondeu a fisioterapeuta, pensando em qual seria o momento ideal para puxar as máscaras. Eram 21:00 horas, ela deveria esperar até às 22:00 para dizer: "AHA! você está aí! Não sabe o quanto eu procurei por você!" Ou poderia dizer agora?

"Você 'tá estranha, hein?" Sentiu um dedo indicador cutucar suas costelas.


A professora não saberia dizer exatamente quando a chave virou ou quando a ficha caiu, mas quando aconteceu, de repente tudo que o amor fazia tinha cara de amor. Como gargalhava, como a tocava, como mexia no cabelo, como cheirava. Agora ela sabia, o amor cheirava a shampoo cítrico e perfume importado.


Ter todas as suas certezas reviradas era conflitante, mas ela estava feliz por isso. Estava feliz por estar errada, feliz pelo amor existir, por ele ter nascido, crescido e vivido uma vida que, apesar dos pesares, -muitos pesares, infelizmente- o levaram até ela. Estava feliz pelo amor ter a pele macia, o sorriso largo, os olhos grandes e castanhos tão, tão brilhantes. Estava feliz por estar dividindo uma barca da sua comida favorita com o amor, por ele estar ali, dentre todos os lugares do mundo, às 21:30 horas da noite, na sua casa. E acima de tudo, estava feliz por seu amor ser quem é, sem tirar e nem pôr. Natália. Até seu nome tinha o gosto de amor.

Cheiro de amor - NAROLOnde histórias criam vida. Descubra agora