sinto um nó na minha garganta.

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POV: PEDRO

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Novembro de 2021

Em algum dia de novembro, em algum maldito dia, eu decidi me assumir bissexual pros meus pais, eu já sabia da minha sexualidade há tempos, mas até então nunca tinha tido coragem de contar pra eles, os únicos que sabiam eram a minha irmã Mari e meus amigos Renan e Malu.
Por volta das 19:00 eu chamei meus pais pra sala pra poder conversar com eles, meu pai estava cansado, tinha acabado de chegar do trabalho e a minha mãe também estava exausta.

-O que você quer, Pedro? Eu tô cansado, quero tomar banho e ir dormir - diz meu pai, como sempre, cheio de paciência.

-Eu queria contar uma coisa pra vocês - falo me preparando, eu estava tão nervoso, todo o meu corpo tremia, eu estava suando frio.

-Pedro fala de uma vez, o que foi que você fez agora?- dessa vez minha mãe é quem diz, cheia de paciência.

-Eu não fiz nada! Que saco! Só queria conversar.- me levanto irritado, que saco, eu nunca posso querer conversar que eles acham que eu fiz besteira, tipo, eu sei que não sou lá o filho mais comportado do mundo, mas poxa!

-Pedro, senta, fala filho, sobre o que você quer conversar? - diz minha mãe tentando me acalmar

-Eu tenho uma coisa pra contar pra vocês - falo e me sento no sofá denovo, eu achei que ia desmaiar de tão nervoso que eu tava - Então - merda eu to suando - tem um tempo que eu descobri isso, só a Mari e meus amigos sabem, é um assunto um pouco delicado - falo tentando prepará-los pra um possível susto.

-Você engravidou alguém, Pedro? - pergunta meu pai exaltado, na hora eu dei risada, mas já me deu uma pontada no coração, porque o que eu ia falar é bem o contrário disso.

-Que?! Não, pai, óbvio que não - respiro fundo e desvio meu olhar deles, não sabia se ia conseguir fazer isso - Pai, Mãe, eu... eu... - meu coração estava saindo pela boca - eu gosto de meninos - ai meu deus eu falei - mas eu não sou gay, eu gosto de meninas também - volto a olhar pra eles, e volto a respirar também - eu sou bissexual.

Meus pais se olham, e depois me olham, e ficamos em um silêncio muito constrangedor, até que meu pai quebra o silêncio.

-Você tá maluco né? Só pode estar ficando louco, que história é essa? Eu não te criei pra isso - o tom de voz dele aumenta - Eu não criei um filho viado, não foi pra isso que eu te criei - o tom de voz dele aumenta mais - Você quer acabar com a minha vida, né? Tá louco? Você tem noção do que esse menino falou Ana? Você não vai falar nada? - ele finalmente para de falar, eu estava chorando tanto que nem presto tanta atenção

-Eu... não tem o que dizer, Pedro é novo, está confuso, só um pouco de Deus... falta Deus...- minha mãe diz, calma, parecia estar tentando tranquilizar meu pai.

-Eu não tô confuso, eu tenho certeza disso - falo pra minha mãe

-Seu merda, você é a minha pior decepção, onde foi que eu errei? Ter um filho viado? Isso é loucura, você é um estúpido, eu não te criei pra isso - ele começa a gritar - TOMA VERGONHA NA SUA CARA - ele me dá um tapa no rosto, que faz todas as lágrimas que eu ainda tinha conseguido segurar cairem.

Com isso, eu vou correndo pro meu quarto e escuto meus pais brigarem na sala. Deito na cama e fico lá chorando, até ouvir duas batidas na porta.

Segredos - Au PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora