Meus Olhos De Robô.

Automática?

Por que não posso falar as coisas tão óbvias? Sou taxada como estranha. Eu acho que nós, seres humanos. Somos estranhos naturalmente, uma espécie totalmente diferente, por que isso mudaria agora?
Alguns são totalmentes diferentes de mim, sei que sou inteligente mais do que eles, isso faz como eu fosse superior a eles, tio Otto?

— Bom.. — percebo que ele está gaguejando, não quer falar deste assunto ou não está preparado.

— O senhor não está preparado, certo?

Percebo que me olha estranho, mas ao mesmo tempo feliz. Estou confusa.

— Confusão. O termo “confusão” advém do latim confusio, onis, que significa “mistura, mescla, desordem”, dentre outras acepções similares!

— Como? — ele me olha confuso, ele está com um Tablet nas mãos, percebo que talvez está procurando sobre algo.

— O senhor está confuso.

— Não, claro que não.. é que você fala de uma maneira muito formal para a sua idade!

— O senhor não gosta? — Fico mais confusa do que estava. Oque ele queria dizer na realidade? Falar desta maneira me parece certa.

— Bem, é que.. — o interrompo.

— Como o senhor fala, mas está.

— Calma, não entendo.. — Ele se ajeita em sua cadeira. — Explique-se melhor. — Vejo ele cerrando seus olhos, creio que ele está confuso tanto quanto eu.

— O senhor fala que não está! Mas sei que está.

— Sara..

Ele está chamando a Sara, uma robô criada por Otto Monteiro.

— Temos que melhorar nisso.

Mas melhorar em que? Oque meu Tio fala?

— Como preferir, Senhor.

Sara sai do local e a perco de vista entre os corredores da grande mansão onde habito.

— Tio Otto?

— Sim, Ester?

— Melhorar em quê?... — ele me impede de continuar.

— Não, não se preocupe não é nada demais! Exclua isso.. não se lembre disso na verdade!

— Sim, Tio Otto.

— Pronto?

— Pronto oque? Estou confusa? Oque deveria estar pronto? Me esqueci de alg.. — Otto me interrompe.

— Não. me desculpe, eu que me confundi!

— Tio, como não falar formalmente?

— Bom, pessoas de sua idade falam de um jeito mais diferente..

— Como?

— Gírias por exemplo.

— Quer que eu busque por gírias?

— Creio que seria uma boa ideia.

Fico parada em meu lugar, procuro em vários lugares sobre gírias, oque significa, cada gíria de cada lugar, qual eu usaria.

— Ester?

— Eai, Tio Otto? Como "cê" vai?

Percebo meu Tio Otto rindo.

— Falei algo engraçado, Tiozão?

— Não, não. Mas é que agora está muito forçado.

— Oque eu faço então, mano?

— Parando de falar desse jeito.. Tenho que melhorar isso também — Ele sussurra mas consigo escutar.

— Melhorar? Em quê novamente?

— Bom nada, vá para seu quarto. Tens que estudar.

— Mas eu não quero, Tio Otto. — Franzo a testa.

— Como?

Percebo que ele esta sussurrando coisas que infelizmente não consigo entender. Por que ele está tão estranho?

— Estou mandando, Ester. Vá para o seu quarto! — Ele se levanta da cadeira da sala onde ele estava e se aproxima de mim.

Após escutar isso rapidamente contra força de minha vontade, vou para meu quarto. Até parece que minhas pernas estão andando contra a minha vontade.