Amor em tons de cinza [Dark Romance 🔞] EM REVISÃO!!

𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐 - 𝐏𝐀𝐑𝐓𝐄 𝟗 📸

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𝕾𝖔𝖕𝖍𝖎𝖊 ✮⋆˙

Dia atuais
dia 3.

Ele foi embora. Saiu sem olhar para trás, sem dizer adeus, como se eu fosse nada. Eu o observo pela janela, a luz da manhã refletindo no carro luxuoso enquanto ele caminha com aquele ar de superioridade, como se carregasse o mundo inteiro nas costas. Lucas e Pierre estão ao lado dele, prontos para mais uma missão suicida que provavelmente ele mesmo arquitetou.

Eu fico ali, imóvel, meus olhos fixos nele, esperando por algum sinal de humanidade. Nada. Ele entra no carro e vai embora. Uma parte de mim quer correr atrás, bater na janela e gritar até que ele me ouça. Mas pra quê? Ele nunca ouve. Ele nunca se importa.

Meu peito dói. Dói porque eu sou uma idiota. Porque eu ainda espero algo que nunca vai acontecer. Porque, mesmo depois de tudo, eu sinto falta dele. É patético. Sou patética.

— Ele vai voltar, você sabe disso — Mary diz, do nada, como se isso fosse consolo.

Eu quase dou risada. Voltar? Ele sempre volta, mas nunca pra mim. Ele volta pra casa, pro controle, pro poder. Eu sou só um detalhe que ele finge não enxergar.

— Mary! Que susto  — digo, tentando esconder minha surpresa e o nó que se forma na minha garganta.

— Pensei que tivesse me ouvido chegar. — ela sorri, aquele sorriso calmo que parece dizer que ela sabe mais do que deveria.

Ela carrega sacolas, várias delas, como se fossem uma solução mágica para o buraco que ele deixou. Ela começa a tirar coisas, colocando-as na cama, falando com leveza.

— Trouxe algumas coisas pra você. Achei que isso poderia ajudar a se distrair — ela diz, como se roupas fossem consertar o que está quebrado aqui dentro.

Ela tira vestidos, blusas, saias, calças, tudo perfeitamente dobrado. Cada peça grita luxo, estilo e a tentativa desesperada de me fazer sentir algo que não seja essa mistura de raiva e vazio.

— São lindas — digo, mas minha voz sai seca. Não porque não são bonitas, mas porque nada parece bonito agora.

Ela continua, mostrando sapatos, bolsas, maquiagem. Batons em tons vibrantes, máscaras de cílios que prometem milagres, iluminador pra me fazer brilhar. Tudo tão perfeito, tão inútil.

— Sei que você gosta de se arrumar de vez em quando, então achei que isso pudesse ajudar — ela comenta, com aquele olhar de quem acredita estar salvando o dia.

Eu não respondo. Porque, no fundo, eu sei que nada disso importa. Não são roupas, sapatos ou maquiagem que vão consertar o estrago que ele deixa toda vez que sai. Ele me destrói e age como se fosse normal. Como se eu tivesse que aceitar.

Eu respiro fundo, segurando as lágrimas que ameaçam escapar. Mary não tem culpa. Ela tenta, sempre tenta. Mas eu estou cansada. Cansada de esperar, de sentir, de ser essa versão de mim que ele moldou.

Ele foi embora, e amanhã vai ser pior. Ele vai continuar jogando o jogo dele, arriscando tudo e todos, enquanto eu fico aqui, presa, tentando juntar os pedaços.

E quer saber? Talvez eu canse de juntar. Talvez, um dia, ele volte e não encontre nada. Nem roupas, nem sapatos, nem eu.

O perfume Chanel N°5, sofisticado demais para alguém que se sente como lixo. As camisolas de seda, o kit de beleza, tudo isso parece ridículo diante do turbilhão na minha cabeça.