I. "Maldita Brooklyn!"

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Já era possível escutar uma música alta vindo de dentro da grande casa branca. Algumas luzes coloridas escapavam pelas janelas abertas. Noak se perguntava o que estava fazendo naquele lugar. Naquele dia.

Em uma plena terça feira a noite.

Seus planos naquele dia eram apenas estudar um pouco e dormir cedo, por causa da aula no dia seguinte. Mas não, ele tinha que dar ouvidos aos seus amigos que mais pareciam não ter casa.

Saiu de seus devaneios com Adam, seu melhor amigo e quase irmão, lhe chamando.

— Amigo, você travou na porta? Deixa eu passar, porra. – Mandou, exalando animação. O moreno de dreads saiu, um pouco atordoado.

O loiro passou, arrastando seu namorado, Matthew. O híbrido estava com um fone abafador de ruídos, comprado por Noak de presente de aniversário.

Quando percebeu que seus amigos estavam prestes a sumir no casarão, se apressou em esquecer sua confortável cama que lhe aguardava em casa, para entrar no meio de um mar de gente.

"Parece um formigueiro." Foi o que pensou.

Encontrou seus amigos em uma roda, tinha 7 pessoas contando com Adam e Matthew. Ele não conhecia as outras 5. Adam o viu se aproximando e o apresentou.

— Gente, esse é o Noak. Irmãozinho, esses são Atlas, Levi, Aiden, Emma e Brooklyn. Acabamos de nos conhecer. – Disse animado, tirando uma risada de Noak.

— Ele é mesmo seu irmão? – Atlas perguntou, se referindo a Adam. Noak negou.

— Ele 'tá cru ainda, tem que voltar 'pro forno. – Disse sem pensar, tirando risadas do grupo e, principalmente, de Atlas.

— Nossa moleque, se mata. – Disse Adam, sem fôlego de tanto rir. Já estava meio alto devido às bebidas que ingeriu.

— Pegou uma insolação, foi? De noite? Tá parecendo um pimentão. – Debochou Sanchez. Adam lhe mostrou o dedo do meio. - Soca no seu cu.

— Que coisa feia, Noak. Não pode falar palavrão. – Matt o repreendeu, com uma mão para cima, o indicador apontado para ele e a outra mão na cintura.

— Seu macho mandou eu me matar. – Se defendeu, fazendo bico.

— Gente.

— Eu brigo com ele depois, tá? Vem aqui, não faz bico. – Matthew estendeu os braços e Noak foi sem pensar duas vezes. Recebendo o abraço quentinho naquela noite relativamente gelada.

— GENTE!

O grito de Adam fez os dois darem um pulinho por causa do susto, se separando e, finalmente, prestando atenção no loiro.

— Por que não brincar de verdade ou desafio? – Questionou, olhando as pessoas à sua frente. Parecia esperançoso.

— De jeito nenhum. – Mais que depressa, Noak respondeu. — Eu sempre me fodo nessas brincadeiras.

— Matt, me ajuda. – Adam implorou. — Está na hora de usar a arma secreta, Meu Bem.

— Não, não. Matthew, não se atreva. – Noak entrou em pânico com a simples frase.

Matt chegou bem pertinho dele, abaixou as orelhas e fez beicinho. Tudo isso com os olhos do Gato de Botas.

— Por favor, Nono. Joga com a gente. – O terror de Noak é quando Matthew o chama assim.

O moreno deixa cair os ombros e se encolhe um pouco, pensando nas alternativas. A primeira era ele não jogar, mas ter Matt o olhando torto. A segunda era aceitar e se ferrar, como ele sabia que aconteceria.

— Tudo bem, Matt. Eu jogo essa merda, mas nunca mais, entendeu? – Apontou o dedo, ameaçadoramente, aceitando a derrota.

Sendo assim, todos se juntaram em uma roda, deixando a garrafa de 51 no meio e um espaço considerável em volta dela. A ordem ficou a seguinte: Noak, Adam, Matthew e Atlas. Brooklyn ficou de frente para Noak, Emma de frente para Adam e Levi de frente para Matthew, com Aiden ao seu lado que ficou de frente para Atlas.

Depois de alguns minutos de jogo, já era notório o extremo interesse de Atlas sobre Noak. Seja pelas tentativas falhas de piadas, seja pelos olhares nada discretos que é direcionado ao negro.

Ou talvez tenha sido pelo fato de Brooklyn estar fuzilando Noak com os olhos. A menina sempre gostou de Atlas, mesmo sabendo que ele não sentia o mesmo, já que a via como uma irmãzinha que nunca teve.

Até que, em uma das rodadas, surgiu a gota d'água para Brooklyn.

— Verdade ou desafio, galã de novela? Preste atenção e pare de encarar o menino desse jeito, vai assustá-lo. – Aiden chamou a atenção de Atlas, que estava distraído olhando para Noak disfarçadamente.

Era o que ele achava.

O loiro sentiu suas bochechas esquentarem de puro constrangimento, murmurando um "desculpe" para Noak, que ria e dizia que não tinha problema. Os olhos azulados foram de encontro aos pretos do asiático.

— Desafio, japonês. – Disse confiante, recuperando a postura de "bad boy marrento" que Aiden disse que ele tinha.

— Eu te desafio a beijar a pessoa da roda em que você mais tem interesse. – Foi possível escutar um couro de sons surpresos, nenhum deles esperava isso.

Porém, não era novidade para ninguém daquela roda para onde Atlas iria.

O loiro vestido de preto levantou de seu lugar e andou, calmamente, até Noak. Quando se abaixou em sua frente, pediu permissão para beijá-lo.

Com o pedido concedido, se aproximou mais, colocando a mão delicadamente na parte de trás do pescoço de Noak e, finalmente, fez o que mais queria desde que viu o moreno se aproximando junto de seus amigos.

O beijo não durou muito e, na percepção de Atlas, poderia ter durado mais. Já no ponto de vista de Brooklyn...

Ah, ela estava possessa.

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