II. "Desafio"

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Brooklyn respirou fundo uma, duas, três vezes. A visão que tinha não era tão clara, mas tinha uma ideia clara até demais sobre o que SEU Atlas estava fazendo. Respirar fundo não foi suficiente para amenizar o ódio de Noak. 

“Eu vou te matar.” essa frase repetia como um mantra em sua cabeça. 

Depois do choque causado pelo extremo óbvio, o jogo retornou, agora muito mais animado. Noak só queria ir embora para sua casa. 

Duas rodadas após a de Atlas, a garrafa caiu com a ponta virada para Brooklyn e a base dela para Noak. 

A morena pergunta e ele terá que responder. 

— Verdade ou desafio, Sanchez? – O veneno com um teor elevado de ódio saiu da boca da cacheada. 

Uma das regras do jogo foi: você tem três verdades, nada mais que isso e adivinhem? Noak já usou todas. Só lhe restava responder uma coisa. 

— Desafio, Brooklyn. – Uma das características do negro é a facilidade com que ele esconde o que sente. O mesmo respondeu com tanta confiança que a morena até estranhou. 

Quando a leve surpresa esvaiu ao vento, o sorriso macabro da mais nova surgiu. A expressão causou terríveis calafrios em Noak.

 — Eu te desafio a entrar na Floresta Amaldiçoada. – Nesse momento, Adam sentiu ódio de Brooklyn. E olha que ele a conheceu há algumas horas. 

Depois da pior frase já dita por um ser humano, foi possível ouvir muitos murmúrios descontentes dos membros da rodinha. Principalmente de Matthew e Adam. 

Até Atlas xingou a morena. Em silêncio, Noak se levantou, calmamente, encarando a desafiante. Amarrou os dreads, deixando dois soltos na frente. Deu um sorriso de lado e balançou a cabeça. 

Desafio aceito. 

Matt sentiu o desespero o consumir, pois ele sabia o que poderia ter naquela floresta além de animais selvagens. 

— Nono, não precisa aceitar. É sério, se você quiser a gente pode até ir embora. – Ficou de frente para o mesmo, colocando as mãos nos braços dele e o chacoalhou levemente. 

Noak segurou suas mãos e fez um carinho, acalmando, mesmo que pouco, o moreno mais alto. Eles têm uma conexão tão forte que não foi necessário o uso de palavras. 

Conversavam por telepatia. 

— Tá tudo bem, Matt. – Se direcionou a Adam. — Cuide dele, ele vai se sentir um pouco culpado. 

O loiro concordou, indo segurar o moreno, que estava em pânico. Noak esperou Brooklyn se aproximar mais e lhe perguntou se podia, pelo menos, ter algo para se defender. 

— Tem uma espingarda no segunda andar da casa. Lado direito do corredor, na terceira porta. – Ele se perguntou como ela sabia disso. — Essa casa é minha. 

A surpresa não durou muito, logo, a morena se apressou em ir buscar a arma de seu pai. Entregou para o negro e deu um tchauzinho para ele. 

Queria se livrar de Noak, permanentemente.

— Você vai ir até o meio da floresta, gravar um vídeo e voltar. Fácil, não é? – O deboche era evidente em sua voz. 

— Você sabe que Atlas não gosta de mim, não é? Nos conhecemos agora e eu não me interesso por ele. – Noak disse próximo de Brooklyn. 

Respirou fundo, contou até dez e pegou a arma da mão da morena. Foi andando até a porta da grande casa e, ao parar em frente a ela aberta, mostrou o dedo do meio para Brooklyn. 

— Se eu voltar vivo, vou atirar em você com essa mesma espingarda. Diretamente na sua cabeça. – A voz dele não estava mais tranquila como costumava ser, parecia que estava distorcida. (Ele não ia atirar, não consegue matar nem uma barata.)

Talvez estivesse. Se não estivesse de costas, teria visto o corpo de Brooklyn tremer levemente de medo. 

O negro olhou para o lado, vendo Adam e Matthew o olhando. O mais alto parecia culpado. Noak andou até ficar de frente para os dois. 

— Eu vou ficar bem, grandão. Addy vai cuidar de você e quando eu voltar vamos assistir “Meu Amigãozão”, ok? – Fez carinho atrás da orelha do híbrido, sabia que isso o acalmaria. 

Quando o afastou de si, saiu pela porta afora, sendo agraciado com o ar gelado do início da madrugada. Praguejou infinitamente por ter saído apenas com uma blusa de frio fina. 

— Devia ter aceitado o moletom do Matt, merda. Frio da porra. – O caminho era um pouco longo e Noak foi a caminhada toda xingando céus e terra. — Maldita seja a Elsa, que frio demoníaco.

Ele se arrependia amargamente de ter aceitado o maldito desafio daquela “cadela maldita”, apelido carinhoso que ele deu para Brooklyn. 

— Eu nem queria o pau daquele mano, parça. Vai tomar no cu. – Mesmo que Atlas fosse bonito, educado e charmoso, Noak não o queria. — Foi só um beijo, porra!

Se assustou com o próprio tom de voz, pedindo desculpa baixinho para os vizinhos alheios à sua situação. 

Passados 10 minutos de caminhada e xingamentos, avistou a entrada fechada da floresta, sentiu seu peito afundar contra o coração. O ar faltou em seus pulmões. 

— Eu tô tão, mas tão fodido.

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