S h a d o w ' s (rascunho)

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Once Upon A Time

A casa Usher era uma cova profunda que te sugava com sua melancolia, preenchendo sua mente com notas ásperas, tocando uma melodia de dor em seu interior.

Seus vermes do medo rastejavam por minha pele, esperando a oportunidade de devorar minha carne, e seus fantasmas espreitavam-me, na expectativa de beber minha sanidade.

Orfeu não conseguiu dormir, esperava pela visita da sombra que todas as noites se sentava ao seu lado e acariciava sua bochecha.

O sol derramava seu sangue pelo horizonte, dali a alguns minutos só restariam ossos do luar repousando sobre o túmulo escuro de um céu sujo de estrelas.

Ele ficaria só, quando o dia morresse por completo.

Orfeu espera pelas sombras e aguça os ouvidos, querendo captar o mínimo indício de som de movimentos, fica alerta a qualquer aparição.

O Suor escorre líquido e quente pela carne fria de sua nuca, suas vestes ficam molhadas e empapadas, seus batimentos pulsam com força nos ouvidos.

Ele não se importa com o que vai acontecer, só com que aconteça logo.

Ele não pode mais suportar a ansiedade corrosiva da espera, respira tão fundo que imagina as costelas estalarem, seu corpo fica dormente e suas mãos pendem pesadamente.

"VENHA! Oh, criatura vil e cruel! Venha tomar meu corpo! Venha arrancar minha pele e escrever quem sou na derme, para que eu costure tudo e possa enfim, viver."

Com meus pés fincados na madeira escura abaixo de mim, encaro a face de giz oleosa de Roderick, ela não se parece com a que meus desejos viam.

E seu corpo murcho até às entranhas em meio aos meus lençóis, não se assemelha com o que minhas fantasias violaram durante as noites que se seguiram com só nós dois em seu lar.

Sangue cru e salgado mofa em sua garganta, seu cheiro não mais o de meu lar ensolarado.

Mas o pútrido de Usher. Agora eu viveria com um buraco na cabeça, minha existência sendo uma lacuna dentro de mim, meu corpo um anacronismo do passado, sempre pensando e sentindo a ti, como a terra da minha sepultura quando eu estiver morto ou o doce cobertor de quando eu nascer de novo.

Só agora com tua carne embaixo das minhas unhas, que eu me dou conta: oh, minha criatura! Quando foi que você se tornou meu criador?


Por sua Autora Rainha...

Crude SaltyOnde histórias criam vida. Descubra agora