Capítulo I

52 13 17
                                    

Estávamos em Assis, no ano 1212. Naquela cidade, havia muitas famílias da nobreza. Uma dessas famílias era a de Mattia, um conhecido cavaleiro que havia sido elogiado até pelo imperador. Mattia era casado com Regina e tinha 4 filhos, dentre eles a jovem Caterina, que era conhecida como "Caterina di Mattia". Caterina era belíssima. Ruiva, com encantadores olhos azuis, a pele tão branca. A garota de 17 anos, porém, era um tanto quanto ousada para os padrões de sua época. Rebelde. Ela tinha uma melhor amiga, Chiara di Favarone. Chiara era gentil e muito humilde. Dava sua comida aos pobres, vestia uma roupa rude por debaixo do vestido galante, era delicada, uma santa. Caterina não entendia a vida humilde de Chiara, mesmo sendo de uma família nobre. Um dia, porém, ela ia descobrir.

Caterina estava bordando um belo tecido, junto de sua irmã mais nova, Martina. Martina tinha apenas 11 anos, uma jovem risonha e travessa. Elas tinham um irmão mais velho, Alessandro, que tinha 20 anos. Ele foi até as irmãs para perturbá-las.

- Irmãzinhas! Como estão vossos dias? Vejam! As farras na rua são uma maravilha - sorriu Alessandro.

- Então por que não mora na rua? - perguntou Caterina, aborrecida. A jovenzinha continuou bordando.

- Papai quer arranjar um casamento para ti. Com um nobre - ele disse.

- Não anseio por esse casamento. Não sou uma donzela desesperada por amor feito Guinevere ou Isolda! Algumas vezes desejaria ser homem. As mulheres fazem tão pouco, e os homens fazem tanto- respondeu Caterina. Martina olhou para a irmã.

- Já perguntou a opinião de Chiara sobre isso? - perguntou a garota. Caterina sorriu.

- Chiara! Sim, ela mesma! Ela pode me responder - ela disse, se levantando. Depois, olhou para o irmão com deboche.

- Pelo menos ela me ouve - acrescentou. A casa de Chiara não era tão longe dali. A jovenzinha estava trancada em seu quarto, rezando. Aquela menina vivia assim. Como seu nome, Chiara di Favarone era uma claridade, uma luz que iluminava a vida das pessoas que a conheciam. Era nobre de família, mas tinha a melhor nobreza : a nobreza de espírito. Caterina bateu na porta.

- Chiara! Chiara, sou eu! - ela disse. Chiara abriu a porta. Deu um grande sorriso.

- Caterina! Oh, minha irmã! Que veio fazer aqui? A que me deve a honra? - perguntou Chiara.

-É o mesmo de sempre! Papai deseja que eu me case com um homem que nem conheço! Isso não é terrível? O que acha disso, Chiara? Não acha que estou certa? Por favor, me aconselhe - pediu Caterina. Chiara ouviu pacientemente e sorriu.

- Há um noivo melhor que todos os outros noivos, Caterina. O mais nobre, o mais gentil, o mais amável e o mais poderoso - ela disse. Caterina ficou surpresa. Estaria Chiara falando do imperador? E como ela, Caterina, uma nobre menor, casaria com o imperador? Chiara sonhava demais.

- E quem seria esse noivo? Chiara, seja franca comigo - pediu a garota.

- Cristo. Não há noivo melhor que ele - respondeu Chiara. Caterina ficou surpresa. Não era tão religiosa e ficou impactada com aquelas palavras.

- Se não quiser casar com homem algum, casa com Cristo! Ele não te deixará sozinha nem desamparada. Dedique sua vida aos pobres e aos indefesos, pois eles serão exaltados e você receberá sua coroa- acrescentou Chiara. Caterina ficou muda. Não sabia o que pensar.

Dolce è Sentire Onde histórias criam vida. Descubra agora