Capítulo 1 - A infância

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Juliana é uma adolescente de 17anos, e que como todo adolescente, passou por muitas coisas desde sua infância.
Nunca foi de ter muitos amigos, mas muitos a tinham como amiga.
Sempre boa ouvinte, Juliana se apelidava de confessionário, pois todos lhe contavam seus problemas e segredos, porém ela nunca conseguia se abrir com ninguém. Toda a sua história de amigos sempre foi jogada por água abaixo, então ela decidiu que sempre guardaria para si tudo o que sentia.
Desde a sua infância, Juliana morou em um prédio em uma cidade grande chamada Alphaville, no bairro de Mingo. Ela é seus amigos brincavam sempre no play do prédio, porém depois de alguns acontecimentos ela acabou lentamente se afastando de todos.
Aos 7 anos, uma nova família se mudou para o prédio onde morava com seus pais. Bianca, divorciada com 3 filhos, veio de outro estado com sua filha mais nova Maria e seu novo esposo Cristiano. Logo nas primeiras idas ao play, Juliana sempre muito simpática, apresentou sua nova amiga para todas as crianças no prédio. Onde ela morava, os apartamentos tinham bloco 1 e 2, e praticamente todas as crianças eram do bloco 2, então rapidamente Juliana e Maria se tornaram grande amigas, pois era mais fácil uma ir para a casa da outra brincar pegando somente um elevador.
As duas passaram a fazer tudo juntas. Estudavam na mesma escola, faziam ballet na mesma academia, inglês. Uma vivia na casa da outra, até que um dia, essa amizade começou a se abalar.
Juliana e Maria assistiam sempre a uma novela chamada Chiquititas, que conta sobre crianças em uma espécie de orfanato. Juliana Ainda nao tinha tomado real conhecimento sobre o que era ser adotada, mas naquele momento, a letra de uma música bateu mais forte em seu peito:
"Não me diga mentirinhas, dói demais
Eu ja sei que estou sozinha sem meus pais
Eles foram pra bem longe, esqueceram que nasci
Me deixaram, sem carinho, por aqui"
Essa música ecoou em seu coração, e então ela correu para seu quarto e começou a chorar.
- Tia Débora! Tia Débora! - dizia Maria. - Juliana está chorando.
- O que foi Juliana? O que houve? - Perguntava Débora enxugando as lágrimas no rosto de sua filha e tentando abraça-lá.
- Mamãe, eu sou adotada né?
Sua mãe a olhou com um olhar carinhoso e lhe disse:
- Sim filha, mas você já sabia disso. Você esqueceu? Mas isso não faz com que voce não seja sua mãe. Quem é que cuida de você é te dá carinho?
- Você é o papai. - respondeu Juliana parando aos poucos de chorar.
- Então - Sorriu Débora e completou - nós somos os seus pais. O sangue que corre em nossas veias não importa. Nós que te pegamos nos braços, te amamos e cuidados de você até hoje, e será sempre assim.
- Mas isso significa que meus pais de verdade me abandonaram não é?
- Meu bem, seu pais de verdade somos eu, Débora, e o seu pai, Carlos. Quem te deu para nós foi Deus, e quem te deixou la no Hospital em que voce nasceu foi a sua mãe biológica. Ela te carregou na barriga por 9 meses, e quando você nasceu, te deixou no Hospital esperando por nós.
- Mas por que? - Perguntou Juliana com mais lágrimas nos olhos.
- Isso eu não sei minha filha, quem sabe um dia você descobre? Por enquanto deixa isso para lá tudo bem? Por que não vai brincar com a Maria?
- Tá bom. - respondeu Juliana percebendo que Maria estava ali e que presenciou todo o diálogo dela com sua mãe.
- Ju, não fica assim. Seus pais te amam muito, e você é filha deles mesmo. Deixa pra lá essa pessoa que te carregou na barriga.
Juliana então sorriu pois viu que sua amiga estava do seu lado e não contra ela. As duas se abraçaram e logo foram brincar.
No dia seguinte na escola, suas amigas Carla, Viviane e Júlia estavam conversando sobre o episódio do dia anterior. Carla então falou:
- Vocês viram o episodio de ontem? Ela cantou uma musica sobre ser abandonada por seus pais. Como seria uma pessoa adotada? Acho que seria muito diferente e estranha...
- Não seria nada! - respondeu Juliana.
- Como você sabe? - Perguntou Carla.
- Eu sou adotada. E meus pais me amam. Não há nada de diferente em mim e em você.
- Sempre achei que voce era muito morena para ser filha da sua mãe! - disse Viviane.
- Mas eu sou parecida com meu pai! Disse Juliana tentando encontrar semelhanças entre ela e seus pais.
- Então você está mentindo! Você não é adotada! Tá fazendo isso para aparecer! - exclamou Carla.
- Ela é adotada sim! É diferente de sua mãe sim. Mas isso não significa nada. Ela não é diferente por isso. - disse Maria tentando proteger Juliana.
Mas o início dessa discussão acabou quando soou o sinal do recreio e todos foram para o pátio da escola.
Juliana era uma das únicas meninas que levava lanche de casa, então começou a comer sozinha sentada no banco.
Maria estava na fila junto com Carla e Viviane comprando lanche. Júlia sentou ao lado de Juliana é perfuntou:
- Você é mesmo adotada?
- Sou.
Ela olhou para as meninas na fila e disse voltando os olhos para Juliana:
- Você foi abandonada no Hospital quando ainda era bebê por sua mãe? Você deve ser muito estranha para isso ter acontecido. - Júlia falou olhando bem no fundo dos olhos de Juliana e disse "Sua estranha" bem baixinho, saindo do lado dela.
Juliana segurou o choro esperando que Maria voltasse para elas brincarem, mas ela não voltou. Ela ficou com as outras meninas, que aos poucos, envenenaram a cabeça dela convencedo-a de que Juliana na verdade era uma menina muito estranha e que elas não deveriam brincar com ela.
Maria se corrompeu as palavras de Carla, Viviane e Júlia, e contaram para toda a escola que Juliana era adotada pois havia sido abandonada pelos seus pais de verdade.
Na hora da saída da escola, seus amigos de classe e de outras turmas, foram falar com ela querendo saber se era realmente adotada, se havia mesmo sido abandonada.
- Sim, sou adotada. Mas hoje tenho pai e mãe e eles me amam de verdade. - respondia Juliana
- Mas você foi mesmo abandonada? -perguntavam
- Eu não sei o motivo que a pessoa que me teve decidiu me deixar no Hospital, mas um dia eu vou descobrir.
E então, Juliana voltou para a casa e não contou para os pais o que tinha acontecido.
Um ano se passou, e muito preconceito e descriminação Juliana passou na escola. Mas infelizmente, ao invés de Juliana se tornar uma pessoa reclusa, tímida e triste, ela se tornou uma menina brigona, rabugenta, e que só andava com os meninos, pois eles não ligavam para as fofocas sobre a sua adoção.
Seu relacionamento com sua mãe começou a se tornar cada vez mais difícil.
Juliana passou a ser reclamam e revoltada por ser adotada, e sua mãe nunca mais tinha tentado conversar com ela.
Dentro de casa, não havia tanto conflito, porém, aos poucos percebeu que sua mãe começava a se afastar dela e nao sabia o por quê.
Juliana tentava ficar assistindo televisão com sua mãe mas ela não deixava pois dizia que o conteúdo não era para a idade dela. Pedia para brincar com ela de boneca, mas a mãe dizia que não queria e não sabia. Pedia até ajuda com o dever de casa, mas sua mãe dizia que não poderia ajudar pois não sabia a matéria.
Seu pai por sua vez, trabalhava o dia todo, então sempre quando chegava em casa se dedicava a ficar com sua filha. Brincava, ajudava no dever, assistia desenho e a colocava para dormir. As vezes quando chegava muito tarde em casa, Juliana esperava a chegada do seu pai para poder lhe dar um beijo de Boa noite, sem o qual ela não conseguia dormir.
Todos os sábados ela saía com seu pai para o shopping, iam ao cinema, ou para dançar na máquina de dança.
Juliana ficava cada vez mais triste com o fato de não ter sua mãe presente no seu dia a dia. O que ela lembrava nitidamente, era apenas de sua mãe levando-a para as aulas de ballet, quando ela era pequena e fazia aula depois do horário da escola. Fora isso, Juliana tinha uma babá que a levava para todos os lugares. Para o ballet, para o inglês, e para as consultas com a psicóloga que sua mãe a colocou para fazer desde cedo.
Aos poucos, essa distância começou a fazer diferença na confiança que Juliana tinha em sua mãe e no seu pai.
Numa terça feira, Juliana com 8 anos e meio, tomou um susto ma escola. Uma mancha vermelha molhou a sua calcinha. Imediatamente ela correu para o orelhão que tinha no pátio da escola, e ao invés de lugar para a sua mãe, ela ligou para o celular do seu pai.
- Pai, tem uma manchinha na minha calcinha, mas eu não sei o que é. - Juliana disse assustada.
- Olha filha, não sei o que pode ser. Até acho que pode ser uma coisa mas é melhor voce conversar com a sua mãe. - Disse seu pai apreensivo mas sabendo o que era a manchinha vermelha na calcinha da sua filha.
- Mãe, tem uma manchinha vermelha na minha calcinha. Não sei o que é.
A mãe espantada respondeu
- Sério filha? Mas é grosso? Ou é só tipo sangue de machucado?
- É grosso.
- Será que voce menstruou filha? Vou te buscar.
Juliana esperou sua mãe, e quando ela chegou ficou perguntando o que era, e sua mãe disse que ja iria descobrir.
Débora levou sua filha numa ginecologista, e então descobriu que sua filha tinha realmente menstruada. A ginecologista deu um remédio para inibir a menstruação por uns anos e aconselhou a procurar a psicóloga e tentar saber o porque da menstruação dela.
Juliana descobriu o que era menstruação através de da ginecologista. Ficou muito triste com isso, pois percebeu que realmente sua mãe não iria mais conversar com ela nem lhe dar atenção sobre coisas que ela gostaria de saber e aprender.

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⏰ Última atualização: Jul 13, 2015 ⏰

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