Rafa brinca com os dedos da minha mão enquanto estamos no fundo da sala, no meio da aula de história. Seu toque suave passa desde o meu pulso rabiscado com canetinha roxa purpurina até as pontas dos dedos, onde estão desenhadas estrelinhas coloridas feitas por ela. Minhas mãos eram quadro em branco e ela a artista: pintava, desenhava, rabiscava. Testava cola, tinta, jogava glitter e misturava tudo até virar aquele marrom meio acinzentado, como quando éramos crianças e misturamos todas as massinhas do kit colorido.
-Seus olhos ficam lindos assim, no Sol da tarde - ela diz sussurrando com a voz de um anjo.
Estou acostumada com suas observações esporádicas, mas algo repentino desperta dentro do meu peito. É uma sensação boa, mas sei que é perigosa. Afasto meus pensamentos e tento prestar atenção na matéria que o professor explica.
Minha amiga continua colada em mim, nossas carteiras juntas, a cabeça dela apoiada no meu ombro. Temos praticamente a mesma altura, e ela se aconchega facilmente em mim. Respiro o aroma de seu shampoo de camomila enquanto presto atenção aos seus pequenos detalhes: o nariz pequeno e arrebitado de que tanto reclama, a curvatura da boca que ela diz ser muito pequena, a testa que diz estar meio enrugada de tanto se estressar comigo. Não consigo enxergar uma só imperfeição nela, e meus elogios não surtem efeito algum na sua baixa autoestima. Mesmo assim, não me canso de exalta-la para que tente se sentir um pouco melhor consigo mesma.
Enquanto quase durmo com a explicação sobre a revolução francesa, Rafaela me puxa repentinamente, fazendo com que eu fique cara a cara com ela. Estamos no fundo da sala, afinal. Ninguém sequer nota nossa presença naquele canto. Ela afasta minha mecha de cabelo ligeiramente cacheada do meu rosto e deixa um beijo em minha bochecha, fazendo eu corar. Deita novamente no meu ombro e finge que nada aconteceu, voltando a se entreter com os lápis e tintas. Para ela, aquilo não significava nada mais do que uma demonstração de afeto entre amigas. Para mim, significou meu maior arrependimento.
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Oioi gente, é a minha primeira história aqui e eu sinceramente não tô colocando muita expectativa kkkkk, mas enfim, a ideia surgiu no meio da madrugada e eu não consegui ignorar. Por favor, não esperem que eu traga atualizações diárias/semanais, quando meu block criativo bate ele vem forte 🥲, se eu conseguir passar de 3 capítulos já é lucro (e me desculpem desde já caso tenha algum erro ortográfico)Bjs da Mary 💋💋
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Malditas Borboletas
ChickLitDepois de dois anos turbulentos, Gabi não tem mais esperança nenhuma no amor. Ela está no meio de um processo de cura quando conhece outra pessoa que está prestes a confundi-la ainda mais. É apenas outra ilusão ou ainda existe uma fagulha de esperan...