morty people problems

você se importa ? porquê eu não.

Eu sei, é difícil entender por que eu ainda não larguei esse velho escroto. Eu mesmo me pergunto isso o tempo todo, como um eco chato que não para de ressoar na minha cabeça.

No fundo, eu sei a resposta. Ele, pelo menos, me trata com um mínimo de humanidade. Bem, algo que chega perto disso, pelo menos. Mesmo com as explosões de raiva e as brigas constantes, eu sei que, pra ele, eu sou uma prioridade. Tenho alguma importância, mesmo que mínima. Ele não me vê só como um peso morto, ele se importa, mesmo que do jeito torto dele.

Se ele tivesse que escolher entre salvar minha vida ou a da Summer, eu sei que ele escolheria a mim. Ou talvez encontrasse um jeito de salvar os dois. Ele sempre encontra uma saída, sempre dá um jeito de fazer o impossível.

Pode parecer bobo, mas ele não joga todas as frustrações e inseguranças do casamento fracassado dele em cima de mim. Claro, não tem mais esposa. Ela se foi, e se por algum milagre ela voltasse, eu sei que eu perderia todo o significado pra ele. Mas eu tô confiante que isso nunca vai acontecer. E mesmo se acontecesse, talvez eu ainda tivesse algum valor pra ele, de algum jeito.

Pode soar incoerente, mas... ter esperança é bom, até no pessimismo. Eu não me importo de ser tratado como uma ferramenta por ele; me sujeitaria a coisas bem piores do que já faço. O que importa é que ele esteja por perto.

Pela primeira vez, sinto que alguém se importa de verdade com a minha existência, que não me vê só como um incômodo, fruto do relacionamento disfuncional dos meus pais. Ele se importa, ou pelo menos age como se importasse. Às vezes, pelo menos.

O problema dele é a dificuldade de mostrar que se importa. As pessoas demonstram amor de jeitos diferentes, e eu tive o azar de me apegar a alguém que é péssimo nisso. Talvez as coisas melhorem agora que ele eliminou meu... o Rick Prime. Ele cometeu alguns erros, claro, mas errar é humano. Não posso deixar que algumas situações estraguem uma relação que é, razoavelmente, boa.

Ele me vê, e eu preciso aceitar os prós e contras disso. Não quero que tudo volte a ser como era antes. Não quero voltar a me sentir invisível, insignificante.

Eu lembro de como era antes de ele aparecer na minha vida. Minha mãe sempre preocupada demais com o próprio drama, meu pai ausente, fugindo de tudo, minha irmã sendo uma vaca. E eu ali, no meio do caos, tentando entender onde eu me encaixava.

Então ele apareceu. E pela primeira vez, alguém olhou pra mim e viu mais do que um fardo. Ele me deu uma razão, um propósito, mesmo que fosse só ser o ajudante dele nas suas loucuras. Pelo menos, eu sentia que fazia parte de algo.

As pessoas dizem que devo me afastar, que ele é uma má influência. Eu sei que estão certas. Mas eles não entendem. Eles não sabem como é ter alguém que, apesar de tudo, está lá por você. Eu sei que ele se importa, mesmo que não saiba demonstrar.

E é por isso que eu fico. Porque ele me vê. E porque, no meio de toda essa bagunça, E, por mais louco que pareça, isso é tudo que eu preciso agora.