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Ayla Pereira - 14 / 15 anos

era só a escada de um estacionamento do shopping, mas naquele momento, era o meu lugar favorito.

- você ta linda nessa roupa... - seus beijos desceram pelo o meu pescoço, conseguia sentir seus sorrisos em meio a eles. - muito linda. - e foi a minha vez de sorrir mais ainda

foram beijos e mais beijos, afinal, eram só dois adolescentes sendo adolescentes.

- eu preciso ir agora - fiquei no meio de suas pernas enquanto ele estava sentado

- vou sentir sua falta - um selinho. depois outro. depois mais um e fui puxada pela minha amiga que iria me dar carona

depois parecia apenas uma festa escolar, mas aquela era uma das melhores festas escolares que eu já fui.

- para de tirar foto, vai encher meu celular - me sento em sua perna direita e apoio a cabeça em seu ombro

- para de ser chata - e as fotos continuaram.

fotos e mais fotos, talvez tenham sido as minhas preferidas por um bom tempo.

- eu tô desarquivada? que amor - falo enquanto o olhava mexer em seu celular

- claro que ta, eu converso com você todos os dias - passa o braço pelo o meu pescoço e me puxa para mais perto

- que lindo, você também ta desarquivado - deixo um beijo em sua bochecha. tirando seus olhos, aquela era a parte em seu corpo que eu mais gostava

abraços, beijos e mais abraços. um dos momentos que mais consegui me permitir ser tão afetiva com toque físico.

- caralho, olha o tamanho daquele rato! - apontou para um carro velho e todo desmontado - olha os lugares que você me trás, cara

- para de graça, é só um ratinho - fico rindo da reação dele até chegar ao nosso "destino"

aquela árvore que tinha flores amarelas. como eu amava aquelas flores, como eu passei a amar flores

- eu gosto dessa árvore - falei enquanto deixava a minha mochila no chão e me aproximava dele

- vou nem perguntar o porquê. - quando o olho, ele estava com aquela florzinha amarela na orelha, igual no nosso primeiro beijo.

e foi ali, de baixo daquela árvore, daquelas flores, que eu o beijei tão apaixonada pela última vez. não nos despedimos ali, mas algo meu ficou naquela árvore e eu espero que nunca a arranquem de lá.

depois disso, ele se mudou, foi pra longe, foi trocar de vida e eu não o via mais. não conseguia mais o ver na escola, nem no caminho dela, muito menos na saída como eu esperava todos os dias.

continuamos conversando pelo o celular e caramba, éramos tão felizes do mesmo jeito. parecia que eu o fazia esquecer de sua própria solidão, e bom, ele fazia eu me esquecer de toda a bagunça que era a minha vida

nem tudo são cores, nem tudo são doces, nem tudo são flores. mas só uma vez, uma única ou última vez eu queria que a vida fosse um mar de rosas. eu queria que a vida fosse fácil ao nosso favor.

orei tanto por nós, busquei tanto melhorar por nós, mudei tanto... isso me fez crescer, amadurecer, mas nunca o esquecer.

eu amava conversar com ele, eu amava o jeito que ele me tratava, eu amava a personalidade dele, os traços, os defeitos, as qualidades, o caráter, eu amava cada célula daquele corpo.

mas eu percebi isso tão tarde, eu percebi isso quando Deus me mostrou que o meu coração sempre estará ligado a ele, quando eu percebi que minha alma me puxa ao seu encontro e me faz querer ser dele novamente.

ninguém tinha seu cheiro, ninguém tinha seu beijo, ninguém tinha suas conversas, ninguém tinha suas fotos estranhas, ninguém nunca me elogiou tanto como ele, ninguém me apoiava como ele.

não adiantava nada, nunca adiantava. eu rodava e rodava, encontrava pessoas, gostava, poderia até tentar amar, mas a minha mente voltava pra ele, ela sempre voltava.

todas as vezes em que procurei um cara diferente, eu lembrava dele e me questionava se ele me trataria daquele jeito. eu lembrava o quanto ele era diferente e único.


- na hora certa, eu vou voltar

- estarei te esperando

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