Liana, uma rapariga do ensino básico que parecia estar perpetuamente esquecida, navegava por mais um dia típico. Caminhava pelos corredores da escola, com os olhos fixos nas raparigas bonitas ao seu redor. "O meu cabelo também é encaracolado, mas não é tão bonito como o da Maria," murmurou para si mesma, olhando com inveja para Maria e depois para a sua amiga Janette, cujo cabelo longo e sedoso brilhava à luz.
"Ouvi dizer que alguém está apaixonado por ti, Liana," provocou Janette, com os olhos a cintilar de malícia.
"Quem?" perguntou Liana, com o coração a saltar uma batida ao pensar que as suas preces por amor podiam finalmente ser atendidas. Nesse momento, um rapaz da turma, Jacob, aproximou-se dela com um passo confiante.
"Ei, eu amo-te," declarou Jacob, fazendo com que o rosto de Liana corasse intensamente.
"Estou a brincar. Por que estás tão vermelha?" Jacob riu, acompanhado por Janette e o resto da turma. O rosto de Liana ardia de vergonha, e ela permaneceu em silêncio.
O dia arrastou-se até finalmente terminar. Liana arrastou-se até casa, para o seu pequeno quarto num grande palácio - um contraste gritante, já que ela e a sua família de quatro partilhavam um espaço exíguo dentro do edifício luxuoso. A sua mãe estava a cozinhar ovos na casa de banho, num pequeno fogão a gás, quando Liana entrou e se sentou ao lado dela.
"Como correu a escola hoje?" perguntou a mãe, com a voz calma mas cansada.
"Nada de novo. Pára de me fazer essas perguntas," respondeu Liana com aspereza.
O rosto da mãe torceu-se de raiva. "POR QUE NÃO ÉS COMO AS OUTRAS RAPARIGAS? AS TUAS PRIMAS CONTAM TUDO ÀS SUAS MÃES." Liana mordeu a língua, recusando-se a responder. Comeu os ovos mexidos e queimados em silêncio, acabou os trabalhos de casa e foi para a cama.
Essa noite, Liana encontrou-se numa paisagem de pesadelo. O chão debaixo dos seus pés era estranho e inquietante. Olhou para baixo e viu corpos sem vida, poças de sangue e o som assustador de cavalos ecoando ao seu redor. O cheiro do sangue era nauseantemente real. Apesar do medo, não conseguia parar de caminhar. Eventualmente, viu uma figura a sorrir-lhe, mas não conseguia discernir se era um homem ou uma mulher.
Acordou, com o coração a bater descompassadamente, completamente aterrorizada. Mas sabia que não valia a pena acordar a mãe - ela só ficaria zangada se fosse acordada por um mero pesadelo. Liana ficou deitada, a olhar para o tecto, ouvindo os gritos e risos bêbados vindos da rua lá fora, incapaz de afastar a visão assustadora da sua mente.