Capítulo 1 🪄

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Não sabia dizer, que viver a vida toda em um orfanato era bom ou ruim

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Não sabia dizer, que viver a vida toda em um orfanato era bom ou ruim. Ruim talvez por nunca nenhuma família querer te adotar, e você se achar ruim o suficiente para ninguém querer você na família. E o lado bom? Honestamente, não há lado bom em viver toda a sua infância e adolescência em um orfanato caindo aos pedaços, com uma velha que não vê a hora de se livrar de você. Talvez esse era o fardo que eu teria que carregar por mais dois anos até completar dezoito e finalmente, ser livre desse lugar. Esperança de se ser adotada eu já não tinha mais, quem é que quer adotar uma adolescente? Pois é, ninguém.

Encostada na janela do meu quarto, eu observava as crianças com roupas maltrapilhos brincarem de piratas no quintal do orfanato. Saudades de quando eu tinha essa idade, e a minha única preocupação era se eu seria adotada ou não, e o que comeria no almoço e jantar. Sorri quando um dos menores começou uma luta de espadas, para saber quem se apossaria do navio pirata. Crianças, tão puras e inocentes. Com a chegada do outono, já era possível ver algumas árvores com as suas folhas secas, e sentir a brisa gelada do vento. O sol estava escondido por entre as nuvens nubladas, e a pouca iluminação que tinha, eu tentava ao máximo me aquecer. A região onde o orfanato está localizado, é uma região gélida da Inglaterra e nem mesmo no verão estamos livres do frio. Então, quando o sol resolve aparecer, é motivo de festa e comemoração.

Com um leve tremor em minhas mãos, me afasto abruptamente da janela e me sento na beirada da minha cama, e olho perplexa para as minhas mãos trêmulas. Nos últimos meses têm acontecido coisas estranhas comigo, coisas que se eu contasse para alguém ninguém acreditaria. E garanto, não é a puberdade da adolescência. É algo tão forte, que não sou capaz de controlar. Na semana passada, quando a Sra. Ramos - dona do orfanato -, veio implicar comigo alegando que nenhuma família nunca quis me adotar por eu ser inútil, eu senti muita raiva, e quando essa raiva ardeu em chamas dentro do meu peito, o copo que a Sra. Ramos segurava, explodiu em suas mãos. Confesso, que dei um sorriso satisfeito ao ver seu desespero. Ou quando outro dia, apenas com o meu olhar fiz uma pedra flutuar e acertar as costas da Sra. Ramos. Eu simplesmente não entendo como fiz essas coisas, e simplesmente sempre acontecem quando estou em um acesso de raiva. Às vezes, eu sinto medo de mim mesma, como se eu fosse uma aberração que veio com defeito ao mundo. Acho que por isso que evito ao máximo não ficar perto das outras crianças, não quero machucá-las com esse meu "problema temperamental".

Escutei passos vindo do final do corredor, e a julgar pelo tilintar dos saltos no piso desgastado de madeira do orfanato, pude identificar que era a Sra. Ramos. Peguei rapidamente um livro sobre geometria que estava no criado mudo ao lado da minha cama, e abri em uma página qualquer a fim de disfarçar a minha mão que estava trêmula. Não demorou para a velha dona do orfanato aparecer no batente desgastado da porta do meu quarto, com uma expressão ríspida escancarada no rosto. As marcas de expressão por conta da idade da Sra. Ramos, já estava bastante visível na velha senhora, que por mais que tinha mais de sessenta anos não deixava de ser elegante, com seus saltos scarpin e batom vermelho. O cabelo preto realmente precisava de um retoque de tinta, visto que alguns fios brancos estavam começando a aparecer.

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⏰ Última atualização: Jun 21 ⏰

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