Os meus banhos frios de vela e as fotos pela minha parede, tanto as penduradas quanto as não penduradas são as coisas que me trazem de volta enquanto os impulsos ficam cada vez mais fortes, enquanto os olhos semicerrados dela me deixam cada vez mais fraca ou enquanto mais rápido eu balanço os pés. Me sinto sozinha desde o nascimento, mas nunca foi tão forte e significante quanto agora que respondo por mim mesma, cresci órfã com uma mãe no quarto ao lado que hoje quer tanto se fazer presente que quase acredito em culpa. Eu me lembro deles quando minhas pernas doem ou do desconforto íntimo de quando meus cabelos formam algumas espirais, cachos me lembram da infância que apaguei aos treze. No fim do dia sempre com remorso da cafeína excessiva, do tempo desperdiçado e da não procura pelo meu passado, carregar essa massa biológica por aí de triagem ruim e de histórico vergonhoso, eu nunca me senti tão morta. Pessoas insistem em me conhecer sabendo que minha típica resposta é a desistência e o abandono, estamos fadados a sermos o que nossos pais foram. Eu irei pela água ou pelo fogo e então queimei a casa com quem eu amava dentro, eu a reconstruo, mas no final sempre procuro um jeito de assolar ela, é quase sina. Escrevo textos gigantes que parecem nunca lidos por ninguém.
