Luz efêmera

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Uma tempestade eterna abatia-se sobre o mar negro que rodeava uma enorme estrutura triangular, que permanecia intacta frente ao mar em fúria, frente aos relâmpagos e trovões, que enchiam os ouvidos dos habitantes com o rasgar do vento. Os residentes daquela estrutura sombria gritavam até os seus pulmões não mais aguentarem, os gritos ecoavam, no entanto, unicamente a própria pessoa ouvia a sua insanidade. Na sua maioria, os residentes, os prisioneiros de Azkaban, os "sortudos" que abriam os olhos, dia após dia, eram visitados regularmente. Dementadores. Não-seres das trevas. O seu trabalho, sugar qualquer traço de felicidade dos seres vivos.

Vamos entrar em Azkaban, que tal? Celas eram decoradas com um ser humano da mais detestável espécie, outras não. Não chegava a esse ponto. Um esqueleto ou um fantasma, tátil e visível, no entanto, era algo indecifrável, a presença deles criava uma atmosfera tensa. Dementadores sobrevoavam cela a cela, eles espreitavam uma e outra vez, assim como todo o lugar por onde passavam. Os olhos eram inúteis, eles nem mesmo apresentavam tê-los, era medonho.

Com a aproximação das sombras, um ser humano desapareceu. Azkaban havia perdido um prisioneiro. Ou, por outro lado, um novo ser residia na cela, um cão. Um cão negro encolhia-se, ,encostado à parede, uma minúscula janela permitia a mínima luz entrar no seu humilde "quarto". Em frente às grades da pequena cela, sombras pairavam. Foi questão de segundos para os Dementadores continuarem o seu rumo, mas não para o prisioneiro, para ele, cada batida do seu coração que escutava aumentava a agonia que sentia, a tensão colocava o corpo do animal sob pressão. 

Ele mantinha-se na sua forma animal, Dementadores visitavam constantemente, imprevisivelmente, por essa razão ele mantinha-se em alerta. Ele não podia fraquejar, não no mundo perigoso em que vivia, e não no lugar mais sombrio do mundo bruxo que alguma vez viu e, agora, vivia.

Azkaban sentia falta de raios de sol, o último dia com luz solar naquele lugar não é conhecido, se alguma vez o sol abateu sobre Azkaban, isso não era do interesse de nenhum prisioneiro. Por outro lado, em outro lugar no mundo, os últimos raios de sol batiam sobre a cidade Little Whinging, sobre a Rua dos Alfeneiros, em breve o céu tornar-se-ia laranja.

Enquanto a noite não chegava, duas crianças vasculhavam o exterior da casa. Atrás da casa, flores cresciam, ambos gostavam daquele lugar, era sossegado. O frio que se instalava não os incomodava tanto, apesar de um cobertor lhes ser bem-vindo, eles não faziam questão de o ter. Silenciosas, um silêncio tranquilo entre as crianças, os dois pegavam diversas flores, entre elas: hibiscos, camomilas e claro, petúnias. Estas últimas, as crianças pegaram por diversão, petúnias brancas eram as flores favoritas da sua tia Petúnia, uma reles mulher, cujo único sorriso que presenteou aos gêmeos foi de maldade.

- São o suficiente, Isa? - perguntou a pequena criança, as suas mãos eram muito pequenas, mas seguravam uma grande quantidade de flores. Ele agradecia que as flores que segurava não tivessem espinhos, ou tinha a certeza que ele e a sua irmã se cortariam todas as vezes que a menina quisesse colher mais flores.

Ao ser questionada, a menina, com os seus olhos indescritivelmente verdes, iguais aos do seu irmão, olhava para as suas mãos, que seguravam fortemente vários caules de flores enquanto algumas pétalas desprendiam-se e caíam sobre a relva, a menina já sabia, por essa razão ela sempre pegava mais flores do que ia precisar por ora. Esticando o seu corpo, a menina levantou-se com as flores. Ela e o seu irmão tinham visivelmente a mesma altura, os seus olhos se encontraram com os do menino, que aguardava uma resposta.

- Colhemos mais do que o suficiente, consigo fazer com que elas durem por semanas. - o menino à sua frente assentiu, os seus olhos já piscavam de sono, a noite estava a chegar, a própria menina começava a sentir-se cansada.

Ambas as crianças esgueiraram-se sorrateiramente pela porta da frente, que eles mesmos haviam deixado mal fechada, já acostumados ao ambiente da casa e, portanto, sem fazer barulho algum, os dois seguiram até às escadas que davam ao andar de cima. Parados ao pé da escadaria, as crianças prestavam atenção a quaisquer barulhos vindos de cima, principalmente, os seus tios e primo deviam estar a dormir a esta altura. Assim, as crianças, que aparentavam ter os seus quatro anos de idade, abriram uma pequena porta branca no interior que dava para o interior da escadaria e entraram, fechando-a por fim.

Luz efêmera (Harry Potter)Onde histórias criam vida. Descubra agora