Eu olho para minhas mãos,
deveriam ser minhas, certo?
isso deveria estar certo, porque não está certo?
não, não está certo,
esse corpo podre,
cansado,
imundo,
desenhando tão torto como sempre achei me cair bem,
essas pernas falham,
essa cabeça estranha cheia de veias, nervos,
células e carne, pulsando, agoniando, coçando.
eu preciso,
eu preciso sair desse corpo, ele não é meu,
eu não lembro de ser meu,
não parece ser meu.
qualquer coisa que eu possa chamar de memória some, não deixa rastros.
eu preciso sair,
eu preciso escapar desse arredor estranho.
eu forço esse corpo a gritar,
eu vejo esse corpo chorar,
essa pessoa,
essa carne,
essa casa,
essa "realidade",
essa sensação de ser um estranho,
eu preciso sair, eu preciso fugir,
correr,
correr,
correr,
correr,
Morrer.Ela estava certa, ela era uma observadora,
ela rasgou aquele rosto, perfurou aqueles olhos que pareciam ser sua prisão,
mas essa falsa realidade,
esse lugar tão estranho,
esses momentos tão falsos,
nunca a deixaram escapar.•
(Repostei e não revisei dnv, acontece)