Capítulo 01

74 5 2
                                    


— Ai, não acredito nisso!

— Calma, senhorita... — O homem atrás do volante falou. Falar é fácil, amigo!

— Moço, o senhor não está entendendo! Se eu perder essa chance, eu acho que... Olha, eu nem sei!

Coloquei minha cabeça entre as mãos, de olhos fechados, esperando por um milagre.

Depois que o papai morreu, Jack e eu ficamos à deriva, sem nada, exceto um ao outro. Meu irmão tem problema cardíaco e precisa tomar medicação controlada, a fim de evitar que seja necessário um novo coração.

Mas sem dinheiro, as coisas ficam mais difíceis.

Eu tinha acabado de me formar e aquele emprego apareceu como uma luz no fim do túnel. Crane's Designs estava contratando e aceitavam recém-formados. Eu levantei as mãos para o céu quando vi a oportunidade e não perdi tempo.

Bom, quase, né? Porque eu tinha dormido demais depois de passar muitas horas estudando. Pensei que estaria tudo bem, apenas precisaria tomar um banho mais rápido. Porém, eu estava enganada. Um maldito engarrafamento estava acabando comigo!

— Eu vou ver se consigo um atalho! — O motorista, um senhor de cabelos quase brancos, falou, antes de jogar o carro para uma ruela e pisar no acelerador.

No geral, eu não era dada a esse tipo de fonte de adrenalina, mas francamente, eu só podia ficar grata!

Eu já estava com o dinheiro na mão, quando o carro parou e eu paguei pela corrida, abrindo a porta na pressa.

— Boa sorte!

— Obrigada!

Estava tão afoita que não olhei direito o caminho e acabei esbarrando em alguém, indo parar no chão. A dor no coxi foi imediata, subindo pela minha lombar.

Eu queria xingar. O que diabos aquela pessoa fazia parada, no meio da rua, em frente a um prédio comercial daquele porte?

Levantei meus olhos, pronta para o ataque, quando quem foi nocauteada fui eu mesma. Um par de olhos verdes me encarou. Minha nossa, o calor subiu!

— Terminou? Ou quer tirar uma foto, para poder continuar olhando mais tarde? — O tom de deboche com irritação, do homem, me tirou do transe.

O olhar dele era de nojo. Mas que atrevimento! Só que aquele não era o momento para arrumar uma confusão, por isso, engoli as minhas palavras malcriadas.

— Desculpe, eu não queria esbarrar no senhor. Foi a pressa e...

— Não estou interessado! — Ele soltou, mais frio do que um iceberg, enquanto eu limpava a minha saia lápis.

— Com licença! — Falei o mais neutra que eu pude, já que a vontade era de mandar o homem se lascar.

"Calma, Julie, Calma!", disse a mim mesma, enquanto passava pelo gostosão e ia para a entrada do prédio.

Após ser informada pela recepcionista do edifício, uma senhora muito simpática, por sinal, de que o andar que eu procurava era o vigésimo quarto, corri para os elevadores. Eu queria culpar algo, então, em vez de dizer que era a minha agonia em chegar logo, preferi acreditar que o elevador estava demorando de propósito, como se soubesse que eu tinha urgência.

Demorou para chegar no primeiro andar, demorou para subir "meros" vinte e quatro andares! Que tipo de serviço eles tinham ali?

Assim que as portas se abriram, eu saí em disparada. Porém, não fui muito longe, esbarrando em outra pessoa. Caramba!

Apenas me ame - DEGUSTAÇÃO APENASOnde histórias criam vida. Descubra agora