Meus olhos se perdem nas curvas
Sentir o toque úmido inundou meus sentidos
A modéstia é a mentira em sua forma mais crua
A vaidade é um poder temidoNeste lago, embebedei-me na fonte da criação
O Amor é uma musa pérfida
Sereia do desvario humano, culminaria em minha destruição
Pensaram que a punição seria minha lástimaE no culto interminável de reflexos
Faço-me da terra, o homem mais puro do mundo
Onde para o alheio, careço de nexo
Enquanto as mãos molhadas do Amor me puxam para o fundoApolo é um grão de areia
Na água, monto meu império de vidro
O sangue esfria, a sereia estrangula as veiasNuma espécie de psicose, a perfeição me abraça
Uma bolha de vida mistura-se à Natureza
O universo, agora, ouve o nome da graça
Aquele que fez dos deuses, a cinza
Narciso.

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Narciso
PoetryOs olhos que se mergulham numa estrada frágil de poder e megalomania.