Pov: Ruivinha
Fui acordada pelo falatório do lado de fora do casulo em que fui colocada. Meu coração acelera já acostumado com a situação em que eu estava antes que eu me recorde nos rapazes que possivelmente me salvaram de meu abusador.
-Boa noite.- O homem que me tem em seus braços me cumprimentou trazendo a atenção das outras pessoas para mim. Bocejo e logo depois esfrego o rosto em seu manto quente murmurando um protesto por ter acordado.
- Boa noite, cara mia. Já entraremos no jatinho, não farei com que espere mais.- o conjunto de sensações não me permitiu raciocinar direito antes mas agora foi como de minha cabeça fizesse sons de cliques e peças de um quebra cabeça estivessem sendo montadas em minha mente.
Jatinho? Onde estamos indo? São pessoas desconhecidas. São mais estupradores? Senhor Tavares também me tratou bem no começo.
- Me coloca no chão! Já estou bem!- me contorno no corpo duro.
- Tesouro, pre-
- ME COLOCA NA PORRA DO CHÃO!- meu corpo começa a tremer e lágrimas caem de meus olhos sem que eu tenha controle delas. Estou apavorada!
- Onde pensam que vão me levar? Não vou a lugar algum! Eu quero ir para casa!- não quero passar pela mesma coisa de novo ainda mais em dose tripla, já não suporto isso com um. Será que os outros também fazem parte disso?
Meus olhos alarmados vão de encontro com as demais pessoas que estão no terreno e um choramingo escapa pelos meus lábios rachados.
E como se a compreensão atravessasse os olhos de todos, As novas pessoas me olham com pena e os três de antes tentam esconder a mágoa transparente em seus rostos, coisa que me deixa com raiva e confusa. Odeio que sintam pena de mim, embora seja digna dela, e pq estão magoados?
- Principeza, não vamos te machucar, nunca seríamos capazes! Só queremos cuidar de você. - Caius súplica uma mudança de pensamentos meus, seu rosto contorcido de dor.
- Parem de me chamar assim! Eu não sou sua princesa, não sou seu tesouro e sei lá o que significa cara mia, eu só quero ir para casa, por favor. - praticamente grito com os três me alterando, sentindo as lágrimas voltarem com ainda mais força logo depois. Estou a ponto de me jogar no chão e clamar por misericórdia, não posso passar por isso de novo!
- Senhorita, por favor.- os três pedem juntos em unisoro. Olho ao redor, para cada rosto ali presente, a derrota dominando minha feição quando percebo que lutar de nada adianta, são sete contra um, praticamente todos homens e todos fortes e saudáveis e eu fraca e machucada. Que chance teria? Outro choramingo meu ecoa pelo terreno e eu abraço meu corpo caminhando em direção ao jatinho.
Não presto atenção no design da máquina, pq iria reparar? Estou ocupada demais me afundando mais ainda no fundo do poço com minha nova situação. É isso, estou destinada a morrer sendo violentada, machucada, passando fome e sede.
Encontro as poltronas na lata surpreende espaçosa e me jogo na do canto, junto as pernas ao peito e tombo a cabeça para trás. Se eu estivesse no mundo dos vivos como deveria estar estaria olhando para a diagonal do jatinho, mas o que menos vejo é isso.
- Pode ir para quarto nos fundos dormir, você ainda está exausta.- a voz de alguém me tira da minha bolha me obrigando a encarar o tempo real.
- Não!- exclamo assustada com a opção. Os três caras estão se acomodando nas poltronas ao meu lado.
- Ei, tudo bem, pode ficar aí, não tem que ir para lá.- o de cabelo loiro tenta me acalmar.
-Podemos nos apresentar a você querida?- Viro a cabeça para as poltronas da frente onde os rapazes de cabelos mais escuros estão acomodados esperando que continuem.- Eu sou Marcos Volturi e esses são meus irmãos Aro e ao seu lado Caius.- Caius encolhe os ombros acenando para mim. Sua atitude me lembrou uma adolescente tímido e isso me fez inclinar os lábios minimamente, o que pareceu agradar os três irmãos ao meu redor.
-Podemos saber seu nome, querida?- Aro pergunta cheio de expectativa.
-Leonor.- sopro meu nome para eles.
Do corredor se aproxima a mulher que estava entre os seis homens terreno com uma bandeja de comida. Me ajeito na poltrona mantendo meus fixos e desesperados na bandeja, a fome prestes a me dominar.
-Mestres, senhora.- Pela visão periférica vejo ela se curvar em uma reverencia.- O jatinho decolará em 5 minutos. Acredito que a senhora deva comer um pouco.- Sugere caminhando até mim.
Pego a bandeja praticamente babando. Abro primeiro o copo de água para matar minha sede pegando um sanduiche logo depois.
-Hum.- resmungo de satisfação ao dar a primeira mordida- Não te dava o devido valor antes!-Confesso para a comida de boca cheia e agradeço mentalmente a loira por ter feito vários daqueles.
-Ele te alimentava?- Aro perguntou preocupado. Balancei a cabeça- Água?- neguei mais uma vez.
O rosto dos três se contorcem de raiva.
-Quanto tempo ficou suspensa, querida?- Caius questiona erguendo a mão em direção ao meu cabelo mas parando e recolhendo a mesma para pousar no braço da poltrona no meio do caminho.
-Ele nunca me soltou desde que entramos naquela casa- contei.
-Filho da puta desgraçado- os irmãos braguejam.
Rio enquanto me perdia em minhas lembranças.
-Era para ser um tempo feliz esse- os rapazes param seus discursos indignados me doando sua total atenção, ansiosos pelo meu desabafo.- tinha arrumado meu primeiro emprego de verdade, estava ajudando em casa, fazendo minhas irmãs felizes e ia conseguir me livrar dos meus pais em breve para finalmente ter paz.
-Morria de medo de perder o estágio e por isso me matava para agradar o patrão. Achei incrível a amizade que estava surgindo entre a gente, encarava isso como uma oportunidade de crescer lá mesmo, nunca passou pela minha cabeça que eles estava armando para mim.
E aí as manipulações e ameaças começaram, as perseguições, as fotos. Eu não podia...- solucei.- deixá-lo chegar perto das minhas irmãs.- parei por um momento atordoada pelas imagens que minha mente traidora reproduzia.-E ai ele me tocou a primeira vez. Eu era virgem. Tinha medo de perder e a pessoa sumir na minha vida logo depois- rio sem humor- se soubesse tinha dado para qualquer um mesmo, pelo menos eu iria querer...
Levanto a cabeça olhando para eles novamente.
-Afinal, por que vocês fingem se importar?- enfim os questiono.
Os três fazem careta.
-Não estamos fingindo!- eles se defendem mais uma vez indignados.
Aro suspira.
-Tudo bem. Querida, tente não se apavorar, ok? Olhe as circunstâncias. Te salvamos, estamos cuidando de você e um médico te visitará em nossa casa após o pouso. Não queremos te machucar!- ele faz uma pausa dramática.- Somos vampiros.
Me preparo para rir da piada, mas finalmente levo em consideração a cor de seus olhos. Sim, eu já tinha visto que eram vermelhos e tals, mas não estava em condições de pensar com clareza. Toco a mão de Caius que permanecia no braço da poltrona. Dura e fria. Levanto o olhar para seus olhos constatando mais uma vez só para ter certeza. Vermelhos.
Com os olhos arregalados pronuncio a única palavra que me vem a mente.
-Merda.
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Um Novo Amanhã
VampireNessa história uma garota cujo coração é constantemente quebrado desde o início de sua primeira infância descobre que é sim digna de todos os seus sonhos e de tudo o que é bom no mundo. Ela é mais do que digna! Nessa história uma mulher é amada e cu...