Vidro não quebra, estilhaça.
Não em grandes pedaços, mas dissolvendo-se em cacos finos,
daqueles que perfuram a pele e deixam uma dor amarga na carne.
Vidro não se parte ao meio, ele se espalha,
perdendo-se nos cantos remotos, deixando seus vestígios para trás.
Como se não fosse capaz de se reunir e se refazer, e de fato, não é.Vidro não quebra, estilhaça.
Não com um baque surdo, mas de forma agitada e dramática,
e, da mesma maneira, pode ser silencioso e tranquilo.
Vidro não se parte ao meio, ele se espalha
em pequenas partes fragmentadas que ainda reluzem sob o sol,
um sol que insiste teimosamente em tocar o que não se refaz.Vidro estilhaçado não se conserta, pois cacos pequenos apenas machucam.
Não se pode colar, e mesmo que cole, nunca será o mesmo.
Eles não se encaixam, não cabem, e suas marcas ficam evidentes,
como cicatrizes que o tempo não apaga.
Não adianta chorar pelo que se perdeu,
tentar segurar o que já escorreu.vidro estilhaçado não se conserta, pois cacos pequenos apenas machucam.
Não adianta tentar recolher; os contornos se perderam.
Estão ali,
mas não pertencem mais a você.
Se quiser tocar, tente, mas a cada toque só abrirá mais feridas.
Feridas abertas na carne nunca cicatrizam.E no fim, não há lágrimas que resolvam, nem gritos que ressoem.
A dor se cala, mas permanece.
Afinal, vidro não quebra, estilhaça
em fragmentos que, como eu, nunca voltam a ser os mesmos,
deixando apenas a dor de sermos menos do que um dia já fomos.
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Ilusão.
PoetryA ilusão de achar que era amor doeu menos do quê realmente te amar. Apenas frases desconexas de uma menina cujo peito é tão repleto que acabou por transbordar.