Capítulo 1

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"Ninguém é capaz de dominar
uma dor"

Inglaterra, Londres 2001

O Natal chegou de novo, tomando seu lugar nas ruas e contagiando felicidade nas pessoas.
A vovó estava na cozinha preparando o jantar, enquanto o vovô assitia sua missa na televisão e minhas irmãs estavam abrindo os presentes embaixo da árvore.
Eu estava na janela,na esperança de que desta vez ela viria e cumpriria sua promessa.

—Desista Paula, ela não vai vir.— Denise disse enquanto se olhava no espelho experimentando a nova maquiagem que havia ganhado de sua tia.

Não dei atenção a ela, por que eu tinha fé de que desta vez ela viria e traria presentes como sempre dizia nas cartas que enviava. Denise dizia que a mamãe foi embora para conseguir ter uma estabilidade melhor, que em Nova York ela teria mais oportunidades de engrandecer e ter mais dinheiro.

—Ta pronto!— a vovó gritou da sala de star.

Todo mundo já se acomodou na mesa, enquanto eu ainda estava na esperança dela ter se atrasado no vôo.

“Por favor Deus, que ela venha esse ano” eu rezava em silêncio. Pedindo que desta vez minhas orações seriam atendidas.

— Paula venha para a mesa.— A vovó chama.

— Esperem mais um pouco ela já deve estar chegando.

Ouvi um sussurro “ela ainda tem esperança” com algumas risadinhas mesa, elas ainda me achavam uma tola. Eu não tenho muitas lembranças da minha mãe, ela foi embora quando eu tinha 3 anos e minhas 5 irmãs Denise, Ana, Violeta, Jess, Aura. Eu sou a mais nova delas, Denise já está quase terminando a escola, Ana fica no quarto ouvindo rock o dia inteiro, Violeta cuida da casa com a vovó, Jess é louca por motos. Aura foi com a minha mãe para longe já que dava muito trabalho por não enxergar e ser autista. Violeta diz que a mãe estava atrás de alguma cura para Aura, mas pelo visto é impossível já que ia médicos dão o mesmo resultado.

Dou um salto do sofá quando a campainha tocou, fui correndo até porta agradecendo a Deus que desta vez ela tenha vindo.
Quando abri a porta, havia um homem com mais o menos quarenta anos com cabelos brancos.

— Aqui é a casa da família de Eleonor Gilbert?

—Sim.

— Tenho uma carta para Paola Gilbert. É você??

Assenti com a cabeça.

Ele me entrega a carta e assente com a cabeça, se esvaindo com a noite. Volto para sala com a carta em mãos, minhas irmãs s me olharam com pena como se já soubessem o que irá acontecer.

Sento no sofá e começo a abrir delicadamente a carta.

Querida Paula

Peço desculpas por não passar o natal com você e suas irmãs de novo, mas infelizmente as coisas aqui não estão fáceis e talvez eu não voltarei tão cedo.
Seu presente chegará em breve, mandei um beijo para suas irmãs por mim.

Ass: Mãe Se

Não sei ao certo quando comecei a chorar, só me lembro de me trancar no quarto e chorar a noite inteira. Eu já devia saber que ela nunca viria e que ela se esqueceu de nós, pensei várias vezes no nosso abraço, nos passeios juntas, nas conversas e na incrível possibilidade de ter uma mãe. Agora este sonho está virando um pesadelo com o passar dos minutos, senti uma pontada de raiva e sabia que iria sentir aquela raiva pelo resto da minha vida.

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⏰ Última atualização: Jun 29 ⏰

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