Impulsos.

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Caminhava pelos corredores do Instituto com passos firmes, tentando não deixar transparecer o turbilhão de emoções dentro de mim. A raiva e a angústia me seguiam como sombras. Tudo o que acontecera nos últimos dias me deixara abalada. Valentim desaparecido, o caos crescente, e eu me sentindo cada vez mais perdida. Minha teimosia e determinação eram conhecidas por todos, mas naquele momento, eu estava à beira de um colapso.

Ao virar uma esquina, quase trombei com Sebastian Verlac, o novo transferido do Instituto, que perdeu ontem para mim. Havia algo nos olhos dele que me desconcertava, uma familiaridade perturbadora que eu não conseguia explicar. Mas eu não tinha tempo para me preocupar com isso. Precisávamos encontrar Valentim e acabar com aquela ameaça de uma vez por todas.

— Sarah — ele chamou, sua voz suave interrompendo meus pensamentos. — Precisamos conversar.

Eu parei, relutante, mas incapaz de esconder a raiva que brilhava em meus olhos.

— Não temos tempo para conversas, Sebastian — respondi com frieza. — Valentim está solto, e precisamos detê-lo.

Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre nós. Seus olhos, intensos e penetrantes, me fizeram recuar um pouco, apesar de eu não querer admitir meu desconforto.

— Só vai levar um momento — insistiu ele, quase suplicante. — É importante.

Suspirei, frustrada, e assenti, seguindo-o até uma sala vazia. Assim que a porta se fechou, me virei para encará-lo, cruzando os braços em um gesto defensivo.

— Fale logo, então.

Ele me observou por um momento, seus olhos parecendo ver além da fachada que eu tentava manter. Sebastian deu um passo à frente, depois outro, até estar perigosamente próximo. Meu coração acelerou, não de medo, mas de uma sensação estranha e proibida.

— Sarah... — ele murmurou, e antes que eu pudesse reagir, seus lábios se encontraram com os meus.

Foi um beijo roubado, intenso e cheio de sentimentos confusos. Fiquei imóvel, chocada e incapaz de processar o que estava acontecendo. Mas então, a raiva e a confusão explodiram dentro de mim. Eu o empurrei com força, os olhos faiscando de fúria.

— O que você pensa que está fazendo?! — gritei, minha voz tremendo tanto de raiva quanto de outra emoção que eu não queria admitir.

Sebastian me olhou com uma mistura de dor e desejo, mas rapidamente recuperou sua postura calma.

— Desculpe, Sarah. Eu não deveria ter feito isso. — Ele deu um passo para trás, tentando acalmar o turbilhão de sentimentos que passava por seus olhos.

Ainda ofegante, tentei me recompor. Não podia me permitir ser vulnerável, não agora. Com um último olhar fulminante para Sebastian, saí da sala, deixando-o sozinho com seus próprios demônios.

Enquanto caminhava pelos corredores, sentia-me mais confusa e abalada do que nunca. O que significava aquele beijo? E por que parecia haver algo mais profundo por trás dos olhos de Sebastian? Essas perguntas me assombrariam enquanto eu continuava minha luta contra as forças sombrias que ameaçavam destruir tudo o que eu amava.

Saí da sala com o coração ainda batendo descompassado. Cada passo que eu dava parecia ecoar pelos corredores vazios do Instituto, e minha mente estava uma confusão. As perguntas me assaltavam sem piedade: Por que Sebastian me beijou? O que ele realmente queria de mim? E por que, apesar de tudo, uma parte de mim queria acreditar que havia algo mais por trás daquele gesto?

Respirei fundo, tentando me concentrar. Eu não podia me dar ao luxo de me distrair agora. Valentim estava à solta, e todos contavam comigo para ajudar a detê-lo. Havia uma reunião marcada com os outros Caçadores de Sombras na biblioteca, e eu precisava me recompor antes de encará-los.

Quando cheguei à biblioteca, encontrei Alec, Isabelle e Jace esperando. Suas expressões eram sérias, refletindo a gravidade da situação.

— Sarah, finalmente — disse Jace, com um tom de impaciência. — Precisamos discutir nossa próxima ação.

Assenti, tentando parecer mais confiante do que realmente me sentia. Sentamos ao redor da mesa, e Alec começou a explicar o plano. Eu tentei prestar atenção, mas minha mente continuava voltando para Sebastian e o beijo inesperado.

— Sarah, você está bem? — A voz de Isabelle me trouxe de volta à realidade. Ela me olhava com preocupação, e percebi que todos estavam esperando minha resposta.

— Sim, desculpem. Só estou um pouco cansada — menti, forçando um sorriso.

Eles pareceram aceitar minha explicação e continuaram com a discussão. Fiz o possível para me concentrar, mas a imagem de Sebastian continuava me assombrando. Isabelle me conhecia muito bem, não sei se ela acreditou.

Após a reunião, fui para o meu quarto. Precisava de um momento para processar tudo o que estava acontecendo. Sentei na beira da cama, enterrando o rosto nas mãos. As lágrimas que eu segurava finalmente começaram a cair.

Não sabia quanto tempo fiquei ali, mas eventualmente ouvi uma batida suave na porta. Limpei as lágrimas rapidamente e tentei compor uma expressão neutra.

— Entre — disse, a voz ainda um pouco trêmula.

A porta se abriu lentamente, revelando Sebastian. Meu coração deu um salto, e a raiva que eu tentara suprimir voltou com força total.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, minha voz gelada.

Ele entrou e fechou a porta atrás de si, parecendo tão perturbado quanto eu me sentia.

— Precisamos conversar, Sarah. De verdade desta vez.

Eu cruzei os braços, tentando manter minha postura defensiva.

— Sobre o que? Sobre o fato de você ter me beijado sem minha permissão? Ou sobre o que realmente está acontecendo aqui?

Sebastian deu um passo à frente, seus olhos cheios de algo que eu não conseguia decifrar.

— Sobre nós. Sobre o que está acontecendo entre nós.

Ri, um som amargo que ecoou pelo quarto.

— Não há "nós", Sebastian. Você é apenas um Caçador de Sombras transferido para cá, e eu tenho coisas mais importantes com que me preocupar.

Ele balançou a cabeça, parecendo frustrado.

— Não é tão simples, e você sabe disso. Há algo mais aqui, algo que você está negando.

A raiva em mim fervia, mas por baixo dela havia algo mais, algo que eu não queria admitir.

— Saia, Sebastian. Tenho coisas para fazer.

Ele hesitou, mas acabou obedecendo, saindo do quarto e me deixando sozinha novamente. Sentei na cama, sentindo-me mais confusa e abalada do que nunca. Quando Sebastian saiu do meu quarto, vi que flores que estavam próximas dele ficaram mortas... Eu conheço isso? Não... Eu devo ter deixado elas morrerem de falta de água.

Precisava de respostas, e rápido. E precisava me concentrar na missão, mas não podia negar que algo em Sebastian mexia comigo de uma forma que eu não entendia. E isso era tão aterrorizante quanto a própria ameaça de Valentim.

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⏰ Última atualização: Jun 30, 2024 ⏰

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Meu Irmão?! (Jonathan x Oc)Onde histórias criam vida. Descubra agora