SÓ PRA VOCÊ LEMBRAR | FILIPE RET (PAUSADA)

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Ret

Deitei ao lado dela, sentindo o coração ainda acelerado. Olhei para o teto, enquanto ela dormia ao meu lado, e comecei a pensar em tudo o que tinha acontecido. Cara, eu nunca pensei que ia me ver nessa situação. Sempre curti a vida, sem compromisso, só pegando geral, mas com a Kiara é diferente.

Levantei devagar pra não acordar a Kiara e fui pra varanda. Precisava respirar um pouco e organizar meus pensamentos. A brisa da noite era refrescante, e me ajudou a clarear a mente. 

A verdade é que eu curti pra caramba ficar com a Kiara. Ela mexe comigo de um jeito que ninguém nunca mexeu.

Pego meu verdinho e acendo. 

Fico me dividido em duas partes.

Filipe, acorda, irmão, pensei comigo mesmo. Tu é um cantor de rap, vive rodeado de mulher, e agora tá aqui pensando em relacionamento sério.

Só que a Kiara não é qualquer uma. Desde que conheci ela, senti uma parada diferente. Não era só atração física, tinha uma conexão, algo mais profundo.

Eu sempre fui mulherengo, isso todo mundo sabe. Show depois de show, sempre tinha alguém querendo ficar comigo. Nunca faltou opção. 

Ela me desafiava, me fazia querer ser melhor. E isso, pra mim, era novo. Me ajudando até na questão da cocaína, mesmo que recaí algumas vezes mas não falei pra ela, com medo dela se afastar.

Decidi que ia tentar. Por mais que fosse difícil, por mais que fosse contra tudo o que eu tinha vivido até agora, eu ia me comprometer. Queria ver onde isso ia dar. 

Voltei pro quarto e deitei ao lado dela, pensando no que o futuro reservava pra gente.

[...]

Os dias começaram a passar rápido. Eu e a Kiara, a gente tava bem, na maioria das vezes. Mas, claro, rolaram uns perrengues. A gente brigava demais por causa de mensagens que ela via no meu celular. 

Tipo, eu não tava dando em cima de ninguém, mas admito que às vezes dava corda pra algumas meninas. Principalmente a Nicole.

Numa dessas noites, a Kiara chegou aqui em casa, já com aquela cara de quem tá puta. Eu sabia que vinha bronca.

Kiara: Filipe, a gente precisa conversar. - Ela começou, cruzando os braços.

Suspirei, já sabendo o que era. 

Ret: Sobre o que agora, Kiara?

Kiara: Sobre as mensagens que vi no seu celular. Você não dá em cima delas, mas fica dando corda. Especialmente com a Nicole. - ela falou, tentando manter a calma.

Ret: Ah, Kiara, sério? De novo essa história? Eu já falei que não tô fazendo nada de mais. - respondi, tentando me defender.

Kiara: Filipe, você sabe que isso me incomoda. Se estamos juntos, por que continuar falando com outras meninas desse jeito? -  Ela insistiu, a voz ficando mais alta.

Ret: Olha só, cê tá exagerando, Kiara. Eu só tô sendo educado. Eu não vou trair você. Tentei explicar, mas sabia que não ia adiantar.

Kiara: Não é só sobre trair, Filipe. É sobre respeito. Eu preciso sentir que sou a única pra você. -  ela disse, com lágrimas nos olhos.

Cara, ver ela assim mexia comigo. Eu sabia que tava errado, mas mudar era difícil. "Tá bom, eu vou tentar melhorar

Ret: Mas você também precisa confiar em mim. A confiança tem que ser dos dois lados.

Ela suspirou, visivelmente cansada.

Kiara: Eu sei. Vamos tentar fazer isso funcionar.

As semanas passaram e a gente foi tentando. Entre altos e baixos, eu me esforçava pra ser o cara que ela precisava. Porém, tinha hora que ela me estressava demais, na sinceridade. Umas inseguranças. 

E também essa amizade dela com o cabelinho não curto muito não. Sei que o cara é meu amigo, mas sei também que ele não vale nada. 

Ainda rolavam umas tretas por causa das mensagens, mas eu tava tentando cortar isso. As coisas com a Nicole, principalmente, eram um problema porque ela iria participar de um clipe meu e do TH. 

Uma noite, depois de mais um show, eu tava exausto. Ainda com a adrenalina correndo nas veias, voltei pra casa e tomei um banho rápido. 

Quando saí, vi que tinha uma mensagem da Nicole no meu celular. Suspirei, já sabendo que aquilo podia ser problema. Ignorei, apaguei e continuei minha noite.

[...]

Acordei naquela sexta-feira, já com uma energia meio pesada no ar.

 Eu sabia que ia ser um dia complicado, era gravação de clipe e a Nicole iria participar, nem falei com a Kiara para não ter problema.

 Mas queria começar bem com a Kiara. 

Ela tinha decidido ficar no meu apartamento até eu voltar da gravação com o TH, então pensei em aproveitar o tempo que a gente tinha juntos antes de sair.

Levantei da cama, dei uma olhada na Kiara que ainda dormia, e fui pra cozinha preparar um café da manhã caprichado.

Kiara: Bom dia, gatinho - ela disse, se espreguiçando.

Ret: Bom dia, Morena. Fiz café pra gente - falei, apontando pras torradas e pro suco que tinha preparado.

Depois do café, fui tomar um banho e me arrumar pra gravação. Enquanto me vestia, ela veio até o quarto. 

Dei um beijo nela antes de sair, prometendo que voltaria o mais rápido possível.

Kiara: Juizo, hein. - ela diz

Ret: É o que mais tenho. - digo rindo e saio. 

Cheguei no estúdio e o TH já tava lá, ajustando uns equipamentos. A gravação ia ser intensa, então eu tava focado em fazer tudo dar certo. Quando a Nicole chegou, senti aquele peso no ar de novo. Cumprimentei ela de longe, tentando manter a linha.

A gravação foi tranquila até que, do nada, recebi uma mensagem da Kiara. Ela tinha visto uns stories do TH com a Nicole no estúdio e já tava começando a ficar bolada.

"Filipe, por que não me avisou que a Nicole ia estar lá?", a mensagem dela dizia.

Suspirei, já sabendo que ia dar ruim. Respondi rápido, dizendo que tava tudo de boa e que era só trabalho.

A gravação acabou tarde e o TH veio com a ideia de a gente sair pra beber. Eu tava morto de cansaço, mas a pressão do trampo e o stress com a Kiara me fizeram aceitar. A gente foi pra um barzinho perto do estúdio e comecei a virar uns drinks sem pensar muito.

A noite foi passando e eu enchendo cada vez mais a cara. A Nicole apareceu lá também e, mesmo sem querer dar mole, acabei trocando umas ideias com ela e com o TH. Tudo tava rodando na minha cabeça e, de repente, percebi que já era de madrugada.

Cheguei em casa só no outro dia, de manhãzinha. Mal conseguia ficar em pé e já sabia que ia dar merda.