Capítulo único

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Oie
Sim, eu escrevi uma doidera aqui.

Falei pra @RobertaVerso e ela me convocou a escrever a ideia que contei pra ela.

Eu lá ia dizer não? Não podia.

Pois aí está, meu bem. Espero que goste.

Quem ler, por favor, vá ler a Roberta também e dizer pra essa mulher o quanto ela é incrível escrevendo. Obrigada.

Boa leitura

bjbj

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- Toma teu rumo, criatura!

Foi assim que o castelo de perfeição, construído na mente apaixonada de Kelvin, ruiu de forma barulhenta.

Estavam em uma festa de casamento, juntos como sempre, e o ruivinho foi surpreendido com um convite para uma conversa particular.

Ramiro o acompanhou até sua camionete, que os levou até a beira do rio.

Os olhos do mais novo brilharam em expectativa, paixão e... esperança.

Achou o local romântico, levando em consideração os padrões do peão e o pouco entendimento sobre o que sentia. Passou a tagarelar com o quão abismado havia ficado com o convite e em como estava feliz de que talvez Ramiro finalmente falasse o que ele tanto esperava.

No entanto, a conversa passou a tomar outro rumo e Kelvin sentiu algo que nunca havia sentido pelo outro.

Medo.

- Do que cê tá falando, ô Ramiro?

- Tô falando pr'ocê pará de fica atazanando minhas idéia! - Avançou na direção do outro, mas o pequeno era ágil.

- Peraí! - Correu para longe, mas afrontoso.

E ali começava algo semelhante a uma caça de gato e rato. Entre farpas e lágrimas presas nos olhos, corações desesperados para se encontrar, mas pensamentos diferentes demais para ouví-los, Kelvin desafiou:

- E cê vai fazê o quê?! Vai me joga no rio, Ramiro?!

Inesperadamente, terminou com o mais velho colado em sua cintura.

Congelou.

Aquele toque, assim tão próximo, firme e quase íntimo.

Sentir as mãos grandes praticamente cobrindo sua cintura fina o tirou rapidamente do centro de seus pensamentos.

- Pois eu devia! Ocê grudou em mim igual carrapato e vai tê que saí!

E em mais uma caça, entre "devia" e "então joga", Ramiro seguiu seu impulso desesperado e sanguinário, e empurrou o amor de sua vida para virar comida de peixe.

- Eu devia dexá ocê aí! - Ergueu as mãos até a cabeça, tentando apagar os gritos desesperados de socorro do outro. - Mai eu sô burro, Kévin!

- Me tir... tira daqui! Ramiro!

Kelvin se debatia na água gelada. Seus pés não alcançavam o fundo e o corpo afundava como pedra. Sentia o desespero o alcançar, as câimbras começarem a atingir as pernas agitadas e o pulmão não parecia dar conta de puxar ar suficiente para mantê-lo bem enquanto afundava.

- Eu não consigo ficá longe d'ocê... - Rendia-se aos poucos, sem se dar conta de que os pedidos de socorro sumiram, também aos poucos. - Eu divia, mai não consigo. - Abriu os olhos e falaria algo mais, não fosse o horror ocorrido diante de seus olhos.

O Doce Sussurro da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora