Capítulo 14

320 23 34
                                    

Z A Y N | M A L I K 


all the time feat - esqueci quem canta 

arabella - artic monkeys


 Podia sentir o vento gelado contra o meu rosto. Mas nesse momento o que menos importava era o clima do tempo. Como posso mudar tanto de um minuto para o outro? Ela deve estar se perguntando isso agora, mas mal sabe que nem eu sei o porque. Vê ela com Carter meu sangue esquentou, a raiva subiu pelas minhas veias e por um momento eu só queria a cabeça dele em uma bandeja e como sempre acabei descontando na primeira coisa que vi pela frente. Tenho que começar a me conformar que não temos nada, bom, pelo menos por enquanto. Abri a porta da minha range rover, entrei na mesma e arranquei com ela. As árvores balançavam em um ritmo sincronizado parei a range rover no acostamento desci e a travei, depois alguém a pegava pra mim, o que eu preciso agora é correr. E foi o que eu fiz corri. Sinto meu sangue pulsar mais forte, meus músculos se contraírem e todas as células do meu corpo, num movimento harmonioso, dançam juntas num mesmo ritmo. No mesmo instante em que meus pés tocam o solo, minha mente viaja, como se eu auto saísse de meu corpo. Eu, neste exato momento, não sou mais corpo (músculos, fibras, células) sou apenas simplesmente a minha mente, simplesmente "sou". 

 As pessoas vivem em prol do melhor emprego, da melhor posição social, do melhor carro, da melhor casa, das melhores roupas, da aparência física, esquecendo-se muitas vezes delas mesmas. Valoriza-se mais o ter e o estar, do que propriamente o ser. Parece que nossa mente está o tempo todo em conflito com o físico, uma vez que se busca o tempo todo um projeto de vida ideal, mas nem sempre real. Quando se está na pista correndo, seja ela de asfalto, saibro ou de terra, nós deixamos de ser aquela pessoa idealizada pela sociedade que te cerca ou por quem quer que seja, e passamos a ser simplesmente nós com nosso corpo e nossa mente sintonizados. A rua não vai dizer para mim o que eu devo fazer, se estou bem vestido ou não, se tenho status social ou se sou bonito ou feio, a pista apenas precisa ser sentida, desbravada, transcorrida, respeitada, assim como eu. 

 Enfim, correr é muito mais que exercitar-se. Correr é se permitir ser o que se é, é aceitar-se mesmo com limitações. Correr é superar-se. Correr é a busca do melhor em si e para si mesmo. Corro pra esquecer os problemas, corro porque um passo pra frente é o desejo de deixar minha vida problemática pra trás. 

 Corri tanto que só parei ao ver minha casa, decidi entrar pelos fundos. Caminhei ofegante até a porta dos fundos e adentrei na mesma pude ver de imediato uma de minhas empregadas fazendo seu serviço. Ela deve pensar um monte de merda sobre mim, mas quem é que liga? Sei o que sou e não preciso me preocupar com o que dizem ser. Apesar que tecnicamente falando se soubessem o que faço pra ser assim, não seria lá tão bem visto, mas prefiro ver o outro lado da moeda, eu ajudo. Peguei um copo e enchi de água e em seguida levei até a boca para beber. 

 "Senhor?" Abigail a mesma que vi em uns segundos atrás me chamou. Olhei para a mesma ainda bebendo a minha água dando sinal para continuar falando. "Senhora e Senhor Malik estão em vossa casa, com licença" ela disse se virando para voltar ao seus a fazeres. Parei de beber a água no mesmo instante mais que porra porque eles não avisaram que vinham? Coloquei o copo em cima do balcão e fui para a sala a milhão. 

 "Porque não avisaram que vinham?." Perguntei olhando para eles que estavam sentados no sofá, pareciam estar ocupados falando de algo, assim que notaram minha presença meu pai se levantou.

"Essa casa ainda é minha. Tivemos um problema naquele caso que te falei mais cedo por telefone." Meu pai falou, me encarando sério.

"Pensei que já tinha resolvido tudo, pelo jeito eu mesmo vou ter que resolver." Falei, e olhei para baixo, falar do meu trabalho não é lá a minha prosa preferida.

LISSA {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora