One: Where else can I go?

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Para onde mais eu iria?

[...]

Sirius bateu na porta com dedos trêmulos e gelados.

Parte de si estava aliviada pela falta de questionamentos do porteiro quando sua entrada foi liberada assim que mencionou estar à procura de Remus. Claro, topar com um visitante às duas da manhã nas condições em que o jovem se encontrava era, no mínimo, suspeito e digno de qualquer questionamento.

Ainda sim, Sirius agradeceu pelo senhor de meia idade não o fazer.

Outra parte de si se sentia trêmula e temerosa.

Não via Remus a bons meses, não trocavam nem mesmo mensagens breves no significativo período que havia passado desde a última vez que se viram, mas ainda sim ele não conseguia pensar em mais nenhum lugar para correr que não fosse para a casa do homem.

Ele só esperava que Remus não tivesse se mudado.

Quando a porta se abriu, Sirius mordeu o lábio com a visão, um pouco amuado. É claro que o homem estaria dormindo naquele horário, afinal era madrugada. No entanto, tudo o que passou pelos olhos e rosto de Remus foram confusão e então preocupação quase tangível.

— Sirius?

Durante quatro meses Remus não viu aquele garoto. Desde o meio de junho, no aniversário de Sirius, quando saíram para jantar com alguns familiares e amigos. E agora, meses depois, Remus se depara com seu amigo de infância parado em sua porta às duas da manhã com um suéter de lã, calça de pijama, pantufas de coelho e um corte preocupante no lado direito do rosto.

— Por favor, não vá atrás dele...

Tudo o que Remus fez foi dar passagem para o amigo, deixando que entrasse no apartamento antes de fechar a porta com um suspiro.

Aquela foi a primeira vez em que Sirius apareceu ali.

[...]

— Eu nunca gostei dele. — Remus murmurou assim que colocou o kit de primeiros-socorros no balcão do banheiro, ao lado da privada de tampa fechada onde Sirius estava sentado. Ele ouviu o jovem sibilar e se encolher um pouco quando o algodão embebido em antisséptico tocou um dos ferimentos; um corte profundo no lábio inferior. — Vai precisar de pontos aqui.

Sirius suspirou, encolhendo os ombros quando um novo arrepio de ardência atravessou seu corpo.

— Ele não era assim. — Mas isso não fez o coração do mais velho se acalmar em nada e o silêncio foi o caminho mais sábio a ser seguido no momento. Sirius não pensou da mesma forma. — Você não pode dar os pontos aqui? Não quero ir para um hospital, Remus...

O algodão foi jogado no lixo e Remus ergueu uma sobrancelha em um questionamento mudo enquanto encarava o garoto.

— Não me importo em como ele era. Sempre soube que ele era um escroto abusivo desde quando o encontrava pelo clube. — Pegou um novo algodão, o molhou com mais remédio e passou a limpar o corte abaixo do olho esquerdo. — E não, não posso dar esses pontos aqui. São quatro da manhã e o banheiro de um apartamento não é bem o lugar mais estéril para isso. Vamos para um hospital.

— Remus, por favor! — Sirius choramingou baixo quando a pomada que foi espalhada pelos machucados, com exceção do lábio, fizeram as feridas arderem um pouco demais para seu gosto. Sua mão gelada agarrando rapidamente a manga do pijama de Remus. — Não é um corte grande! Você pode fazer isso aqui. Só... por favor, não me faça ir lá...

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