Two: A daddy.

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Um papai.

[..]

Sirius continuou encarando as caixas de papelão cheias de suas coisas, espalhadas pelo quarto de hóspedes do apartamento de Remus e suspirou. Já fazia uma semana completa desde sua mudança para cá, depois daquela madrugada catastrófica no hospital.

Também fazia uma semana que ele não via nada da rua, a não ser a vista que as janelas forneciam. James foi generoso demais em fornecer um atestado médico que o afastava de suas atividades na faculdade e no trabalho por duas semanas, o que o fazia lembrar também que ele estaria em casa de molho por mais uma semana. Ele iria surtar.

Sirius estava entediado depois de dias na mesma coisa: acordar, tomar um bom banho, deixar (mesmo que na realidade tivesse um pouco de relutância) Remus ajudar com os curativos (obviamente as mãos de um médico eram bem melhores do que as suas) e aí mergulhar no sofá confortável da sala, assistindo televisão o dia todo. Se ele não morresse de tédio, seria por seu cérebro derretido devido a tanto tempo de tela.

Ele queria algo para fazer, algo mais para ocupar a cabeça além de assistir a filmes do catálogo de streaming de Remus e observar, pela janela, Novembro avançar cada vez mais. Corlys havia quebrado seu celular e ele não teve tempo de ir comprar outro, não que tivesse orçamento para isso, mas ele preferia se enganar com a falta de tempo do que a falta de recurso.

Então, é, ele estava BEM entediado.

E mesmo que ele tivesse trazido os livros da faculdade e alguns outros em uma das caixas, ainda sim ele não conseguia encontrar coragem para se desencostar do batente da porta e começar a desempacotar suas coisas. As caixas, muitas até, espalhadas pelo quarto quase clínico, pareciam crescer a cada dia que o garoto as ignorava em prol de assistir Gilmore Girls ou 9-1-1.

E, para a surpresa de ninguém, Sirius decidiu que ele tentaria de novo amanhã. Estendendo a mão, agarrou a maçaneta e fechou a porta daquele quarto.

Um miado no fim do corredor chamou sua atenção.

Lá, perto de um vaso de planta, Ginger o encarava quase com olhos estreitos e o rabo balançando graciosamente de um lado para o outro no chão de madeira fria. Aquele gato laranja era extremamente expressivo.

Sirius estreitou os olhos na direção do bicho também.

— O que foi, hein? Vai me dedurar para Remus? — O gato miou, se erguendo e caminhando até o menino, passando entre suas pernas e se esfregando em seu tornozelo. Se sentando no pé esquerdo de Sirius, o gato ergueu a cabeça para encará-lo de baixo, miando. — Eu vou desempacotar, só não vai ser hoje.

Parecia que o gato estava duvidando dele, o encarando de um modo bem questionador. Sirius revirou os olhos quando o animal saiu de onde estava e sumiu de sua vista, entrando no quarto de Remus para, muito provavelmente, se enrolar em baixo de um dos travesseiros da cama e dormir pelo resto do dia. Hipócrita.

Sirius iria desempacotar as caixas, ele iria, só não faria isso hoje.

No fundo, em alguma parte não muito explorada de seus pensamentos, Sirius sabia que desempacotar aquelas caixas seria assustador. Retirar todas as suas coisas e espalhar pelo quarto, findar a questão de que sim, ele havia se mudado para o apartamento de Remus, mesmo que temporariamente, era assustador.

Abrir mão de seu próprio apartamento, evitar sair na rua por duas semanas, ser afastado do trabalho e da faculdade... Sirius havia sido afastado de sua rotina, da vida que construiu em alguns anos em sua própria independência e tudo isso para garantir sua segurança.

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⏰ Última atualização: Oct 15 ⏰

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