Proibido - Contos LukaJu

Azul ciano 1 - Purpura

Era a terceira vez este mês que fazíamos a patrulha juntos. Não que eu não gostasse de estar com ele, Viperion era um cara divertido e fácil de conversar, só que era... estranho. Isto porque ele não perdia uma oportunidade de me cantar - assim como fazia com todas as outras garotas da equipe -, mesmo sabendo que não fazia meu tipo. Mas até que ele era bonito, ao menos para um homem.

Viperion era exatamente o tipo de cara de que eu não gostava. O tipo que me fez nunca gostar de caras, na verdade. Mas a cada ronda sozinha com ele era mais difícil ignorá-lo, e cada investida dele me deixava mais próxima de ceder, só pela curiosidade. Realmente não entendo o fascínio que ele exercia sobre as garotas, ou o porque eu fui cair nele também, mas não podia me considerar imune, já que algumas vezes me peguei pensando em como seria beijar um cara - especificamente, aquele cara.

Talvez eu fosse a única da equipe que ele não colocou as mãos. Não que ele saia falando por aí, mas as garotas conversam, e adoram conversar sobre ele. E o pior é que quanto mais as ouço falar mais fico com vontade de provar, embora não tenha padrão para comparação, já que meu lance sempre foi meninas.

Nunca tive vontade de ficar com um cara antes, e eu coloco a culpa disso em meu irmão. Porque Luka é simplesmente perfeito, modéstia à parte, mas meu gêmeo é lindo, além de inteligente, forte, romântico, atencioso, carinhoso e... meu irmão. É claro que a única possibilidade romântica com um homem tinha que ser justamente meu irmão. Sabia que isso era apenas amor fraterno, por todas as situações em que ele cuidou - e ainda cuidava -, de mim, mas ele ser tão perfeito meio que arruinou os outros homens para mim. Até agora.

Não que eu estivesse apaixonada, era apenas por que meu corpo simplesmente reagia de outra forma a Viperion, mesmo ele sendo tão... galinha, pra dizer o mínimo, coisa que eu sempre odiei. Viperion era tão diferente do Luka que era quase um conforto, porque não era o tipo que se apegava, se eu quisesse uma amostra do que perdi todos esses anos, ele ficaria feliz em me ajudar, e seguiria com a vida como se nada tivesse acontecido. Sem qualquer chance de envolvimento.

Acho que foi isso que selou minha decisão, então apenas espero, meio nervosa, muito empolgada.

Observei quando Viperion chegou na torre, local onde parávamos após caminhar separadamente pela cidade.

- Você está linda, Tigresa - ele sempre fazia uma mesura.

Eu estava igual a todos os dias, meu uniforme era um dos mais exagerados, contrastando com minha personalidade quieta.
Viperion sempre sentava próximo, apoiando as costas no parapeito e ficando de frente para mim. Para minha sorte ele também não era muito de conversar, então pegou a harpa e começou a tocar.

A forma como ele tocava a harpa sempre me fascinava, e nem era um dos meus instrumentos favoritos, mas a música sempre fez parte de minha família, e às vezes eu queria ter algum instrumento para acompanhá-lo. Sua música era simplesmente linda, e talvez esse fosse o motivo principal por me sentir atraída, muito mais do que ele ser galante ou bonito. E era muito bonito, sem dúvidas. Os cabelos iam do marinho ao ciano, os olhos verde oliva, e aquele sorriso viperino, perigoso, era ainda mais atraente. Sempre que sorria deixava à mostra os caninos, levemente proeminentes. ChatNoir também tinha os caninos, tigres deveriam ter, mas não eu. Talvez eles apenas fossem predadores naturais, ao contrário de mim. Ou talvez fosse apenas porque os caninos ficavam muito bonitos, e ambos eram muito vaidosos. Apesar do charme daqueles dentes, a algum tempo vinha me perguntando se machucava ao beijar.

- O que foi? - ele não estava me olhando, mas desviei os olhos mesmo assim, sem saber por quanto tempo estava encarando.
Eu poderia ter inventado uma desculpa qualquer, desconversado, mas a curiosidade falou mais alto.