12 de Dezembro

22 1 0
                                    

Foi na noite de 12 de Dezembro que me pediu em namoro, debaixo de um poste de luz, enquanto chuviscava. Lembro-me bem das suas palavras:
- "Já há um tempo que te tenho dito para te habituares ao meu feitio. E o que é que tu me tens respondido?"

- "Que não sou eu quem tem de se habituar mas sim a tua futura namorada."
- "Então eu agora digo-te que gostava que fosses tu." - na altura desatei a rir com tamanha lamechice, pois não era dada a essas coisas, muito menos com ele. Estava a passar por uma depressão terrível, a minha auto-estima era praticamente inexistente e mal conseguia aguentar um dia inteiro em pé com as carradas de comprimidos que tomava. E quando eu estava mais vulnerável apareceu ele, que como um mau caçador que era só atacava as presas debilitadas. Uma palavra gentil aqui, um elogio ali, e pronto, não foi difícil conquistar-me. Ele oferecia-me carinho, elogios, conforto, que naquela altura era tudo o que eu precisava. Tinha plena noção que não estava apaixonada por ele, sabia que paixão não podia ser algo tão pobre como aquilo que eu sentia naquele momento, estava sim bastante carente. Parei de rir, e perguntei-lhe:
- "Mas tu tens noção naquilo que te estás a meter? Eu neste momento sou um novelo de linhas emocional, eu hoje posso sentir uma coisa mas amanhã nada me garante que eu sinta o mesmo. Tu sabes que eu não estou 100% bem."

- "Eu sei, mas eu gosto de isso tudo em ti." - não consegui responder a tal afirmação mais descabida. Parte de mim queria aceitar, queria sentir-me amada como nunca senti, queria poder cair nos braços de alguém e sentir-me segura, mas a outra parte sabia que era errado, pois eu sabia que não o amava como ele dizia amar-me. Antes de conseguir responder o que quer que fosse dei por mim encurralada entre ele e a parede com os lábios dele já colados aos meus. Aquilo era a confirmação de algo que eu receava, éramos namorados. 

Já era Amor antes de o serOnde histórias criam vida. Descubra agora