Capítulo 1 - Desolação

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A dor da ausência é uma sombra constante que me acompanha.

Seis meses se passaram desde que minha mãe se foi, e amanhã será o primeiro aniversário que passarei sem ela.

O peso dessa realidade é difícil de suportar, um fardo que parece crescer a cada dia. Por isso, decidi que precisava ir ao cemitério hoje, na véspera do meu aniversário, para me conectar com a memória dela e de alguma forma, curar a minha saudade.

Chegamos ao cemitério por volta das 20h.

A luz do crepúsculo estava desvanecendo, tingindo o céu de tons alaranjados e rosados. O ambiente, em seu silêncio sereno, parecia refletir o estado da minha alma. As lápides, alinhadas em fileiras ordenadas, pareciam mais sombrias sob a luz suave que se esvaía.

Vincent, meu melhor amigo, estava ao meu lado, oferecendo um apoio silencioso. Sua presença era um conforto, mesmo que ele não precisasse dizer nada.

Ele compreendia o peso do momento e sabia que o simples fato de estar ali significava mais do que qualquer palavra poderia expressar.

Quando me aproximei do túmulo da minha mãe, um frio cortante tomou conta do meu corpo. A lápide estava imaculada, sem sinais de deterioração, mas algo chamou minha atenção.

Ao lado da lápide, parcialmente escondida entre as ervas daninhas e o solo, havia uma pequena caixa de pedra, coberta por cracas e algas secas, como se estivesse estado submersa no oceano.

Minha surpresa foi palpável.

Eu nunca tinha notado aquela caixa antes e a sensação de descoberta era misturada com um sentimento de curiosidade.

Me agachei com cuidado e peguei a caixa. O peso era surpreendente para seu tamanho pequeno, e a superfície áspera estava coberta por sinais estranhos quase indecifráveis para mim.

Ao examiná-la mais de perto, percebi que havia uma fechadura pequena, mas estava tão enferrujada que parecia impossível de abrir. Tentei girá-la com os dedos, mas não consegui movê-la nem um milímetro.

Frustrada pela impossibilidade de abrir a caixa naquele momento, decidi guardá-la na minha mochila. A curiosidade sobre o que poderia estar dentro dela era forte, mas sabia que agora não era o momento certo para investigá-la completamente.

O que importava naquele momento era prestar minhas homenagens à minha mãe e encontrar algum consolo na sua memória.

Com as mãos trêmulas, coloquei o buquê de seus lírios favoritos sobre o túmulo e me ajoelhei, oferecendo uma oração silenciosa. A presença de Vincent ao meu lado era um alívio, e sua mão em meu ombro ajudava a suavizar o peso da tristeza.

O crepúsculo foi se transformando em noite, e as estrelas começaram a brilhar no céu. Olhei para cima, tentando encontrar algum sinal de minha mãe entre as constelações. A sensação de perda era intensa, mas havia uma leve sensação de paz também.

Olhei uma última vez para a lápide, sentindo uma mistura de tristeza e gratidão. Agradeci em silêncio, prometendo que, apesar da ausência dela, o amor e as memórias sempre viveriam em meu coração.

Quando saímos do cemitério, Vincent sugeriu que fôssemos a um lugar especial.

O céu estava escuro, mas a cidade parecia brilhar com uma nova energia.

Ele me levou a uma pizzaria pequena e aconchegante chamada "La Dolce Vita". A placa iluminada na entrada e o aroma de pizza fresca no ar foram um contraste acolhedor com a noite fria.

Dentro da pizzaria, Vincent me levou até uma mesa reservada onde havia uma caixa com um bolo decorado. O calor do ambiente e a visão do bolo de chocolate com velas foram um alívio para a tensão acumulada durante o dia.

O Demônio do FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora