♡ Capítulo 37 - Dois chifres... e ambos podem quebrar

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Meus pés estavam presos na areia molhada, como se a própria ilha tentasse me segurar ali, enquanto a água agitava violentamente ao longe.

— Levi! — O grito escapou da minha garganta, rouco, sem força, mas cheio de desespero.

Eu corri em direção à arrebentação, mesmo sabendo que era inútil.

Você é louca? Vai acabar morta! — O gato correu na minha frente, as orelhas abaixadas, os olhos arregalados. — Ele não é qualquer um! E o Leviatã sabe se virar... pelo menos eu acho.

Eu ignorei suas palavras, porque elas não tinham peso. Não eram ele. Não eram a presença que eu sentia ao meu redor mesmo na solidão mais cruel.

Me ajoelhei na areia, deixando que a água salgada mergulhasse meus joelhos.

O cheiro do oceano, que antes era familiar e quase reconfortante, agora era pesado, como se algo estivesse apodrecendo.

O Capricórnio ainda estava lá embaixo com ele.

O sangue vermelho escorria pela água cristalina, formando manchas que se espalhavam lentamente, cada uma delas cortando minha respiração.

— Isso não é justo. Você não pode me deixar, não assim! — Eu sussurrei, como se ele pudesse ouvir.

Como se ele pudesse responder.

O que você vai fazer agora? Sentar aí e esperar ser o próximo petisco do monstro?! — O gato se aproximou, sem paciência, mas sua voz, normalmente carregada de sarcasmo, parecia trêmula.

Eu o ignorei de novo, mas minhas mãos tremiam, cavando a areia ao meu redor como se pudesse encontrar respostas ali.

Não havia nada que eu pudesse fazer, e isso era o pior. Eu, que tinha enfrentado demônios, lendas e o peso do meu próprio destino, estava paralisada.

A ideia de perder Levi me despedaçava mais do que eu podia entender ou aceitar.

Ele não era só o dragão-serpente do oceano, não era só uma entidade poderosa e distante.

Ele era aquele que segurava o mundo para que eu pudesse respirar, mesmo que nunca dissesse isso em voz alta.

Eu bati com os punhos na areia, com tanta força que senti os grãos arranharem a pele.

— Levi! Se você se atrever a morrer agora, eu juro que vou te caçar no Inferno! — Minha voz explodiu, ecoando para ninguém.

Eu senti o silêncio corroer minha garganta, mas de repente, algo começou.

O caos ao nosso redor tomou uma nova forma.

O vento uivava como se o próprio ar estivesse gritando, mas não era o mar que mais me assustava agora. Era o que estava vindo de dentro dele.

As ondas continuavam brutais, mas algo mais estava acontecendo. A praia começou a tremer, como se algo profundo, algo que deveria permanecer enterrado, estivesse subindo à superfície.

Eu olhei para o horizonte, e foi quando percebi: não eram as ondas que estavam crescendo — era o próprio fundo do oceano que estava se levantando.

— O que está acontecendo agora? — Perguntei ao gato, minha voz mal superando o som ensurdecedor ao nosso redor. — Por que o mar está tão agitado?

Isso é ele — O gato respondeu, sua voz baixa e carregada de um medo que eu nunca havia ouvido antes. — Isso não é o mar... isso são as profundezas. Ele está trazendo as profundezas para cá.

— O que isso significa? — Perguntei, olhando para as colunas negras de rocha e corais que agora emergiam do oceano, tão gigantescas que parecia que o próprio chão do mundo estava se reconfigurando.

Arrastada para o Abismo - Infernalis ⅠOnde histórias criam vida. Descubra agora