Capítulo 1

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Quando recebi a ligação, estava prestes a encerrar mais um dia exaustivo no escritório. Havia passado as últimas horas revisando minuciosamente um caso de assassinato, e meu cérebro clamava por um descanso. A secretária me chamou na última hora, avisando que tinha um "caso urgente" esperando na linha dois. Contra minha vontade, peguei o telefone.

– Boa noite, Dra. Astrid – a voz do outro lado parecia ansiosa. – Sou Ricardo Gomes, repórter do "Jornal da Cidade". Gostaria de saber se a senhora já tem algum comentário sobre o caso de Vinnie Santana?

Meu coração parou por um momento. Eu não sabia de nenhum caso Vinnie Santana. Tentei me manter calma.

– Perdão, senhor Gomes, mas creio que há um engano. Não estou familiarizada com esse caso.

Houve um silêncio constrangedor antes dele continuar.

– Desculpe, doutora, mas é que correu o boato que a senhora poderia ser a defensora de Vinnie Santana, o ladrão de bancos bem conhecido que foi preso durante um assalto a banco ontem à noite. Ele está sendo acusado de matar um homem durante o crime. Os outros três envolvidos foram mortos no confronto com a polícia. Achei que talvez a senhora tivesse algo a declarar sobre isso.

Dei uma risada seca. Sabia muito bem que essa era uma das táticas dos jornalistas: pressionar com informações que nem mesmo a pessoa sabe, na esperança de uma reação genuína.

– Senhor Gomes, até o momento, não recebi qualquer solicitação formal para atuar neste caso. Se isso mudar, farei uma declaração oficial. Por ora, sugiro que verifique suas fontes.

Desliguei o telefone com um suspiro. Jornalistas. O que eu não sabia na época era que essa ligação seria apenas o início de algo muito maior.

***

No dia seguinte, mal tive tempo de tomar meu café quando minha secretária, Marta, irrompeu na minha sala.

– Astrid, temos visitas. – Ela não precisou dizer mais nada; sua expressão dizia tudo.

Segui Marta até a sala de espera, onde encontrei uma mulher e um homem que exalavam uma aura de influência e importância. Suas roupas eram de grife e seus olhares transmitiam uma mistura de desespero e determinação. Eu os cumprimentei com um aceno de cabeça, indicando que entrassem em minha sala.

– Sou Astrid Keller, em que posso ajudar? – perguntei, tentando soar o mais acolhedora possível.

A mulher respirou fundo antes de falar.

– Meu nome é Marta Santana. Este é meu marido, Carlos. Somos os pais de Vinnie Santana. Nosso filho... ele está preso, doutora. Ele cometeu um erro, mas a mídia já o condenou. Precisamos da sua ajuda.

Observei-os com atenção. Podia ver a dor e o desespero em seus rostos. Porém, casos como esse eram sempre complicados. Não se tratava apenas da lei, mas também de enfrentar o tribunal da opinião pública, que frequentemente era mais implacável.

– Preciso de mais detalhes – disse. – Contem-me tudo desde o início.

A narrativa deles era confusa, entrecortada por lágrimas e suspiros. Vinnie, um jovem de 26 anos, era um ladrão de bancos bem conhecido, com uma carreira criminosa de muitos anos. Durante um assalto a um banco, ele foi preso enquanto seus três cúmplices foram mortos no confronto com a polícia. Vinnie estava sendo acusado não só de roubo, mas também de homicídio, pois um cliente do banco foi morto durante o caos.

Marta fez uma pausa, olhando diretamente nos meus olhos antes de continuar:

– Doutora, sei que Vinnie não é exatamente uma pessoa de boa índole. Ele tem seus problemas, mas é meu filho. Acredito que você poderá livrá-lo da cadeia.

VINNIE HACKER | NO RASTRO DO MALOnde histórias criam vida. Descubra agora