Thug Life

Capítulo 02

Harry semicerrou os olhos parecendo tão abismado quanto eu. Apertei sua mão que me foi estendida logo após a apresentação de sua pessoa. Eu ainda carregava um olhar um tanto quando constrangido, mas também, que bela merda.

"Acho que terei trabalho por aqui." Harry que até então não havia dito uma palavra, se pronunciou.

não, não, não! cala a boca, Harry!

"Porque diz isso?" meu pai sorriu sem entender muita coisa.

Arregalei meus olhos. Tudo que eu realmente não precisava neste momento era de um Charlie me dizendo o quão desatenta eu sou e que eu deveria obedecer quando ele diz para que eu não saia sozinha. Acredite, eu já sei esse discurso de cor e salteado.

"Pai" o chamei um pouco desesperada demais, mas eu realmente tinha que acabar com aquele papo. "Eu preciso de sua ajuda lá em cima."

"Sky, você mal se apresentou ao Harry! Onde fica a educação mesmo?"

Amui o corpo automaticamente e suspirei.

"Oi, Harry, me chamo Skyler" disse com um ânimo zero.

"Prazer, Skyler."

"Como eu havia dito, filha, contratei um novo segurança para ficar de olho em você..

"Pai, você sabe que...

Fui interrompida por meu pai assim como tinha feito anteriormente.

"Skyler, não vamos voltar a estaca zero. Nós conversamos e eu não vou mudar de ideia. Você vai ter um segurança e ele vai ser o Harry"

Acontece que meu pai era policial e ao mesmo tempo que tinha muitos amigos, o que não lhe faltava, eram inimigos. Passei minha vida inteira embaixo da proteção de suas asas, isso até eu fazer 18 anos, quando decidi que queria espaço e independência, o que foi me concedido. Por pouco tempo.

Acostumada a sempre estar sob cuidados de meu pai, foi aterrorizante ter quatro homens me perseguindo em uma de minhas voltas do trabalho para casa. Neste dia eu corri mais do que achei que minhas pernas possibilitariam. Me recordo de também acabar com um grande e chamativo hematoma na testa depois de ter rolado ladeira abaixo enquanto fugia dos caras que queriam me machucar na intenção de atingir meu pai. Bom, conseguiram. Mas à que custo? Não me lembro de ter visto meu pai tão furioso quanto neste dia, quando adrentei correndo a delegacia enquanto era acompanhada por fortes jarradas de água que escorriam dos meu olhos e uma forte dor em toda minha articulação. Meu pai não sossegou enquanto não prendeu cada um dos quatro homens. Foram dias de cama a fim de curar os hematomas e fraturas que eu havia adquirudo e mais dias e dias até que eu estivesse apita psicologicamente à voltar andar pelas ruas novamente.

Depois disso meu pai sempre esteve lá. Me levava e buscava ao serviço. Se eu queria ir até a casa de um dos meus amigos como o Eduardo ou a Maju, ele se comprometia de me levar e buscar e isso se repetiu por meses. Eu já não aguentava mais ser responsável por empatar a vida profissional de meu pai, que por mais que disesse que eu não atrapalhava nada, eu sabia que sim. Eram oportunidades em cima de oportunidades, sendo recusadas por ele, tudo porque meu pai não suportaria a ideia de algo como aquilo me acontecer novamente. A culpa o consumia, mesmo não tendo culpa alguma do ocorrido.
E aí que Harry entra na história. Semanas atrás, meu pai recebeu o convite, já recusado outras vezes, de ser delegado da sede na qual ele atua como policial. Sua primeira atitude foi negar a vaga, porém, Jade, uma policial do seu setor havia deixado escapar, em uma de nossas conversas, sobre o convite que meu pai havia recebido. Após saber disso, passei dia e noite o atormentando para que ele aceitasse a vaga, dizia que eu poderia me cuidar e que nada de mal iria me acontecer. Na verdade eu tinha medo sim de algo voltar a acontecer, mas eu não poderia ser egoísta a ponto de privar meu pai de fazer aquilo que tanto gostava.