Capítulo 05:

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Tavin

Meus olhos devagar se acostumam com a claridade vinda da janela do meu quarto, esqueci de fechar. Levantei e vou para o banheiro tomar um banho. Logo depois de sair, Lívia estava lá, jogada na cama.

— Você pode me levar até meu trabalho? —  Perguntou ela.

Lívia amava ficar grudada comigo, ela esquecia que nossa relação não passava de algo casual. Nunca namoramos e nem vamos se depender de mim.

— Tá bom.

— Sabe, você tá tão distante — ela vem até mim.

— Melhor você sair, tudo bem? — ela suspira insatisfeita, Lívia sai do quarto, me deixando sozinho. 

Terminei de colocar a minha roupa, dou uma vasculhada no ambiente e realmente a garota tinha razão, parecia um lixeiro. Foda-se, só eu dormia aqui, desci as escadas para encontrar o pessoal e esperar meu empresário chegar para acertar detalhes do meu show que aconteceria em outro estado, infelizmente passaria uns dias fora.

—Bom dia, galera — digo, uma mesa cheia de comida estava posta e meus amigos estavam se servindo, todos pareciam sonolentos. Lívia não estava ali.

— Só pra você — Kakau resmungou. Sentei em uma cadeira, dou uma mordida em uma maça, ultimamente meu corpo sobrevivia a base de álcool. Precisava ficar em forma para os compromissos.

—Me passa o pão — disse Apollo, com uma cara de poucos amigos.

— Fica triste não, quem manda querer namorar toda mulher que ver — consolou Barreto.

— O que aconteceu? — apesar de imaginar o que podia ser.

— A amiga de Adeline, disse não, para o pedido de namoro — Kakau respondeu. Tenho vontade de rir pois meu amigo não é o cara mais sortudo no quesito mulheres. Mas o nome citado, é o que chama minha atenção, uma galera vinha comentando umas paradas nada a ver.

Se soubessem que a vi apenas umas duas vezes. Aquele jeito atrevido e sarcástico, além da beleza extraordinária é uma espécie de ímã.

— Calem a boca, são 8 horas da manhã quem tem humor essas horas — Apollo rebateu.

Kakau e Barreto negam com a cabeça sorrindo.

—Jotapê vem para cá, hoje?— perguntei. Kakau assentiu com a cabeça. Éramos um grupo de amigos eu, Barreto, Jotapê, Doprê, Apollo e Kakau às vezes é difícil se encontrar todos juntos por motivos de agenda.

— Bruno, chegou moleque — Apollo avisou —Vai pegar sua bronca.

Mandei meu dedo do meio. E vou para o escritório, apostaria minha alma que Bruno estaria sentado na cadeira com um cara de bravo.

— Novidades — disse Bruno, assim que entrei na sala.

— O que 'cê manda?— me joguei no sofá. Me sentia exausto, estava com insônia noite passada.

— Lembra do teatro que você quebrou as janelas quando estava bêbado? — assenti, a diretora do lugar ficou bem puta. Eu a confundi com um vulto e estilhacei as janelas — Ela não aceitou o dinheiro.

— Por que? — perquntei, me pegando de surpresa porque aquele lugar está caindo ao pedaços.

— Ela quer que você seja Romeu, da peça Romeu e julieta — falou Kant, meio inexpressivo — E eu disse sim.

Me levantei do sofá.

— Que porra de Romeu? E se eu dizer não? — O que ele 'tá pensando? — Eu tenho esse direito.

— Você quer lidar com uma denúncia de vandalismo a essa altura do campeonato? Pra você apender também, o que passou na merda da sua cabeça quando destruiu um patrimônio público? — falou com seriedade.

— Foram só duas janelas.

— Sem volta, cara. Já acertei tudo, ela está tentando salvar aquele teatro. O que eu acho bem difícil, mas vai ser bom pra sua imagem fazer um trabalho comunitário — ele se levantou da cadeira e foi em direção à porta — Pelo menos você já está familiarizado com a Julieta.

Encarei ele. Tentando adivinhar o que queria dizer.

— Adeline Montenegro é seu par, seu tapado — arregalei os olhos.

 Nem ferrando!

(...)

Rosas e Rimas - Tavin McOnde histórias criam vida. Descubra agora