Capítulo único

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Eu era grato por momentos como esses, apesar de serem simples. Talvez fosse a correria do dia a dia que nos impede de estar juntos tanto quanto eu gostaria ou o fato de Scorpius estar crescendo cada vez mais rápido, mas cada momento que eu passava ao lado deles era cada vez mais valorizado por mim.

Ou talvez eu apenas esteja ficando cada vez mais velho e mais sentimental.

Era sábado à noite, uma leve chuva caia do lado de fora e eu, Draco e nosso filho concordamos que o melhor programa para essa noite era filme e pipoca.

Eu estava sentado no sofá da sala da nossa casa, meu filho estava esparramado no sofá, a cabeça no colo do meu marido e os pés jogados no meu colo. Os dois discutiam sobre o filme que acabamos de assistir e eu, para ser bem honesto, havia acordado cinco minutos antes do filme acabar e não fazia ideia do que os dois falavam, então me concentrei em comer o restante da pipoca enquanto fingia que entendia do que se tratava a discussão dos dois e concordando vez ou outra quando pediam minha opinião. Sim, óbvio que eu sei que eles fazem isso apenas para jogar na minha cara que eu não estava prestando atenção, mas eu não tenho como provar o contrário, então apenas sorri de forma culpada para eles.

- Ok, então escolham o próximo que irei prestar atenção. - Garanto, mas nós três sabemos que isso não é verdade, era sempre assim, era perfeito. - Vai, eu juro que vou.

- Claro que vai, querido. - Draco diz de forma sarcástica, mas sorrindo. - Vou fazer mais pipoca, seu pai comeu tudo. - Ele diz a Scorpius, que ri enquanto se endireitava no sofá, se sentando ao meu lado.

A luz estava apagada, a sala iluminada apenas pela televisão ligada. Mas quando se é pai, você reconhece seu filho querendo te perguntar algo até mesmo no escuro.

Eu podia ver pelo canto do olho ele intercalando seu olhar entre mim e a televisão, de forma curiosa, como se estivesse pensando em um jeito de me perguntar algo.

Scorpius mordeu levemente o lábio inferior, antes de suspirar, e então começar a falar, sua voz estava baixinha e tímida.

- Pai, posso te perguntar uma coisa? - Ele pergunta, hesitante.

- Claro, filho. O que você quer saber? - Perguntei, colocando minha atenção totalmente nele, pois não era comum ver Scorpius hesitando ao querer saber de algo.

Desde pequeno era um garoto curioso, aquele tipo de criança que pergunta o porquê de tudo. Como o porque do céu ser azul ou se os bebês que estão dentro da barriga também fazem aniversário. E conforme ele foi crescendo sua curiosidade foi crescendo junto, era adorável.

Ele abriu e fechou a boca algumas vezes, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas para perguntar o que queria.

- Como você soube que estava apaixonado pelo papai? - Scorpius perguntou, sua voz ainda baixa e tímida, mas eu podia ver a curiosidade no rosto do meu filho por trás da leve timidez.

A pergunta me pegou de surpresa, mas também me fez sorrir. Era em momentos como esse que eu percebia que Scorpius estava realmente crescendo, e crescendo muito.

Ele já não era mais o garotinho pequeno que me perguntava sobre o céu azul. Ele e seus treze anos de idade estavam na pré-adolescência, e pelo visto eu teria que me acostumar com perguntas sobre paixão de agora em diante.

Me era óbvio, pela maneira envergonhada de Scorpius, que a razão da sua pergunta repentina não era apenas curiosidade, e me lembrou da primeira vez que eu próprio fiz a mesma pergunta aos meus pais quando tive minha primeira paixão da escola.

É aquela fase em que você tem muito mais perguntas que respostas, que começamos realmente a questionar tudo que sentimentos e tentamos entender porque sentimos. É tudo novo, tudo interessante.

Lembranças de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora