37. Fogueira e história

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Drogo

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Drogo

        Quando Meghan disparou aquilo, fiquei nervoso. Então, ela já queria ir para o próximo passo. Queria algo mais sério. Não sei o que faço. Isso significa que estamos em um relacionamento sério, que estamos mais envolvidos do que penso. Isso não era para ser. Não! Droga! Preciso conversar com ela urgente.

        — Vamos montar uma fogueira lá fora — o velho na cadeira de rodas fala.

        Já havia anoitecido. Ficamos aqui o dia inteiro. Esse pessoal é diferente de tudo que já vi. O alfa é casado com uma mulher vampira. A tal Isabelly tem primos lobisomens. Isso aqui é uma loucura. Me pergunto: e se os reis vissem isso? O que o rei vampiro diria? O que o rei dos lobisomens diria?

        Nos sentamos ao redor da fogueira, que foi feita na floresta. Curioso, pergunto...

        — Érr... Apenas uma dúvida... O que o rei vampiro e lobo acham do clã de vocês?

        — Ah... Isso... Para ser sincero — Juan responde — conhecemos o rei lobisomem, o que todos dizem ser o supremo alfa. Ele é nosso amigo. É compreensivo e não ver problemas em morarmos juntos. E, aliás, qual problema teria?

        — Espera... — Isabelly fala. — Existe rei vampiro? Eu não sabia!

        — Claro que não! — Luis retruca. — Você só vive no seu mundinho e enfurnada naquele hospital que esquece o mundo aqui fora.

        — Como é que é?

        — Ah, não! Vocês não vão começar uma discussão — Ashley intervém. — Sejam agradáveis com as visitas.

        — Ele que começa! — Isabelly rebate, indignada.

        — E você quer terminar — Jimena fala. — Irmã, se contenha. Os dois. Vamos ouvir o que o Don Martín tem a nos contar hoje.

        — Só mais uma dúvida — meio que ergo a minha mão, como se fosse para fazer uma pergunta na classe. — E como vocês lidariam, caso tenham um filho, que provavelmente irá ser híbrido?

        "Drogo, o que isso te importa? Não seja invasivo. Isso não é da sua conta."

        Olho para Nicolae assustado, quando ouço a sua voz na minha mente. Como é ótimo ter um irmão telepata. Sorrio intimidado, tentando disfarçar.

        — Ah... Já pensei nisso sim, jovem — observo Juan. — Os híbridos são mal vistos na sociedade sobrenatural. Ou até mesmo proibidos, dependendo do rei de uma determinada raça. Mas isso não será problema, creio eu. Poderemos ter um filho, contanto que ele não seja uma ameaça para os sobrenaturais. E temos o respaldo de Atreu, o nosso rei lobisomem.

        — Oh, compreendo — digo. — Me perdoe se fui invasivo.

        — Não se preocupe, filho — Martín diz. — Estamos aqui para aprendermos a conviver. Agora, preparem-se. Irei contar histórias do nosso passado.

        Todos se posicionam para ouvir. Meghan sai do lado da Lorie e senta entre minhas pernas, em minha frente. Fico surpreso com essa ação. Coloco os meus braços ao seu redor, a abraçando e apoio o meu queixo em seu ombro. Meghan, sinto muito!

        — Há muito tempo atrás, por volta do ano de 1700, travava-se uma guerra mortal entre as raças mais populares do mundo sobrenatural: vampiros e lobisomens. Era uma guerra incessante por poder e território. Parecia que nunca ia ter fim. Os protagonistas dessa guerra foram a família Munrou de Wessex e vários clãs de lobos. A família Munrou queria poder, território, queria estar no comando das raças. E os lobos estavam em seu caminho. Um clã de lobisomens disse "já chega" e entrou na guerra para terminá-la de vez. Os Hoff. Foram dias árduos de luta e derramamento de sangue. Ninguém queria ceder. Quando ambos os lados viram que estavam perdendo seus aliados, firmaram um acordo de paz. Assim, cessando a guerra e tolerando a existência um do outro até hoje.

        — Desculpe interromper, mas você está falando da família real vampírica, os Munrou de Wessex? — Nicolae pergunta, surpreso.

        — Sim. E os Hoff é a família real de lobisomens.

        — Vocês participaram dessa guerra? — Lorie pergunta, curiosa.

        — Bem, a minha família, infelizmente, não sobreviveu ao ataque. Estávamos no México, nunca fomos de nos envolver em conflitos políticos ou territoriais daquela época. Meu irmão, o alfa da nossa alcateia e pai de Juan, tentou ficar ausente da batalha. Mas, os vampiros não pensavam assim. Em uma noite tranquila, quando todos estavam dormindo, eles decidiram atacar. Sem dó nem piedade. Vi meu irmão tendo seu coração arrancado e empalado em uma espada de prata. Minha cunhada servindo de alimento para aqueles seres e logo em seguida sendo morta. Juan foi torturado no alto de uma fogueira, como faziam com bruxas. Ele tinha apenas 8 anos. E eu sofri mais do que pude imaginar. Eles derreteram a prata, cortaram minhas pernas e fizeram com que escorresse por elas. Por isso hoje sou incapacitado de andar. A prata é a maior fraqueza de um lobisomem. Quando foram embora, consegui me rastejar até Juan e tirá-lo daquela fogueira. Depois fomos embora e ninguém nunca mais ouviu falar sobre a alcateia da família Hidalgo. Essa é uma história que envolvia uma única família sedenta por poder. E isso afetou a todos.

        Era impressionante. Eles sempre estiveram aqui. Me senti mal por eles, tendo a família tirada daquela forma cruel por uma disputa de poder. Vi que Juan ficava melancólico enquanto o tio falava. Eu também estaria assim no lugar dele. Não suportaria. E mesmo com todo esse sofrimento, ele não se perdeu no caminho. Pelo contrário, está aqui, tentando recomeçar. Eles enxergam que ainda há esperanças. Diferente de mim.

        — Sinto muito, por isso — digo, comovido. — Pelo visto, todos nós temos um passado amargo para contar.

        — Sim, mas sempre tentamos seguir em frente. Não queria que tudo aquilo me abalasse — Juan fala. — Perdi a minha família e quase perdi a minha vida. Mas eu ainda tinha o meu tio que sempre cuidou de mim. Por um tempo ele se tornou o alfa, o chefe, até que eu crescesse. Hoje me tornei o alfa e reconstruí o meu clã — pega a mão de Jimena e a beija.

        — Que tal mudarmos para um assunto menos triste? — uma das vampiras fala, Victoria.

        — Tem razão! — Jimena concorda.

★★★

        Jogamos conversa fora por longas horas. Nos despedimos e estávamos a caminho de casa.

        — Quem é? — Meghan pergunta, olhando para meu celular que estava tocando.

        — Loan — atendo. — Alô.

        — Oi, e aí? Quer vir na minha casa agora? Estou dando uma festa. Traz sua namorada também. Podemos nos divertir muito.

        Meghan ouvia tudo. Ela concorda com a cabeça.

        — Tudo bem. Até mais — desligo. — Nicolae, nos deixe aqui. Vamos para uma festa — me olha pelo retrovisor.

        — Estamos na estrada escura no meio do nada.

        — Podemos ir com a nossa velocidade. Ninguém vai ver — Meghan fala.

        — Tudo bem — estaciona o carro. — Se comportem, não façam nada de errado. Não quero dar uma surra em vocês.

        — Confie na gente. Tchau, pessoal — Meghan diz, acenando.

        — Vamos? — pergunto.

        — Vamos! — entrelaça nossos dedos.

        Espero poder conversar com ela essa noite. Tenho algo importante para falar.







Drogo & Meghan - Trilogia Irmãos Bartholy - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora