1955, 13 de Setembro.
Um ano tornou-se um ano nos registros da brutalidade humana, um fio vermelho que criou uma tapeçaria de maldade sem igual. O cheiro de cordite e os gritos da Segunda Guerra Mundial deixaram sua marca na própria alma do planeta.
As cinzas desse cataclismo deram origem a uma fênix monstruosa. Uma era de dominação sombria foi inaugurada pela Alemanha nazista, com as suas asas negras batendo com o triunfo. O mundo estava condenado a um futuro tão contorcido como o laço de um carrasco, preso numa escuridão interminável de desconfiança e terror. O Terceiro Reich, tendo empregado vitorioso da carnificina, decidiu estender suas garras ambiciosas na direção dos Estados Unidos.
Duas superpotências agora se enfrentavam, cada uma carregada de sua própria ideologia, separadas por um abismo de crenças e ambições.
Um estrangulamento gradual e excruciante, a Guerra Fria foi uma horrível zombaria de seu nome. As batalhas gloriosas e terríveis eram coisa do passado. A conveniência política servia como o altar no qual as pessoas eram trocadas pela dura moeda do conflito: o sacrifício.
As fronteiras - aquelas linhas manchadas de vermelho de batalhas anteriores - tornaram-se horríveis linhas de falha. Antes consideradas imutáveis, elas agora se abriam como feridas purulentas, ficando expostas ao punho de ferro da força militar e aos tentáculos farpados da subversão.
A bandeira americana, ainda hasteada em meio ao cerco, era uma chama vacilante contra a escuridão emergente. A esperança desvanecia-se nas rachaduras das ruas em um espetáculo desolador.
Os tiros ecoavam nas paredes dilapidadas como uma recordação cruel do que fora perdido. Os lamentos dos falecidos ecoavam como um coro melancólico, uma ode ao terror inolvidável daqueles dias sombrios.
Uma realidade exposta, tão podre quanto a gangrena, apodrecia no labirinto sujo das ruas destruídas pelo conflito. A própria linguagem se transformou em um véu desgastado, incapaz de esconder a verdade macabra do cemitério que surgiu da batalha. Expressões como "opressão", "tortura" e "impiedade" eram insignificantes em comparação com o barulho ensurdecedor da angústia.
A fachada delicada da humanidade havia sido consumida pela boca faminta da guerra, que vomitou animais ferozes em seu lugar. Cada mancha vermelha sobre os paralelepípedos testemunhava a violência decretada pela falta de esperança.
As tropas nazistas eram efígies ambulantes do mal, com seus uniformes da cor de sangue seco. Para cada ação que fizessem, era uma exibição hedionda de brutalidade, uma apresentação macabra dirigida por um titereiro sádico. Qualquer ato abusivo era um rito sacrílego que tinha grande prazer na decomposição do espírito humano.
A verdadeira face da guerra sorriu de volta, uma face de olhos vazios e dentes rosnando, uma fome horrível que ansiava por nada mais do que a própria essência da decência humana, em vez de território ou poder.
Contudo, como um raio de luz na escuridão, o desfecho daquele conflito brutal começava a se insinuar no horizonte.
Apesar dos esforços daqueles que haviam moldado o curso do destino, o exército americano começava a ceder. Os destroços daqueles que haviam sido derrotados jaziam no campo de batalha, uma lembrança macabra da ferocidade do conflito. O odor da decomposição pairava como uma maldição, mantendo ambos os lados à beira do abismo de um iminente ataque nuclear.
New York, Lower Manhattan, à 01h00am.
Na Grand Street, havia um forte gosto residual de metal queimado e ferrugem. Com os olhos embaçados pela sujeira do combate, o cabo Muriel olhou em volta dos escombros para encontrar sua divisão. Três. Só restavam três homens, ele entre eles, os outros reduzidos a manchas vermelhas nos calçamentos. Sua suposta proteção, o tanque outrora dominante, foi reduzida a uma pilha fumegante, um monumento à ira do adversário.
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Devilish
ParanormalEm um mundo agonizante sob o jugo nazista, onde a vitória alemã na Segunda Guerra Mundial envenenou a terra com opressão e desespero, criaturas sobrenaturais nascem das profundezas da miséria humana, alimentando-se das sombras da alma. Sob o peso de...