Além da Estrada Escura

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Dedicado a todos que guardam seus sofrimentos para si, para aqueles que lutam batalhas que ninguém mais sabe, para aqueles que encontram nos livros e histórias uma forma de fugir ou lutar contra seus medos e temores.

Além da Estrada Escura

Por Ralf Starman

Parte Um: Eles quem? :

O carro seguiu por uma rua mal-acabada virou em uma estradinha de terra, continuou até chegar em outra rua de terra esburacada e escura. Não se via nada que não estivesse sendo iluminado pelos faróis do carro. O motorista começou diminuir a velocidade enquanto tentava entender o que a moça ao lado dizia;

— Será que dá pra falar alto, odeio quando você sussurra — disse ele impaciente.

— Ae? E eu odeio quando você banca o espertalhão! Essa estrada fez a gente perder ainda mais tempo — respondeu a moça.

— De quem é a culpa da gente precisar de um atalho?

— Ah! Agora a culpa é toda minha!?

— Se você não enrolasse tanto a gente já estaria lá!

— Ah! Cala essa boca e dirige — diz ela em zombaria.

O motorista freou o carro bruscamente, e os dois foram arremessados para frente sendo segurados pelo cinto, a moça tomou um susto e deixou escapar um grito agudo. Ela o encarou espantada, sem dizer uma palavra, tirou o cinto, destrancou a porta do carro e desceu, caminhou até o meio da deserta estrada e parou para acender um cigarro.

— Não faça a gente perder mais tempo! — gritou o motorista de dentro do carro enquanto colocava a cabeça para fora.

— Vai a merda, seu babaca! — ela gritou de volta enquanto expelia a fumaça pela boca.

O motorista apertou a buzina que retumbou estridente pela paisagem deserta. A moça mostrou não se importar com o barulho e continuou parada as bordas da estrada com o cigarro aceso nas pontas dos dedos. O motorista ligou o carro e foi lentamente em direção a moça, enquanto se aproximava ele gritou com a cabeça ainda de fora da janela;

— Vai entrar ou vai ficar aí sozinha? — o carro passou por ela lentamente, enquanto ele gritava.

A moça ainda com raiva, não deu atenção e manteve o rosto virado para a escuridão da paisagem desolada. O motorista então continuou.

— Boa sorte!

Em seguida ele acelerou levantado à terra e deixando a moça para trás.

Se passaram poucos minutos até que a moça ouvisse o barulho do carro voltando, ela continuava em pé na estrada enquanto seu cigarro chegava ao fim. O motorista se aproximou e parou o carro. Ela não quis olhá-lo no rosto.

— Olha aqui, não precisa me perdoar, mas por favor! Será que dá pra entrar na droga do carro?

A moça ainda em silêncio e com o passo lento atravessou a estrada arremessou o cigarro fora, iluminada pelos faróis sua sombra se desenhou no chão da estrada de terra sua silhueta era de uma simetria perfeita, ela caminhou até o carro, quando se sentou começou a chorar.

— Não precisa ser tão dramática, você sabe que eu não ia te deixar aqui.

A moça enfim olhou para ele, e disse;

— Quando a gente voltar vou pegar minhas coisas e vou embora.

— Como assim vai embora?

— Acabou! Não tem futuro pra gente Rudger— disse, limpando as lágrimas do rosto.

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