O encontro

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Pov’ Pedro
16:50

Ai meu Deus, eu não vou morrer sozinho.

Está bem, talvez isso tenha sido meio precipitado, mas eu tenho um encontro hoje, com um cara lindo e com um gosto musical semelhante ao meu.

Além disso, ele parece estar passando por algum tipo de desilusão amorosa por conta de seu repertório musical e isso o faz ainda mais parecido comigo, acho que temos a dor parecida nessa vida e por isso acredito que vamos nos entender bem.

Ou talvez ele só gosta desse gênero de música e a canta intensamente só por que gosta, enfim.

Estou terminando de me arrumar e faltam 10 minutos para eu ir buscá-lo, acredito que esteja na hora de acabar com esses ”talvez” e ir em busca das certezas.

Estou pronto e sentado em meu sofá aguardando ansiosamente o relógio marcar 17 em ponto, ele mora no apartamento no fim do corredor então não acredito que irá demorar muito para eu chegar em sua porta.

17:00

Pego minhas coisas apressado e saio do meu apartamento. Estou bem ansioso para esse encontro, faz muito tempo que não saio com ninguém, não tive muita vontade depois do meu término com o Fernando, foi um relacionamento perfeito  até o instante em que percebi que não era e que eu estava sendo enganado. Mas enfim, acontece.

Estou na porta do apartamento de João. Verifico o número umas três vezes antes que criar coragem e bater na porta. Segundos depois a porta se abre da maneira apressada revelando um João levemente nervoso.

- Oii - ele diz meio sem jeito.
- Oii - digo sorrindo e ele sorri de volta, e que sorriso.
- Bem… vamos? - digo sorrindo lhe entregando minha mão para que ele a segure. E ele a pega sem nem pestanejar. É um toque sutil e leve, eu poderia me acostumar com isso.
Na verdade, eu quero me acostumar com isso.

Depois de um caminho de 5 minutos em completo silêncio e nossas mãos suando muito por conta do nervosismo, e que apesar disso não desgrudamos nossas mãos nem por um segundo, finalmente chegamos na cafeteria próxima ao condomínio. Pedimos nossos cafés e sentamos na mesa mais próxima, enfim desgrudamos nossas mãos.

- Então…. - ele começa a dizer meio nervoso e desajeitado - Isso é meio estranho.

Meu coração gela. E se ele só aceitou por educação? Ele parecia tão interessado....

- Por quê? - pergunto tentando transmitir calma e tranquilidade, mas falho miseravelmente e minha voz soa como a de um menino de 15 anos com a voz falhada. Pigarreio de leve e retomo minha pergunta - Por quê?

- É que… acho que as pessoas normalmente conversam primeiro e depois saem, mas a gente nunca conversou… se bem que a gente cantou junto, que é bem melhor que conversar - ele diz distante preso em seus pensamentos, meu olhar confuso o desperta - Ah, enfim… é só que a gente nunca conversou antes…

- É... acho que o amor na prática é sempre ao contrário. - digo convencido sorrindo de canto.

- Meu Deus!! Você citou Cazuza pra mim? - ele indaga surpreso e com uma felicidade genuína tão linda, eu seria capaz de voltar no tempo milhões de vezes só para vê-lo assim mais uma vez.

- Gostou? - pergunto convencido, apesar dele não dizer nada, acredito que seu olhar e sorriso dizem o suficiente para mim.

E assim a conversa fluiu levemente, acho que só precisávamos de um leve empurrãozinho, e por quê não o artista que nos uniu ajudar-nos mais uma vez?

Ficamos conversando por horas, nossos cafés acabaram e para não sermos expulsos da cafeteria pedimos um sundae para dividirmos.

22h

Percebemos que já estava muito tarde então tivemos de ir para casa.

Fizemos o mesmo caminho juntos e de mãos dadas, agora não faltavam assuntos para preencher aqueles 5 minutos de caminho, mas sim tempo para falarmos tudo o que queríamos. E mais uma vez caminhamos de mãos dadas, mas dessa vez sem nervosismo, estávamos confortáveis.
Eu disse que poderia me acostumar com isso.

Finalmente chegamos no nosso andar. O apartamento de João é o mais perto do elevador então vou deixá-lo lá primeiro.

- Bem… acho que é isso… - falo meio desajeitado.

E ele faz algo que me surpreende. Puxa minha camisa colocando meu rosto a centímetros do seu, posso ouvir suas artérias chamando meu nome. E ele me surpreende mais uma vez me dando um selinho, mas para antes de aprofundar o beijo.

- Por que parou? - pergunto confuso com seu rosto tão próximo ao meu que posso ver cada centímetro de seu rosto e admirar cada um.

- Da próxima a gente continua - ele diz afastando seu rosto do meu e entrando em seu apartamento.

-Vai ter próxima vez?

-Claro que vai, meu amor -  me lança uma piscada e fecha sua porta. Sinto essa piscada como uma flecha em meu coração.

É definitivo, estou perdidamente apaixonado pelo meu vizinho.

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A música nos uniu || mini au pejaoOnde histórias criam vida. Descubra agora