Capítulo 4 - A Casa do Farol

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Quando abri a porta, fui recebida por um ambiente surpreendentemente organizado, embora a poeira cobrisse os móveis e alguns pratos sujos estivessem empilhados na pia.

A casa tinha um ar de abandono recente, como se alguém tivesse saído às pressas. Sabia que a polícia havia retirado as anotações do meu pai para investigação, então não esperava encontrar nada revelador por ali.

Deixei minhas malas caírem no chão da sala com um baque surdo, e me joguei no sofá de couro gasto.

O cansaço pesava sobre mim como uma âncora. A longa viagem, a tensão dos últimos dias, e a estranha atmosfera da ilha pareciam se acumular de uma vez.

Suspirei, afundando nos velhos estofados, tentando encontrar algum conforto no silêncio ao meu redor.

Depois de alguns minutos afundada no sofá, finalmente me levantei.

Precisava explorar a casa, tentar entender melhor o espaço que agora me pertencia. A casa tinha dois andares, uma cozinha, dois banheiros, uma sala, um quarto, e um escritório, além do sótão e do porão.

Ao subir as escadas, percebi o quanto tudo ali refletia o mundo de meu pai.

Havia vários elementos náuticos: redes de pesca penduradas nas paredes, conchas decorativas, maquetes de barcos, e quadros com imagens do mar revolto.

O cheiro salgado do oceano parecia impregnado nas paredes, trazendo uma sensação mista de nostalgia e melancolia. Continuei caminhando até encontrar o único quarto da casa.

Quando abri a porta, me deparei com o caos. Roupas espalhadas, papéis amassados no chão, lençóis embolados na cama... Um verdadeiro contraste com o resto da casa, que parecia quase intocado.

Se eu quisesse uma noite de sono minimamente decente, precisaria arrumar tudo aquilo. Suspirei, sabendo que esse seria o primeiro passo de muitos para restaurar a ordem naquele lugar que, apesar de familiar, parecia tão distante

Passei mais tempo do que esperava arrumando o quarto. Cada pedaço de roupa, papel amassado e lençol embolado parecia carregar um peso emocional, como se eu estivesse desvendando pequenos fragmentos da vida que meu pai deixou para trás.

À medida que organizava tudo, tentava não pensar muito em como ele deveria ter passado seus últimos dias ali.

Finalmente, depois de muito esforço, terminei. Olhei ao redor, e a bagunça havia dado lugar a um ambiente mais acolhedor.

No centro, a cama estava impecável, com um lindo lençol de seda rosa esticado com perfeição. Toquei o tecido macio, e ele parecia quente e reconfortante, quase como se fosse um presente silencioso em meio ao caos dos últimos dias.





~





O dia começava a se transformar em noite, e a luz da tarde estava lentamente dando lugar à escuridão. O ambiente ao redor da casa parecia ficar cada vez mais sombrio, com a névoa começando a se intensificar.

As sombras dançavam nas paredes, criando formas que pareciam se mover com uma vida própria.

Enquanto eu continuava lavando os pratos, a luz da cozinha parecia lutar para iluminar o ambiente, lançando uma luz tênue que não era suficiente para dissipar completamente a escuridão crescente.

Foi nesse jogo de luz e sombra que percebi o vulto vermelho no canto do meu olho.

O movimento fugaz fez meu coração acelerar. O ambiente ao meu redor estava mergulhado em uma penumbra crescente, tornando tudo um pouco mais incerto e inquietante.

O Demônio do FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora