CREED I : VIDA COMEÇA AGORA

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Ashley Mwangi

Eu lembro da primeira vez que o vi. Era estranho pensar nisso até hoje, mas as vezes eu me pegava olhando para o passado.

Éramos crianças, novos demais para pensar em algo além de amizade, mas velhos o suficiente para sabermos que jamais deixaríamos de estar na vida um do outro.

Adonis era diferente de todos os outros do colégio, mas eu também era. Ser negro ou asiático em um colégio onde você era conhecido por quantas gerações a sua família possuía dinheiro não era fácil para nós. Nós dois víamos como era difícil crescer muitas vezes, mas batalhamos, e tínhamos chegado onde estávamos pelo nosso próprio suor.

Mesmo assim, Donnie não servia para ficar oito horas em um escritório que mais parecia um cubículo. Ele tentou ao máximo, colocou muito de seu esforço para que Mary Anne se orgulhasse dele, mas não era isso que ele era. Donnie era um Creed, uma fera que não poderia ser parada, ele sempre estaria no topo da cadeia alimentar, e sempre lutando.

Eu queria poder ajudá-lo, mas não sabia como. Eu não sabia como tocar no assunto com ele, mesmo que percebesse o quão difícil para ele estava sendo ir contra seus instintos. Eu sempre soube o que eu queria, na verdade eu só tinha três opções toda a vida, mas não me parecia ruim. Mas Donnie não conseguia aceitar a ideia de alguém liderando seu destino.

— Oi. — Ele diz surpreso ao me ver na cozinha junto com Mary Anne.

— Oi. — Falo antes que ele chegue até mim para me beijar.

— Achei que tínhamos combinado de sair amanhã.

— Teve uns problemas no escritório, eu vou ter que viajar pela manhã para a Espanha. — Digo e ele concorda.

Ele não parecia estar bem, não no sentido de doente, mas com algo passando em sua cabeça e ele não sabia como nós contar.

Mary Anne era uma pessoa legal, as vezes controladora, mas quem não queria as coisas do seu jeito de qualquer maneira? Eu passei a maior parte da minha infância e adolescência nessa casa, tinha aprendido a conviver com ela. Mas ela sem dúvidas era bem mais legal que a minha mãe, mas é o que dizem "a grama do vizinho sempre é mais verde que a sua".

— Eu queria falar sobre o meu emprego. — Ele diz enquanto Mary Anne nos servia.

— Já viu o novo escritório?

— Vi. Só que... — Adonis tenta falar, mas não encontra as palavras certas.

— Como é que ele é? Foi muito importante essa promoção. Te deram uma secretária? — Ela pergunta entregando para ele a sopa.

— Obrigado.

— Você é meu orgulho. — Ela afirma o olhando nos olhos. Isso parecia tê-lo chateado, como se estivesse indo contra tudo e todos.

Seja o que ele tivesse para falar, não falaria agora. Eu sempre achei que ele tinha muito mais medo de desapontar ela do que qualquer outro filho normal, e sabia o motivo. As vezes eu ficava impressionada com o medo dele, e olha que minha mãe era asiática.

— Quando vai voltar? — Ele pergunta enquanto saímos da mansão, durante todo o jantar ele estava esquisito, mas não parecia a hora certa de contar.

— No máximo um mês. — Respondo enquanto ele enlaça minha cintura.

— Achei que não teria viagens esse ano.

— Não deveria, mas Andie saiu de licença maternidade, eu fiquei com um dos clientes dela. — Respondo me encostando em meu carro. — Está tudo bem?

AS LUTAS DO AMOR | Adonis Creed Onde histórias criam vida. Descubra agora