𝑆𝑒𝑛𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝐶𝑜𝑛𝑓𝑙𝑖𝑡𝑜

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      Eu, Laura, estava sentada no sofá da sala, observando Liz com um olhar desconfiado. Havia algo naquela garota que não me agradava, embora eu não conseguisse apontar exatamente o que era. Liz tinha um sorriso fácil e uma maneira encantadora de falar que parecia conquistar todos ao seu redor. Mas para mim, era difícil acreditar que alguém pudesse ser tão perfeito assim.

Enquanto observava Liz se movimentar pela cozinha, percebi Lian se aproximando. Ele era uma das poucas pessoas em quem eu confiava, e sua presença sempre fora reconfortante. No entanto, desde a chegada de Liz, Lian parecia estar em conflito. Por um lado, ele queria dar uma chance à nova moradora; por outro, sentia-se leal a mim.

— Você está bem? — Lian perguntou, sentando-se ao meu lado.

— Estou tentando entender o que exatamente não gosto nela — confessei, sem tirar os olhos de Liz.

— Eu sei que é difícil confiar em alguém novo, especialmente depois de tudo o que passamos. Mas talvez devêssemos dar uma chance a Liz.

— Não, principalmente depois do que aconteceu com Martins. Ele entrou na nossa casa falsificando o currículo só para descobrir nossas fraquezas e usá-las contra nós e nossas famílias.

— Eu só... acho que todos merecem uma chance. E ela parece genuinamente interessada em conhecer todos nós — disse ele, um pouco hesitante.

Respirei fundo. Sabia que Lian estava certo, mas algo dentro de mim ainda resistia. Talvez fosse o fato de Liz parecer tão perfeita que me incomodava, ou talvez fosse simplesmente o medo de que uma nova pessoa pudesse abalar a dinâmica da casa novamente.

Enquanto conversávamos, Alaric entrou na sala. Ele era um dos mais antigos residentes da Casa S e, recentemente, seu comportamento em relação a Liz tinha chamado minha atenção. Ele parecia muito próximo dela, sempre encontrando desculpas para estar por perto, para ajudar ou simplesmente para conversar.

Alaric se aproximou de Liz na cozinha, oferecendo-se para ajudar a cortar legumes para o jantar. Notei o olhar que ele lançava para Liz — um olhar cheio de gentileza, algo que me fazia sentir desconfortável. Era puro e sem nenhuma intenção de maldade.

— Você também notou? — Lian perguntou, seguindo meu olhar.

— Sim — respondi. — Alaric está claramente muito próximo dela. Não sei se isso é uma coisa boa.

— Talvez ele só esteja encantado por ela, como todos nós — sugeriu Lian.

— Ou talvez ele esteja se deixando levar demais. Eu só... não quero que ninguém se machuque novamente.

— Eu entendo. Vamos ficar de olho nisso. Mas, por enquanto, talvez devêssemos tentar dar uma chance a Liz. Quem sabe, ela possa realmente ser uma boa adição à nossa casa.

— Não, ela só entrou por pura sorte — falei, sentindo a raiva vindo à tona. Esse assunto sobre essa garota estava começando a me cansar. — Não precisa me chamar para jantar. Vou comer no meu quarto hoje — disse, levantando-me e indo em direção ao quarto. Atravessei a porta, trancando-a em seguida. Peguei um saco de sangue AB do frigobar, colocando-o em um copo e bebendo em um único gole. Fui até a estante de bebidas, peguei uma garrafa de Johnnie Walker Red Label e um copo, levando-os até a mesinha na sacada e me servindo.

Depois de algumas horas bebendo, ouvi uma batida na porta. Fui até ela, abrindo e encontrando Elizabethe parada ali.

— Boa noite, Laura — disse ela, com um sorriso no rosto.

— Noite — falei, com uma cara fechada, bebendo um gole da minha bebida. — O que você quer aqui?

— Tem um garoto chamado Blake Underwood te chamando no salão principal.

Assim que ela terminou de falar, passei por ela, indo em direção ao salão.

— Boa noite, minha bela deusa da beleza Afrodite. Trouxe-lhe este humilde presente — disse ele, levantando um buquê de tulipas negras. Peguei o buquê de suas mãos.

— Esse já é o terceiro buquê só nesta semana. Os outros foram de rosas brancas e de girassóis — falei, tomando outro gole da minha bebida.

— Essas flores são apenas oferendas para você, embora nenhuma delas chegue aos pés da sua beleza — disse ele, fazendo uma pequena reverência. Blake Underwood é da Casa A. Há três anos, ficamos juntos por algumas semanas, mas terminei por ele ser muito grudento e emocionado. Ele jura que algum dia vou abrir os olhos e ficar com ele para termos nosso "felizes para sempre". O bom é que ele faz tudo por mim, então ele ainda é um pouco útil, e ajuda o fato de ser filho da diretora. Como ela também gosta de mim, isso facilita para que eu não seja pega saindo à noite.

Eu estava suspeitando de Elizabethe, mas como não havia ninguém para ficar de olho nela, olhei para ele, que ainda estava parado na minha frente, me encarando com um olhar brilhante e cheio de desejo. Seria melhor colocá-lo de olho nela.

— Blake — chamei-o de uma maneira fofa e encantadora. — Poderia fazer um favor para mim? — perguntei, abraçando levemente as flores contra o peito, destacando-os ainda mais contra as pétalas.

— Claro, farei qualquer coisa que desejar — disse ele, alternando o olhar entre meu rosto e meu colo, com as bochechas levemente coradas. Como sempre, um homem fácil de manipular; fico feliz que isso não tenha mudado nas férias.

— Eu quero que... — falei, aproximando-me dele até alcançar sua orelha esquerda. — Que você fique de olho na Elizabethe e consiga uma cópia dos documentos dela da sala da sua mãe, com todas as suas informações — sussurrei em um tom sedutor e encantador.

— Claro, minha deusa — respondeu ele, sorrindo baixo enquanto me encarava. Aproximei meu rosto do dele, quase sentindo sua respiração, mas então ouvi uma voz familiar vinda da escada.

— Humm — disse Petros, fazendo Blake se assustar. Apenas olhei para Petros.

— Existem lugares melhores que o salão principal para esse tipo de coisa — comentou, passando por nós com uma pilha de documentos na mão. Me afastei de Blake.

— Acho melhor você voltar. Até depois — falei, virando-me e subindo as escadas. Ouvi ele dizer "boa noite, minha deusa", apenas levantei a mão em resposta e continuei em direção ao meu quarto.

Joguei as flores em cima da escrivaninha e voltei até a mesa da sacada, enchendo meu copo e bebendo-o de uma vez. Respirei fundo, sentindo a brisa da noite, encostando-me na cadeira e fechando os olhos.

De repente, um sonho. Vejo um garoto de cabelos pretos e rosto levemente embaçado me olhando por cima de um berço.

— Você dormiu bastante, minha irmãzinha — dizia ele.

Era sempre o mesmo sonho. Pequenas mãos vão em direção ao colar em forma de uma pequena pedra azul-claro.

— Você gostou? Tem a mesma cor dos seus olhos — ele disse, com um sorriso. — Não importa onde você esteja, eu sempre irei te encontrar por meio desse colar. Veja, você também tem um igual — ele segurou e mostrou um colar, preso em seu pescoço, com uma cor escura. — Eu prometo te encontrar se um dia nos separarmos — disse ele, sorrindo gentil e aconchegantemente.

Acordei assustada e, instintivamente, agarrei o colar em meu pescoço. Um gato preto estava em cima da mesa e se assustou com meu movimento repentino, correndo para longe. Apertei o colar em meu pescoço, com várias perguntas na cabeça: quem seria esse garoto? Qual o sentido desse colar?

Levantei-me e fui até a cama, deitando-me em seguida. Coloquei o braço sobre os olhos e, em poucos minutos, acabei pegando no sono novamente.

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