Capítulo 1

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- Alô, mãe? 

- Tessa, oi, sou eu Carlos. - escuto a voz de meu irmão mais novo do outro lado da linha.

- Carlos, que saudade, onde está a mamãe?

- Tessa, estou com ela no hospital, ela passou mal essa noite, tive que pedir um táxi correndo e ajudei ela a vir até aqui.

- O que aconteceu?

- Eu tinha percebido que ela não estava bem, mas insistiu em não vir para o hospital, disse que as contas já estavam muito altas e que o dinheiro não iria dar para bancar mais uma vinda ao hospital, mas quando ela passou mal, não tive o que fazer Tessa.

- Carlos, me escuta, fica tranquilo, me passe qual hospital vocês estão e eu pagarei a conta, vou mandar mais um dinheiro para vocês também, me desculpa, não sabia que a situação estava nesse nível.

- Tessa e seu aluguel, suas despesas?

- Não se preocupe, depois do trabalho vou passar o dinheiro.

Me arrumo hoje com uma saia lápis e um tricô, coloco uma meia-calça grossa e forrada e coturno nos pés.

Como não estou atrasada, tomo apenas um café preto e vou caminhando até o trabalho, mais um mês que terei que cortar gastos e dessa vez não sei o que farei para pagar todas as contas.

Chego na empresa e faço meu caminho até a cobertura, caminhando até a sala do meu chefe, batendo na porta e esperando a ordem para entrar.

 - Bom dia senhor Oliveira. - digo.

- Senhorita Kaster, bom te ver sendo pontual, sem horas extras para você hoje. 

- Na verdade, gostaria de saber se posso fazer algumas.

- Tem algum motivo específico? - meu chefe pergunta e o odeio por isso, odeio falar sobre a condição de minha mãe.

- Minha mãe passou mal a noite e preciso pagar a conta do hospital. Prometo que não vai se arrepender se me permitir trabalhar mais, posso adiantar o trabalho ou pegar mais alguns, posso resolver papéis para o senhor, o que eu puder fazer.

- Já que insiste, fique uma hora a mais por dia e duas a mais hoje, esteja com tudo resolvido até as sete horas da noite e as seis dos outros dias, você sairá comigo e me ajudará a fechar  a empresa, nesse tempo revise meus contratos.

- Certo. - concordo e em seguida vou desempenhar minhas funções.

Ao decorrer da manhã, organizo a agenda de meu chefe e faço algumas ligações, quando a hora do almoço chega, resolvo não pedir nada para comer, preciso economizar o que conseguir e pedir comida todos os dias pesa na minha conta em situações como essa.

- Senhorita Kaster o que faz aqui? - pergunta meu chefe saindo de sua sala.

- Estou trabalhando, senhor Oliveira. - digo.

- Está na hora de seu almoço, não quero funcionária minha ficado sem comer e passando mal. 

- Senhor, posso lhe garantir que não passarei mal.

- Venha, eu banco seu almoço, assim você não irá ajudar sua mãe. 

- Ah não senhor, não vou permitir que tenha gastos comigo. - ouço uma risada.

- Chego a me ofender por você achar que não tenho dinheiro para bancar um almoço, se surpreenderia com o número de dígitos na minha conta e tenha certeza que eu gastaria muito mais com funcionária minha doente.

Depois de uma grande insistência, desço e caminho até o restaurante do outro lado da rua com ele. Não é um restaurante de luxo, ou vulgar, eu o julgaria como sendo classe média alta.

Nos sentamos em um lugar e peço um prato de macarrão com queijo e vejo meu chefe pedir risoto de camarões ao molho de cogumelos, junto com uma garrafa de vinho que daria entrada em um celta.

Durante o almoço me mantenho calada, apenas olhando meu prato, enquanto Noah passa o almoço todo resolvendo negócios no telefone.

Depois de alimentada, volto para minha mesa e começo a revisar a papelada da tarde e fazer compras com alguns fornecedores em nome do senhor Oliveira.

Perto das quatro da tarde, faço o café amargo sem açúcar, na temperatura perfeita e levo para a sala do CEO dessa empresa. Bato na porta e ao ouvir a autorização, adentro a sala e deixo o café na mesa de centro, fingindo que não vi a ruiva praticamente pelada sentada em seu colo.

Rapidamente dou as costas e volto para minha mesa, tentando retirar o mais rápido o possível da cabeça a cena que se passou.

Cinco e meia da tarde observo a ruiva de mini saia e cropped beje dar uma piscadela e um sorriso de canto para mim, como se quisesse denunciar o que estava ocorrendo antes dela se retirar.

O resto da tarde parece passar se arrastando, não sinto minhas pernas e meus pés parecem estar super inchados. Quando as 19 horas quase chegam, eu já estou me sentindo exausta e louca para ir para casa.

- Por hoje é só Tessa, ainda faltam 10 minutos para dar o seu horário, não se acostume com isso, você que escolheu as horas extras, não vou facilitar, te pago para isso. Outra coisa, todo dia te mandarei dinheiro para almoçar,  e não quero ficar sabendo que você não almoçou, será demitida, terei mais despesa com a sua saúde se não cuidar, do que te enviando alguns trocados para o almoço. Me ajude a fechar tudo e esta dispensada.

Ajudo com as portas e chaves, em seguida pego meu caminho de casa, odeio ir a pé nessas horas e com esse tempo, mas não há nada que eu possa fazer.

Caminho apressadamente até meu apartamento, entro e janto um pão, em seguida ligo para o celular do meu irmão.

- Carlos, querido, como está a mamãe?

- Está se recuperando Tessa, obrigado de verdade por ter pagado a conta do hospital, não conseguiríamos sem você.

- Carlos, eu não paguei a conta do hospital.

- Tessa, para de graça, o enfermeiro veio nos avisar que tinham pago a conta em seu nome e que todas as despesas estavam quitadas.

- Olha, não se preocupe com nada disso, se cuide e cuide de nossa mãe, amo vocês.

Após desligar não tenho duvidas de quem bancou as despesas do hospital, a única pessoa para quem eu contei minha situação e isso não vai ficar por isso mesmo.

☆☆

Sou muito insatisfeita com o que escrevo, mas vou melhorando, deem um vito de confiança.

Xoxo ~Anna

Divino babacaOnde histórias criam vida. Descubra agora