♡ Capítulo 11 - Cumulus

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Demi-lune, França

5 horas depois


Quando meus olhos finalmente se abriram, a luz suave da manhã invadiu o quarto.

A primeira coisa que senti foi o calor familiar e o peso ao meu redor.

Ainda sonolenta, demorei um momento para entender a situação, mas então me dei conta... eu estava deitada sobre Levi.

Meu corpo estava completamente alinhado ao dele, e seus braços firmes me envolviam como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo.

Seu peito subia e descia lentamente, em um ritmo calmo que contrastava com o caos da noite anterior.

Eu podia ouvir o som de sua respiração profunda, e, por um momento, tudo parecia absurdamente tranquilo.

Tentei me mexer devagar, mas o movimento fez com que Levi apertasse o abraço, como se inconscientemente estivesse tentando me impedir de escapar.

O choque da situação me atingiu em cheio.

Como eu havia acabado ali?

Meu coração começou a bater mais rápido, e eu senti o calor subir ao meu rosto. Isso não podia ser normal.

Eu precisava sair dali, precisava... mas, ao mesmo tempo, parte de mim não queria se mover.

Era confortável, estranho, mas confortável.

O calor dele me envolvia de uma maneira que eu não sabia que precisava.

Enquanto eu permanecia ali, envolta nos braços de Levi, era impossível não me questionar como um ser com uma aparência tão serena e quase inocente podia ser o demônio que eu sabia que ele era.

Eu o observava com cuidado — os cachos sedosos, os lábios ligeiramente entreabertos, a expressão tranquila.

Aquele era o mesmo Levi que, algumas horas antes, havia feito o quarto inteiro se corromper com a sua fúria?

Minha mente vagou para lembranças distantes, para as descrições do Leviatã que eu conhecia de histórias e textos religiosos, especialmente da Bíblia.

O Leviatã era uma criatura de caos e destruição, um monstro marinho terrível, incontrolável, que trazia o medo a todos que ousassem atravessar seu caminho.

A descrição era tão vívida — um dragão-serpente colossal, envolto em poder bruto e indomável, cujas escamas eram impenetráveis, cujo rugido sacudia a terra e os mares.

Mas Levi... ele não era nada assim.

Olhei novamente para seu rosto, para o modo como ele me segurava com tanta facilidade e sem esforço, e uma onda de confusão me atingiu.

Eu deveria temê-lo — e em muitos momentos, eu temia — mas havia algo profundamente contraditório nele.

Ele não era apenas o monstro descrito nas escrituras sagradas. Não era apenas uma força de destruição.

Ele era... diferente.

Claro, Levi era poderoso, mas ele não era aquela criatura descontrolada, ininteligível, devoradora de mundos que a Bíblia pintava.

Ele era mais humano do que eu jamais admitiria.

Mesmo agora, enquanto dormia ao meu lado, havia uma vulnerabilidade ali, algo que eu não esperava de um ser demoníaco.

Como aquilo podia coexistir com a raiva e o poder que eu havia testemunhado? Como ele podia ser ambos?

Com o coração acelerado e a mente turvada, eu me desvencilhei dos braços de Levi com um movimento cuidadoso e rápido.

Arrastada para o Abismo - Infernalis ⅠOnde histórias criam vida. Descubra agora