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Não havia relva em Dragon stone. O calor dos vulcões e as cinzas deixavam a ilha sombria. Normalmente ela gostava daquele clima, mas não naquele dia.
Visenya subiu pela areia gelada, passou pelas pedras ouvindo o rugido dos dragões de longe, ela se recusava a chorar, podia se dizer que era porque estava com raiva demais para isso, ou talvez ela apenas se recusasse. Rhaenys não gostaria de ver ela se debulhando em lágrimas.
Aegon também não parecia inclinado as lágrimas. Sua expressão quase incógnita deixava os presentes ali nervosos. Visenya gostaria de dizer que chorou quando soube do ocorrido, mas ao invés disso, ela correu até Aegon, culpando-o por mandar Rhaenys sozinha para Dorne, culpando por enviar sua amada irmã para a morte. Assim que terminassem os ritos fúnebres Visenya montaria em Vhagar e transformaria em vidro as areias daquele lugar. Ela havia jurado.
Visenya assistia a pira acessa com ódio em seu semblante, enquanto a expressão de Aegon remetia a solidão, havia vingança em cada canto do rosto da Targaryen mais velha.
Ela foi a primeira a deixar o lugar, montando em seu dragão verde e seguindo para Kingsland, onde Aenys estava sozinho. Seu sobrinho era tudo que restava de Rhaenys, e mesmo tenho muitas coisas contra o garoto, ela cuidaria dele como seu.
Duas luas antes;
Visenya tinha acabado de sair da sala do pequeno conselho, frustrada pela reunião mal ocorrida, se questionando, por que caralhos Aegon era o rei.. Mas tudo isso se tornou um nada quando ela passou pelas portas de seus aposentos particulares. Bem ali, deitada em sua cama sem nenhum tecido cobrindo lhe a pele, sua amada Rhaenys se encontrava.
— achei que estivesse com Aegon está noite..
A mais velha disse enquanto se certificava de trancar a porta atrás de si.
— Aegon está chato, entediante.– Rhaenys respondeu revirando os olhos.— Toda essa história de herdeiro me deixa angustiada, e eu não queria ficar angustiada.
Visenya riu baixo, meio incrédula com as palavras da irmã.
— Então veio a mim porque eu sou divertida?
Visenya levantou as sobrancelhas levemente, o sarcasmo escorrendo de seus lábios.
— Vim por que você me satisfaz, e não fala sobre dar continuidade a linhagem.
Rhaenys sorriu, o cabelo longo prateado espalhando pelos travesseiro como um halo. A Targaryen mais nova era um deleite para os olhos, um pecado para os sentidos.
Visenya lançou um olhar compreensível para irmã.
—Nós lutamos muito para deixar esse legado morrer. Aegon só quer manter isso.— A Targaryen mais velha para próxima a cama, as mãos ágeis trabalhando para se desfazer da armadura, ainda sobre a pose de uma guerreira.
— Eu sei o que fizemos. O que estamos fazendo..– a mais nova suspira, se sentando sobre os joelhos afim de ajudar Visenya com o couro e aço valiriano que a cobria.— Ele deseja que eu vá para Dorne, que eu conquiste aquelas terras, mas não quero falar sobre isso agora, eu quero você.
— Rhaenys, minha querida... – ela suspirou, deixando que a mais nova desfizesse de suas vestes.— Ainda estamos lutando, sempre falaremos sobre isso..
— Só por está noite...– Rhaenys franziu os lábios. Aquilo de certa forma amoleceu a mais velha, que não tardou a embalar o rosto da outra com suas mãos calejadas pelas rédeas de Vhagar.
— Apenas por essa noite, Jorrāelza*.
( ... )
Quando Visenya soube que Rhaenys havia sido abatida, seu primeiro impulso foi culpar Aegon. Aos gritos por toda a ilha de Pedra do Dragão, depois subiu em Vhagar, e queimou palácios e palácios em Dorne. Ela estava muito mais do que furiosa, ou triste.
Visenya não falou com Aegon por três luas, eles saiam juntos, ela de Dragon Stone e ele de Kingsland, voavam até o deserto dornes, levavam fogo e sangue sem trocar uma palavra. A maioria dizia que a ira do dragão era a ira de Aegon, eles não sabiam o quão pior seria se Visenya tivesse assumido os ataques, a irmã mais velha tinha perdido muito, e sua sede por vingança era do tipo implacável.
Diferente do trajeto original, Aegon a seguiu com Balerion, até que ambos estivessem sobre as areias da praia nas terras vulcânicas dos Targaryens. Ela subiu em silêncio, Vhagar se afastou pela praia, indo em direção ao castelo. Seu irmão ao seu encalço.
— Volte para Kingsland!
O rei disse seriamente, ela ignorou.
— Isso é uma ordem do seu rei, irmão e marido!
Visenya se virou rapidamente, com a irmã sombria empunhada. Ele não teria chance se ela quisesse de fato atacá-lo. A lâmina valiriana estava tão próxima ao rosto dele que os olhos violetas refletiam no aço.
— Foi assim que a enviou para Toca Do Inferno? Com essas palavras?
— Visenya...
— Aqui está uma ordem de sua irmã mais velha, sua rainha, sua esposa; me deixe em paz.
— Também dói em mim, e em Aenys.
— Cale a boca!– ela cuspiu as palavras antes de embainhar a espada de volta, virando e deixando o para trás alguns passos.
— Virão atrás de você e eu não poderei protege-lá aqui.
— Não preciso de sua proteção!
Aegon estava irritado, machucado pela perda de Rhaenys, a rejeição e culpa que Visenya imprimia nele tornava tudo, muito pior.
— Visenya...
— Me chamar por meu nome não funciona.
— Jorrāelza...
Ela parou, ainda mais furiosa; a ultima vez que ouviu aquelas palavras foi de Rhaenys, sob ela em seus lençóis.
— Não me chama assim.
— Era assim que ela a chamava. Sempre falando sobre você, querendo ouvir músicas sobre suas conquistas.. Rhaenys amava você, muito mais do que eu poderia. Eu...Eu deveria ter ido a Toca do Inferno. Eu, não você, não Rhaenys...
— Não venha me falar que está mal.
— Eu não preciso. Você a amava tanto quanto eu, talvez até mais.
— Definitivamente mais..– Visenya emendou.
— Não posso continuar sozinho, e nem você.
Visenya parou, sentindo aquele bolo que subiu sua garganta no momento em que soube da noticia, mas naquele momento a dor foi diferente, não foi como darksister a cortando, ou como o fogo de dragão queimando sua carne, era mais fundo e definitivamente menos fisico.
— Aegon volte para Kingsland, precisam de você e Balerion lá. Eu permanecerei aqui, guardarei Dragonstone até o fim do meu luto.
Ela se postou a andar novamente, mais rápido que antes deixando o rei para trás...
