Margot Ciccarelli
O som do aparelho de pressão caindo ecoou pelo quarto, interrompendo o silêncio opressor. Kim Taehyung continuou a me olhar com aquele sorriso perturbador, seus olhos brilhando de malícia.
A história da gata de Kim Taehyung reverberava em minha mente, cada palavra dele cravando-se como um espinho. Como ele poderia saber? A conexão entre o sonho e o que ele acabara de contar era assustadora demais para ser coincidência. O fato de ele ter tocado exatamente o ponto em meu pescoço onde senti a dor no pesadelo só intensificava a sensação de terror.
Eu me afastei abruptamente, sentindo um calafrio percorrer minha espinha. O quarto parecia encolher ao meu redor, as paredes se fechando enquanto minha mente lutava para processar o que acabara de acontecer. O sorriso de Taehyung permanecia, como se ele estivesse saboreando meu medo.
- O que foi, Dra. Margot? - Ele perguntou, com uma voz quase zombeteira. - Você está com medo de mim?
Eu não conseguia responder imediatamente, ainda sentindo o toque frio de sua mão no meu pescoço. A sala parecia mais escura, como se a presença dele absorvesse toda a luz ao redor. Respirei fundo, tentando recuperar a compostura.
- Não... Não estou com medo - menti, com a voz trêmula. - Só fiquei surpresa.
- Surpresa? - Ele se inclinou para frente, os olhos fixos nos meus. - Você devia ser mais cuidadosa, Dra. Margot. O medo pode ser uma ferramenta poderosa... tanto para controlar quanto para ser controlado.
Enquanto ele falava, senti uma onda de pânico crescente, mas me obriguei a manter a calma. Sabia que ele estava tentando me intimidar, testar meus limites. Não podia deixar que ele percebesse o quanto estava afetando.
- Estou aqui para ajudá-lo, Kim Taehyung. - Consegui dizer, minha voz mais firme. - Vamos focar no seu tratamento.
Ele riu baixinho, um som sem humor que ressoou pelas paredes.
- Tratamento? Você acha que entende a mente humana, Dra. Margot? - Ele se levantou lentamente, a camisa de força caindo frouxa em seus ombros. - Há coisas que nem mesmo anos de estudo podem ensinar.
Recuei um passo, mantendo a mão pronta para acionar o alarme de emergência caso fosse necessário.
- Volte a se sentar, por favor - pedi, tentando manter o controle da situação.
Para minha surpresa, ele obedeceu, mas não sem antes lançar um último olhar provocador.
- Cuidado com o que você deseja, Dra. Margot. Às vezes, os monstros que tentamos entender são os mesmos que nos devoram.
Tentei não deixar suas palavras me abalarem enquanto terminava de medir seus batimentos. Quando finalizei, guardei rapidamente o equipamento e me preparei para sair do quarto.
- Vou deixar você descansar agora - disse, tentando soar profissional.
- Dra. Margot, não precisa se assustar tanto. - Ele inclinou a cabeça, seus olhos cravados em mim com uma intensidade perturbadora. - Às vezes, os sonhos são apenas reflexos da nossa própria mente, dos nossos próprios medos.
- Eu... eu preciso ir - consegui balbuciar, sentindo minha voz falhar.
Ele apenas assentiu, um leve sorriso ainda brincando em seus lábios. Finalmente, recobrei um pouco de controle sobre meu corpo e me forcei a sair do quarto, quase tropeçando ao atravessar a porta. Fechei-a com força, a batida ecoando pelo corredor vazio. Encostei-me contra a parede, o coração batendo descontroladamente, a respiração rápida e superficial.
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O Quarto 115 - Kim Taehyung.
Fanfiction[Não aceito adaptações/cópias dessa fanfic] [Plágio é crime] O trabalho de uma psiquiatra não é nada fácil, exige muito de si próprio, porém é uma das coisas que Margot faz muito bem. Se formou em psiquiatria à cinco anos e hoje com trinta e dois a...