1 - Um estômago vazio e uma provocação, o início de tudo.

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Ouço o insuportável som dos pombos que habitam logo acima do meu quarto, e posso ver pela minha janela enormes nuvens de chuva que vêm chegando.

Logo penso que eu deveria levantar para ir à faculdade junto de minha amiga Evangeline, porém meu corpo parece não responder, provavelmente devido à minha noite mal dormida. Tudo isso me deixa de mau-humor.

De repente, posso ouvir leves batidas na minha porta.

— Amélie querida, desça logo se não o café irá esfriar.

— Logo irei descer vovó, só um momento.

— Tudo bem, irei esperar você.

Uma coisa que realmente gosto, é a maneira amável como minha avó Lucinda me trata. Ela é uma senhora muito sábia e bondosa, ofereceu sua casa para que eu pudesse me hospedar e me fornece uma estadia perfeita do meu ponto de vista.

Mesmo que eu possua a maior idade, ainda não tenho dinheiro suficiente para uma casa ou apartamento, então eu sou muito grata a ela por tudo que faz por mim.

Neste momento em que desço as escadas, já posso sentir o aroma do café que exala por toda a casa e, sendo sincera, que cheiro magnífico. Aliás, a comida de minha avó é deliciosa, isso se não for a melhor do mundo.

— Meu Deus, esse bolo está ótimo, derrete na boca e o café amargo foi a combinação perfeita! — Disse sorrindo.

— Agradeço, fico muito alegre ao saber que você gostou, minha querida. — Ela sorri de maneira dócil.

— Vovó logo terei de ir, Eva chegará daqui a pouco.

— Espere, eu fiz uma coisinha para você e a Evangeline, aqui tome, bolo de cenoura para você e bolo de chocolate para ela.

— Muito obrigada, tchau, vovó!

— Tchau, vá com cuidado!

Agora que o meu dia ficará realmente agitado, Diariamente quando saio por aquela porta penso na mesma coisa “Será que vou me controlar?” E percebo que talvez não, pois novamente vejo Maicon, meu vizinho, vindo em minha direção com aquela expressão irritada dele de novo.

— Você ainda não foi embora daqui sua rata, eu te disse isso várias vezes!

— E várias vezes eu te pergunto o porquê? Eu não entendo.

— Porque você é feia e pobre.

— Ontem eu era chata, agora eu sou pobre e feia? Fala sério, esses seus argumentos não têm nenhum sentido.

— Meu pai disse para mim, você mora com sua vó porque não tem dinheiro!

— Para de encher meu saco seu pirralho, aposto que você nem trabalha para tá criticando os outros!

— Trabalho, sim, e com certeza ganho mais que você!

— Me deixe em paz moleque, vai fazer algo da sua vida!

—Amélie, vem logo, o carro não esperará mais tempo! — Eva Grita irritada.

— Já estou indo! — Corre apressadamente.

— Tchau, desempregada! — Ri enquanto fala.

—Cala à boca, Maicon!

Todos os dias, há uma semana, Maicon, o pestinha, nomeado carinhosamente por mim, vem ao meu encontro tirar minha paciência, já quase inexistente, e eu não faço a mínima ideia do porquê, apenas sei que com certeza a Eva vai me fazer relembrar o quanto posso ser imatura.

— Já falei para você não brigar com essa criança, Méli, por que insiste em perder o seu tempo?

— Ele já tem 16 anos, ele não é, mas uma criança!

Esperando ansiosamente, por amor. Onde histórias criam vida. Descubra agora