Two Problems | Zayn Malik

1. Two Problems

Um livro pendia de uma de suas mãos, a outra mão segurava a próxima pagina como se não pudesse esperar para ler a continuação, e é assim que Catherine se sentia, estava tão concentrada na leitura, por vezes perdia a noção do tempo ao se enfiar naquelas páginas, ler era sempre uma experiencia nova, um refugio, um lugar onde ela podia ser qualquer coisa, uma condessa, uma jovem cortejada na corte britânica, uma humana perdida no mundo élfico ou até mesmo uma assassina procurada no reino, era libertador, empolgante e encorajador, no fim todas essas mulheres conseguiam atingir seus objetivos, ela não seria diferente, sua força de vontade a levaria a qualquer lugar, ela só tinha que fazer o seu melhor. Finalmente Catherine fechou o livro e o apoiou na mesinha ao lado do sofá, e então ela viu a criaturinha que dormia a sua frente, entre alguns bichinhos de pelúcia e aninhada em um cobertor lilás, a cabeça virada levemente de lado e a respiração calma que só um bebê era capaz de realizar, os cabelinhos loiros estavam penteados a volta da cabeça redonda depois do banho que tinha lhe dado, o nariz arrebitado em conjunto com os cílios volumosos a faziam pensar que não poderia ter criado uma coisa mais bonita em toda a sua vida nem que tivesse feito uma estatua de mármore com as próprias mãos, com o talento do melhor artista, ela não teria superado, e o barulhinho que a boca da bebê produzia sob a chupeta enquanto dormia era como um calmante, ela amava com todas as suas forças aquele som, e amava com todas as forças aquela criança, ela não resistiu ao ímpeto e deixou um beijinho casto na testa de sua filha.

Sua filha.

Catherine mal podia acreditar, sua filha era a maior preciosidade da sua vida agora, era o que a mantinha firme, o que a fazia seguir em frente, ela podia superar qualquer obstáculo, desde que sua filha ficasse bem, e depois que aquela luz se instalou em sua vida nada mais importava, a dor no seu coração deixou de queimar tão forte, era como um curativo tão forte e a prova de balas, ela não estava curada, a dor estava lá, mas estava remendada o suficiente para seguir em frente.

Antes que sua filha nascesse, por vezes Catherine imaginou que seria pior, que quando visse aquele rosto, que a lembraria o tempo todo do que ela tanto tentava deixar para trás, que a lembraria dele, ela não estava errada, sua filha se parecia com ele, se parecia muito, mas Catherine não se sentiu mal por isso, era estranho, reconfortante até, ela sentia como se sempre tivesse um pedaço dele ali com ela, seu Zayn estava ali, nos olhos daquela bebê, no amor com que ela sorria para sua mãe, ela não estava sozinha, não estaria nunca mais.

Se passaram dez meses desde que Catherine decidiu tomar a decisão de se mudar de Londres, a cidade que ela amava tanto, onde ela cresceu e fez amizades que ela tanto considerava, viveu seu melhor, se divertiu, e conheceu seu grande amor, incomparável, perfeito, ela nunca encontraria alguém como ele novamente, sabia disso, eles eram tão jovens, mas fizeram coisas tão boas, ele a conhecia como ninguém, de corpo e alma, e mesmo que não estivessem juntos mais, uma parte do seu ser sabia que seria sempre dele, quisesse Catherine ou não.

Mas ela não podia mais estar com ele, e foi o motivo porque partiu, eles tinham passado por muita coisa juntos, superaram coisas muito ruins, mas eram só os dois, e ela não ligaria de arriscar sua vida de novo se fosse para estar em seus braços, mas não era mais só os dois, ela tinha coisa muito mais importante para se preocupar agora e essa coisa tinha nome e sobrenome, Maya Christine Malik, sua filha que agora completava dois meses de vida, e por mais que doesse em seu peito ter que abandoná-lo, ela o fez, ela partiu o coração do homem que amava e ele nunca a perdoaria por isso, mas que Catherine queimasse no fogo do inferno antes de deixar qualquer coisa acontecer com sua pequena.

Desde que entrou naquele avião e se despediu de seus amigos e de Zayn, uma parte dela mesma ficou para trás em Londres, ela foi forte o suficiente para aguentar o choro e chegar ao seu quarto de hotel antes de desabar e chorar tudo o que podia, uma semana inteira seus olhos mal tiveram descanso, ela se lembrava perfeitamente da sensação do seu coração se quebrando em pequenos pedaços, se estilhaçando, os soluços escapavam da garganta fáceis como um conforto e quando finalmente seus olhos secaram e ela conseguiu começar a se reerguer ela percebeu que estava sozinha em outro continente, completamente sozinha a não ser por aquela pequena coisinha crescendo em sua barriga.