Maryanne Samp

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É engraçado dizer isso, mas, ler em uma carta "vou pedir-lhe em casamento" é um tanto, surpreendente não? 

Tristan deveria parar de fazer isto, ele é um tanto dramático e extraordinariamente sem limites, quem envia cartas nesses tempos?

Tristan deveria parar de fazer isto, ele é um tanto dramático e extraordinariamente sem limites, quem envia cartas nesses tempos? Ele é uma comédia, irei logo ligar para ele, ele com toda certeza está a caminho de minha casa já.

 - Alô?- a voz de Tristão sai abafada, tenho quase certeza que o mesmo está terminando de sair do banho e se trocando neste exato momento, com um movimento e um suspirar o respondo.

 -Tristan...-reviro os olhos- que tipo de loucura está buscando agora Tristan? Sabe oque papai irá fazer quando falar que quer pedir minha mão seu maluco?

-Maryanne... Estou fazendo isto por nós dois! E também quero que me perdoe pelo oque eu fiz! Eu agi sem pensar eu sinto muito! Vou consertar tudo colocando uma aliança em seu dedo!

-Tristan, pare de delírios ninguém vai vir pedir minha mão ou seja lá oque você queira, e agora meu pai não está em casa, então nem ouse ultrapassar a cerca. 

-Mas querida Mary... Eu queria tanto te ver...- ouço a voz dele sair chorosa, como se ele conseguisse algo tentando agir como um bebê.

-Desisto, só não venha aqui em casa hoje querido Tristan, então por favor pare de fingir choro- falo me deitando a cama e abraçando meu travesseiro com força enquanto o esperava responder.

-... Ok Mary, mas ainda irei pedir sua mão- como eu pensei, ele só estava fingindo chorar, de novo.

-Vá dormir seu bebê chorão- falo soltando uma risadinha enquanto ouço ele limpar as supostas "lágrimas" que ele tinha derramado.

- Você é mal botão- ouço a velha cama dele ranger enquanto ele se deita nela, ela era tão barulhenta quanto gatos brigando por uma fêmea em cio.

-Boa noite Tristan- solto uma risadinha ande desligar o telefone e o deixar jogado em algum canto da cômoda ao lado de minha cama.

Ouço uma movimentação no assoalho, papai deve ter chegado, Rose deve ter chegado com ele também. Rose é minha irmã mais nova, ela é 4 anos mais nova que eu, me espreguiço e levanto de minha cama, olho para aquela carta ridiculamente fofa de Tristan e a fecho guardando em uma pequena caixa e logo em seguida escondendo dentro de meu armário, não era a primeira vez que Tristan me envia uma carta, ele gosta de mandar cartas para mim, ele realmente é uma peça.

 Rose entra correndo em meu quarto e pula me dando um grande abraço me fazendo cair no chão, ela também é uma peça, mesmo tendo 12 anos ela age infantilmente o tempo todo.

-Mary! Minha querida Mary!- Ela pegou o péssimo hábito de Tristan, ela se acostumou a me chamar de querida Mary também.

-Rose! Minha queria Rose!- Era como um código em que dizíamos "minha irmã como está? Estou bem minha irmãzinha", era basicamente este nosso modo de se cumprimentar.

-Papai e eu trouxemos torta de limão, eu mesma escolhi para você minha querida irmã- ela fala com aquele sorriso iluminado, e então sorrio junto dela

-É mesmo? Vamos comer então! Rápido rápido!

Desço as escadas correndo e pulo em cima de meu pai que quase cai mas retribui soltando uma das grandes risadas dele, beijo sua bochecha e desço do seu colo animada.

-Como foi o trabalho pai?- pergunto enquanto ele tira os sapatos 

-Cansativo Mary, mas vou recuperar minhas forças comendo um grande pedaço de torta de limão, oque acha?- rio quando ele fala isso mas logo sou interrompida por uma voz um tanto, conhecida.

-Jourl, sabe que não pode comer muito doce- Senhora Everly.

-... Boa... Boa noite senhora Everly- papai e ela estão tendo um caso ele pede para que ainda não fale isso para Rose, particularmente, eu a considero uma invasora.

- Boa noite, Maryanne- ela é a única que me chama pelo nome completo, um tanto desnecessário eu acho, ela sabe muito bem que não aceito ela.

-Então pai... O departamento de desaparecimentos ligou e-

-Mary...- a voz dele fica grave e séria enquanto ele olha para mim- oque eu falei sobre isso...

-Mas pai...- tento retrucar e então a senhora Everly se intromete.

-Maryanne, não contrarie seu pai, é uma falta de respeito- por dentro sinto uma imensa vontade de a mandar para os ares mas me contenho, afinal, ela é uma senhora muito religiosa, e acredita ainda que mulheres devem ser submissas aos homens e nunca devem os contrariar, fico surpresa do fato dela ainda estar aqui só por este motivo.

-... Me desculpe... pai...- Olho para a Everly e então dou as costas indo direto para cozinha.

Porque o departamento de desaparecimento nos ligou? Bem simples, minha mãe, que ainda está viva, está desaparecida já faz 3 anos. Meu pai desistiu de procurar ela depois do primeiro ano, minha irmã, está perdendo as esperanças, mas eu, eu ainda tenho certeza, de que vão achar ela, eu não consigo acreditar que ela está morta, mamãe é uma mulher forte, nunca se deixaria morrer, ela está esperando, está esperando que a encontremos, de repente perdida em outro país, ou na floresta, mas ela está viva.

Não vou parar até encontrar minha mãe, não vou.

Me sento na mesa e Rose já estava sentada nos esperando também, papai e Everly se sentam também e Everly pede pela mão de papai e de Rose, era óbvio que ela iria rezar, apenas seguro na mão de Rose e do meu pai e espero ela terminar seu discurso de adoração, não é como se eu não acreditasse em Deus, eu só ainda, estou confusa demais para dizer que confio plenamente nele.

Terminamos nossa oração e papai serve Rose e a mim e depois serve Everly, comemos, a torta está com um gosto bom, mas sinto que Everly e papai estão estranhos, então olho para ambos os dois e eles estavam olhando um para o outro até que de repente eles se viram para mim e minha irmã.

-Eu e seu pai temos uma coisa para contar meninas- Everly fala com um sorriso singelo e estranhamente vitorioso.

-Oque foi pai?- Rose olha para ele curiosa e então ele diz a frase que tanto passei a odiar pelo resto dessa minha vida.

-Everly e eu, vamos casar.


Nota do autor

Nada interessante por enquanto não é? Por enquanto não tenho certeza se poderei escrever todos os dias ao longo da semana, mas, darei o meu melhor, eu acho.

Muito "dia bom"

Meu delírioWhere stories live. Discover now